25.6.17

O sensacionalismo e falta de ética dos Meios de Comunicação Social – Incêndios de Pedrogão Grande




No fim de semana passado, mais precisamente após o Sábado passado, dia 17 de Junho de 2017, Portugal foi novamente “tema de notícia” em muitas partes do mundo, desta vez e infelizmente por um motivo trágico: os incêndios na zona de Pedrogão Grande, que fica no Distrito de Leiria e mais precisamente, adjacente ao Distrito onde eu resido, o Distrito de Castelo Branco.
E claro, foi com muita tristeza e consternação que acompanhei os eventos e toda a tragédia em torno destes incêndios na região de Pedrogão Grande, onde pelo menos 64 pessoas perderam as suas vidas, incêndios estes que aparentemente foram hoje no dia 24 de Junho de 2017, finalmente extintos, ou seja uma semana depois do início dos mesmos (isto só por si, indica claramente as dimensões do que se passou).
No entanto, o motivo deste meu artigo ainda que relacionado com esta tragédia, é centrado na falta de ética e sensacionalismo que afeta, tal como uma “praga”, os Meios de Comunicação Social no chamado “Mundo Ocidental”, incluindo Portugal e o Brasil. No fundo, vou usar um exemplo de demonstra esta mesma falta de ética por parte dos Meios de Comunicação Social (neste caso Portugueses).
Na passada Segunda-feira, dia 19 de Junho de 2017, foi “noticiado” por todos os principais Meios de Comunicação Social Portugueses, que durante o combate aos incêndios de Pedrogão Grande, um avião de combate a incêndios, um Canadair – um avião anfíbio de combate a incêndios desenvolvido e fabricado no Canadá – caiu/despenhou-se, uma notícia que mais tarde foi comprovada, como sendo totalmente falsa!
Inclusivé, houve um Meio de Comunicação Social que é conhecido por ser extremamente sensacionalista, o Correio da Manhã, que teve (o desplante) de noticiar que o Canadair era Espanhol e que o piloto que “morreu” era Inglês, o que não deixa de ser um pouco estranho ou até mesmo caricato, uma vez que o avião Canadair tem dois tripulantes (piloto e co-piloto) e não apenas “um piloto”. No entanto, a realidade é que os outros Meios de Comunicação Social também não estiveram melhor.
Claro que este e os outros Meios de Comunicação Social apressaram-se a remover esta “notícia” das suas páginas Web, o mais rapidamente possível. No entanto na era da Internet, todas estas “notícias falsas” deixam sempre “rasto”, como pode ser comprovado ao fazer uma simples pesquisa no Google, como por exemplo: “correio da manhã noticia queda de avião no combate a incendio com piloto inglês morto” e que pode ser visualizada na imagem abaixo.








Pois bem, como é sabido, esta notícia foi posteriormente desmentida pelas entidades oficiais e autoridades, nomeadamente pela Proteção Civil e logo de seguida por elementos do governo.
Considero ser simplesmente vergonhoso, que qualquer Meio de Comunicação Social, nomeadamente os “principais”, possam transmitir notícias desta natureza sem uma confirmação fidedigna! Mais ainda, em vez de admitirem o erro, os vários elementos da comunicação social, nomeadamente um outro Meio de Comunicação Social, um dos “maiores” aqui em Portugal e que penso ser também conhecido no Brasil, a SIC, afirmou que as autoridades é que foram as culpadas pela “perpetuação desta notícia”, “noticia” esta que o próprio Meio de Comunicação Social (SIC) admitiu ter tido origem em rumores que os seus jornalistas ouviram nos “corredores” das instalações onde a Proteção Civil está a operar e que as mesmas autoridades não foram céleres no desmentido desta noticia falsa, isto como se as mesmas autoridades não tivessem mais do que fazer (tal como combater os próprios incêndios!) do que desmentir noticias falsas que a própria comunicação social não teve o cuidado de confirmar em primeiro lugar!
O que se passou, confirmado pela própria Proteção Civil foi que um atrelado, aparentemente abandonado, tinha uma botija de gás (ou várias), que explodiu quando o incêndio chegou ao atrelado, o que provocou uma explosão. Provavelmente na mesma altura estava a passar um avião Canadair nas imediações e alguém deve ter associado a explosão com a eventual queda do avião e comunicado isto mesmo às autoridades, que obviamente foram investigar o sucedido. Os jornalistas que já estavam (desde o inicio dos incêndios) nas imediações das instalações da Proteção Civil, devem ter dado conta do sucedido e foram logo reportar a “notícia bombástica” na televisão, sem primeiro verificar se a “notícia” era ou não fidedigna.
Por isso deixo aqui um “apelo” aos Srs. responsáveis pelos Meios de Comunicação Social Portugueses e não só:
- Confirmem primeiro as vossas notícias e depois deixem-se de guerras de audiência para ver quem dá primeiro a maior desgraça! Infelizmente, existem muitas desgraças no mundo para poderem noticiar (tal como os incêndios de Pedrogão Grande), por isso não precisam de inventar mais do que as muitas desgraças que já existem e que acontecem quase diariamente no mundo! porventura o “mais nojento” deles todos, o qual não vou mencionar o nome, mas que começa por Correio a acaba em Manhã, que teve o desplante de noticiar que o Canadair era Espanhol e que o piloto que “morreu” era Inglês – Este meio de comunicação social além de nojento e desprovido de qualquer sentido de “ética”, é BURRO, uma vez que um Canadair tem dois tripulantes (piloto e co-piloto) e não apenas “um piloto”. Os outros meios de comunicação social também não estiveram “melhor”.






Texto: Ricardo Nunes
Fotos: WEB
WebMaster: Paulo Medeiros

Uma nova etapa

Estavámos há bastante tempo sem publicações.

Isto ocorreu porque como sempre apresentei no preâmbulo de nosso blog, a concepção do mesmo baseava-se nas ópticas distintas de seus dois idealizadores.
Com o passar dos anos eu e o Marques Pereira, cada um de seu lado do atlântico, regularmente publicávamos nossos ponto de vista, diante de uma imaginaria Lusitânia.

Os anos passaram e a harmonia de ideias se diversificaram  e  mudaram bastante. Mudaram  tanto que culminou com a rutura e saída unilateral do Marques Pereira,

A partir dai, as publicações  tiveram de ser suspensas, porque se eram duas opticas, não tinha cabimento manter uma óptica só.

Finalmente, passado quase dois anos , lhes apresento o novo colaborador do nosso Lusitânia Perdida, trata-se  de Ricardo Nunes, um amigo de longas datas e que reside em Castelo Branco.,cidade que considero uma das mais belas de Portugal.

Ao Marques Pereira meus agradecimentos pelos anos de colaboração,

Ao Ricardo, meus agradecimentos por aceitar o convite, e fico desejoso que nossos adeptos retornem a nos acompanhar novamente e com a mesma intensidade.


Texto:Paulo Medeiros












21.12.15

Vinho Medeiros (Vinho do parreiral da Quinta das Reboredas)




Nota da redação:
 Há anos que mantemos o Lusitânia Perdida, Entretanto neste ano de 2015, enfrentei dificuldades, principalmente com a parceria do Marques Pereira, que por motivos pessoais teve de afastar-se daquilo que ele mesmo ajudou a construir. Com isto tive de assumir os destinos do nosso blog , mas antes tive de dar um tempo naquilo que disponibilizávamos ao nosso leitor, e rever nosso conteúdo, realizando uma verdadeira autocritica. Assim, quero justificar-me aos nossos leitores com as falhas  e a ausência  cometida. Quero me comprometer a manter atualizado tudo que postarmos e procurar manter viva  a concepção da nossa Lusitânia Perdida.

Neste clima natalino, republico um texto que sintetiza esse espirito descrito acima.

O texto é de julho de 2011

Espero que gostem!



Em Portugal, esta foto significaria ser apenas mais uma de tantos parreirais que lá existem.

Na verdade é uma imagem capturada lá no Alentejo, próximo a fronteira numa região singular ao redor de Elvas. Um pequeno parreiral de uvas regionais , como Trincadeira, Aragonês, Cabernet Sauvignon, e um pouco de Syrah. Enfim, os componentes para fazer um vinho caseiro de boa qualidade, com as características que só o Alentejo tem.

Vemos um solo rochoso, mas bem tratado, que fornece um fruto incomparável, e não é a toa que na região se produz um dos melhores vinhos de Portugal.

Neste momento que estou a escrever , degusto o primeiro vinho desta quinta, e a foto nada mais são do que as parreiras da segunda safra a ser concebida este ano. O que degusto , é um vinho encorpado e frutado, e como o mesmo foi experimental apesar de muito bom ainda não pode ser chamado de oficial. Foi elaborado com a experiência do Sr. Leonel Nascimento , lá da Terrugem e do nosso amigo Juvenal Nunes(JUKA) de Castelo Branco com a colaboração do Sr. Eiras.(também de Elvas) sob a coordenação do Roberto Medeiros(meu irmão)

Mas por que falar tanta coisa, e de um modesto vinho caseiro. Este vinho simboliza concretização de um projeto em vida e do êxito , e que não foi aventura , mas que foi materializado naquilo que chamamos de caminho contrário as caravelas e que representa o mesmo caminho que começou com ancestrais nossos que um dia partiram do Alto do Minho e Açores e com muito orgulho conclui-se agora através do Roberto Medeiros, e no Alentejo.

Quem viveu os dois lados do oceano, não consegue mais viver de um lado só. Quero ter sempre a mesma alegria de beber uma cervejinha numa praia nordestina e sentir-me exatamente igual ao beber uma caneca de vinho numa tasca Alentejana.

Quem sabe no Natal possamos eu e o Marques Pereira brindar este vinho, em mais este verdadeiro traço de união entre Brasil e Portugal.

E, lógico, extensivo a todos os nossos leitores.



 Texto e nota da redação:Paulo Medeiros
Foto: Roberto Medeiros
Webmaster: Paulo Medeiros

Um santo Natal aos nossos estimados leitores.

21.5.15

De uma só vez a polícia agrediu três gerações





Temos por hábito dizer que nada nos espanta ou surpreende. Então depois de um porco a andar de bicicleta! Nada mais errado. Eu também pensava assim.

Infelizmente, a violência, tem ocorrido em manifestações desportivas e têm merecido, da minha parte, condenação e repúdio total nas páginas deste Diário. Numa democracia a segurança dos cidadãos é o valor prioritário do estado de direito. Muitas queixas de violência policial surgem relatadas nos jornais. Difícil ter um juízo sobre a ocorrência. Se, eventualmente, acontece, não vemos ou desconhecemos as circunstâncias. Mas, aqui, eu vi e os portugueses viram. No final do jogo, do título, em Guimarães, a brutalidade policial perpetuada por um agente de autoridade protegido por outros 6, armados até aos dentes, de bastões, pistolas e capacetes, contra um homem que tinha como escudo de protecção os seus dois filhos, uma criança bebendo água e um adolescente, e seu pai já idoso. Não satisfeito toca a esmurrar o “velho”. De uma só vez a polícia cobardemente agride três gerações. Avô, pai e neto. Não quero saber das razões. Nada justifica tamanha barbaridade.

Acredito que todos os seus colegas agentes deste país, por mais corporativistas, não se revêm e se sentem envergonhados. Se assim não for, sinto-me assustado. Eu sou “velho”, tenho filhos e netos. Como diz o poeta “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”. Na escola, perante uma traquinice, professor que ouse levantar a voz ou imaginar tocar ao de leve na orelhinha de um aluno, perante a participação dos pais, apressa-se o Estado a punir o docente pelos traumas psicológicos causados numa criança em crescimento. E aquela criança assustada? O estado não a defende? Que imagem ficará da polícia? Comparando factos, as imagens, condenáveis, que nos intoxicaram na TV sobre violência entre adolescentes na Figueira da Foz, são carícias. Violência gera violência. As autoridades na sua formação profissional  estudam estes fenómenos. Como podem exigir tolerância e respeito com posturas condenáveis? Colocam-se a jeito.


As cenas de violência no Marquês não terão a ver com isto? Já há inquérito. Sempre houve. Mas imaginamos o seu desfecho. Pelo menos na justiça desportiva há consequências, embora possamos questionar, com legitimidade, a justeza das penas aplicadas. Assistimos, diariamente, comentadores políticos, que perante indícios comportamentais duvidosos de políticos, chegam, por vezes de forma ridícula, a pedir consequências, exigindo demissão dos cargos. Em minha opinião, o que se passou em Guimarães, não se resolve apenas com a punição dos agentes prevaricadores, transferindo-os para uma qualquer secretaria de um comando de polícia deste país. O que está em causa não é apenas o polícia, mas a segurança dos cidadãos. Aqui, sim, perante esta vergonha nacional, há razões legítimas para exigir a demissão da Ministra da tutela.



Texto: Prof. Franscisco Costa. Transcrito da coluna opinião do Diário de Noticias - Madeira
Foto: Web
Webmaster: Paulo Medeiros

25.4.15

25 de Abril de 2015




Há 41 anos , Portugal mudava drasticamente seu destino. A Revolução dos Cravos , vencia e o povo nas ruas comemorava o que chamavam de novos tempos.

Liberdade, esta era  a palavra de ordem. Era o fim de um ciclo, era o fim do outrora Portugal ultramarino. Era fim do que chamavam de período ditatorial.

Passado este tempo, conclamo o leitor  a refletir com tudo que se passou e o que  a sociedade portuguesa tem vivido e alcançado nos dias atuais. Será que se tem mesmo  muito o que se comemorar. O que  mudou , mudou tanto assim na pratica.

A imersão européia, trouxe tantos avanços assim?  Sei que há mais estradas, mais desenvolvimento tecnológico, mais escolas e as fronteiras todas abertas , Tudo que tinha  lá  no norte rico europeu , chegou também a Lisboa. 

Junto a tudo isto, chegou também o desemprego, a violência, os roubos a degradação e muitas mazelas. Será que os pobres estão mais ricos?

Hoje á moeda é o Euro, mas muitos já não a querem. A migração  já faz tempo que voltou e os mais jovens já não têm mais tantas opções.

Na verdade o outrora rico Portugal, tem que juntar dinheiro para pagar empréstimos feitos ao FMI. Assim, o que antes se impunha por respeito, hoje quase não causa medo.

Assim se segue nestes novos tempos.

Será que se tem mesmo o que comemorar?




Texto de Paulo Medeiros
Foto :Web

6.4.15

Contra factos não há argumentos



Dilma, despenca no Nordeste brasileiro

O declínio da popularidade de Dilma também se verifica no Nordeste, onde obteve expressiva vitória em sua reeleição. Agora, 65,9% dos nordestinos desaprovam o seu governo, contra 27,2% que aprovam. É o que constata levantamento nacional realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, que entrevistou 2.022 eleitores em 152 municípios de 26 estados e no DF. Nas demais regiões, a situação de Dilma é ainda pior.

Rejeição a Dilma no sul do Brasil é de 84,5%

Segundo a pesquisa, realizada entre os dias 26 e 31 últimos, 84,5% da população da região Sul desaprova Dilma. Só 13,2% a aprovam.


Desaprovação se alastrou

A desaprovação de Dilma é também recorde nas regiões Norte e Centro-Oeste (77,9%) e no Sudeste (74,2%).

Dilma e Lula sabiam

O Instituto Paraná Pesquisas apurou que para a maioria (78,3%), Lula e Dilma tinham conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras.

Pernas curtas

Outro dado importante da pesquisa é que para 79% Dilma mentiu, durante a campanha eleitoral, sobre a situação econômica do País.



Caiu a farsa , o povo descobriu. Se no Brasil o sistema de governo fosse Parlamentarista, já estaríamos livres ....





Texto: Equipe lusitânia Perdida
Foto; Web

22.3.15

Ligações perigosas



A publicação de hoje explica as perigosas ligações entre a esquerda sul americana e o Irã( Irão). A Venezuela encontra-se mergulhada na pior crise de sua historia, e o local por ser o destino de muitos Madeirenses que para la foram  um dia tentar vida melhor, demonstra como a esquerda sul americana é danosa  a população que  um dia sonhou ter uma sociedade melhor.

Mais uma vez apresento ao nosso leitor um texto do Jornalista Leonardo Coutinho , da Revista Veja.

Apreciem!



Há dois meses os argentinos se perguntam o que se passou em 18 de janeiro, dia em que o procurador federal Alberto Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento em Buenos Aires. Apenas quatro dias antes, ele havia apresentado à Justiça uma denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e outras quatro pessoas acusadas por ele de acobertar a participação do Irã no atentado terrorista que resultou em 85 mortos e 300 feridos na sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. No documento, Nisman explica que, além da assinatura de um Memorando de Entendimento que permitiria ao Irã interferir na investigação do caso, a república islâmica queria que a Argentina tirasse cinco iranianos e um libanês da lista de procurados da Interpol. O governo argentino tentou de todas as maneiras desqualificar o seu trabalho. Há três semanas, um juiz recusou formalmente a denúncia feita por Nisman, que havia sido reapresentada por um novo procurador. Sem se preocupar em esconder seu alinhamento político com o governo, o juiz aproveitou o despacho em que recusa a denúncia de Nisman para elogiar a presidente e sua administração.
Tudo indicava que o crime do qual Cristina e outros membros de seu governo foram acusados por Nisman se tornaria mais um dos tantos episódios misteriosos da história recente da Argentina. Um acordo entre países, porém, ainda que feito nas sombras, deixa rastros. Desde 2012, doze altos funcionários do governo chavista buscaram asilo nos Estados Unidos, onde estão colaborando com as autoridades em investigações sobre a participação do governo de Caracas no tráfico internacional de drogas e no apoio ao terrorismo. VEJA conversou, em separado, com três dos doze chavistas exilados nos Estados Unidos. Para evitar retaliações a seus parentes na Venezuela, eles pediram que sua identidade não fosse revelada nesta reportagem. Todos fizeram parte do gabinete de Chávez. Depois da morte do coronel, em 2013, compartilharam o poder com Maduro, com quem romperam depois de alguns meses. Os ex-integrantes da cúpula do governo bolivariano contam que estavam presentes quando os governantes do Irã e da Venezuela discutiram, em Caracas, o acordo que o procurador Nisman denunciou em Buenos Aires. Segundo eles, os representantes do governo argentino receberam grandes quantidades de dólares em espécie. Em troca do dinheiro, dizem os chavistas dissidentes, o Irã pediu que a autoria do atentado fosse acobertada. Os argentinos deviam também compartilhar com os iranianos sua longa experiência em reatores nucleares de água pesada, um sistema antiquado, caro e complexo, mas que permite a obtenção de plutônio a partir do urânio natural. Esse atalho é de grande proveito para um país interessado em construir bombas atômicas sem a necessidade de enriquecer o urânio e, assim, chamar a atenção das autoridades internacionais de vigilância.
Na manhã de 13 de janeiro de 2007, um sábado, contam os chavistas, o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, desembarcou na capital da Venezuela para sua segunda visita ao país. Cumpridos os ritos protocolares, Chávez recebeu Ahmadinejad para uma reunião no Palácio de Miraflores, acompanhada apenas pelos guarda-costas de ambos, pelo intérprete e por membros do primeiro escalão do governo venezuelano. O encontro aconteceu por volta do meio-dia, pouco antes do almoço. A conversa durou cerca de quinze minutos. Falaram sobre os acordos bilaterais, os investimentos no setor de petróleo e o intercâmbio de estudantes. Foi então que Ahmadinejad disse a Chávez que precisava de um favor. Um militar que testemunhou a reunião relatou a VEJA o diálogo que se seguiu:
Ahmadinejad - É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossível avançar em nosso programa.
Chávez - Muito rapidamente. Farei isso, companheiro.
Ahmadinejad - Não se preocupe com os custos envolvidos nessa operação. O Irã respaldará com todo o dinheiro necessário para convencer os argentinos. Tem outra questão. Preciso que você desmotive a Argentina a continuar insistindo com a Interpol para que prenda autoridades de meu país.
Chávez - Eu me encarregarei pessoalmente disso.
Os presidentes se levantaram e foram almoçar. Depois disso, voltaram para uma nova reunião. Desta vez, apenas com a presença do intérprete iraniano. Os chavistas asilados em Washington disseram a VEJA ter tido participação direta nas providências tomadas por Chávez para atender ao pedido de Ahmadinejad. Os dois governantes viram na compra de títulos da dívida argentina pela Venezuela, que já vinha ocorrendo desde 2005, uma oportunidade para atrair a Argentina para um acordo. Em 2007, o Tesouro venezuelano comprou 1,8 bilhão de dólares em títulos da dívida argentina. No fim de 2008, a Venezuela estava de posse de 6 bilhões de dólares em papéis da dívida soberana argentina. Para a Argentina o negócio foi formidável, dado que a permanente ameaça de moratória espantava os investidores. Os Kirchner, Néstor e Cristina, fizeram diversos agradecimentos públicos a Chávez pela operação financeira.
Menos refinada e mais problemática foi a transferência direta de dinheiro de Caracas para Buenos Aires. Em agosto de 2007, Guido Antonini Wilson, um empresário venezuelano radicado nos Estados Unidos, foi flagrado pela aduana argentina tentando entrar no país com uma maleta com 800 000 dólares. Ele afirmou, depois, que o dinheiro se destinava à campanha de Cristina Kirchner, que dois meses depois viria a ser eleita presidente da Argentina, sucedendo a seu marido, Néstor. Coincidentemente, Chávez tinha uma visita oficial à capital argentina agendada para dois dias depois da prisão de Antonini. Um dos ex-integrantes do governo chavista ouvidos por VEJA estava com Chávez quando ele foi avisado da prisão por Rafael Ramírez, então presidente da PDVSA, a estatal de petróleo, e hoje embaixador da Venezuela na ONU. Chávez reagiu com um palavrão e perguntou quem tinha sido o "idiota" que coordenou a operação. "A verba era originária do Irã para a campanha de Cristina Kirchner", diz a testemunha da cena. Ele completa: "Não posso afirmar que ela sabia que o dinheiro era iraniano, mas é certo que tinha consciência de que vinha de uma fonte clandestina".
Antonini foi solto em seguida e, de volta aos Estados Unidos, procurou o FBI, a polícia federal americana, para explicar-se sobre o episódio da mala. O serviço de inteligência chavista tentou dissuadir Antonini de sua intenção. A operação está descrita no livro Chavistas en el Imperio, do jornalista cubano­-americano Casto Ocando, com base nos autos do FBI sobre Antonini. Segundo Ocando, os agentes de Henry Rangel Silva, chefe do serviço de inteligência, ofereceram advogados a Antonini e, após a recusa, ameaçaram o empresário e seu filho de morte. As conversas com os advogados pagos pelos venezuelanos foram gravadas pelo FBI. Em uma delas, do dia 7 de setembro de 2007, eles dizem que Caracas estava disposta a pagar 2 milhões de dólares pelo silêncio de Antonini. Os espiões foram presos e acusados de conspiração. Em seu livro, Ocando acerta ao concluir que Chávez estava disposto a tudo para encobrir a origem do dinheiro, inclusive assumir a culpa pela remessa, atribuindo-a à PDVSA. O que Ocando não sabia, e agora se sabe, é que os recursos vinham do Irã.
O dinheiro fazia escala na Venezuela da mesma forma que era enviado à Argentina: em malas. Na reunião em que Ahmadinejad pediu a Chávez que atraísse a Argentina para um acordo, os dois presidentes também decidiram criar um voo na rota Caracas, Damasco e Teerã, que depois veio a ser apelidado pela cúpula chavista de "aeroterror". Entre março de 2007 e setembro de 2010, um Airbus A340 fazia esse percurso duas vezes por mês. Segundo os chavistas ouvidos por VEJA, quando partia de Caracas, a aeronave ia carregada de cocaína. Também eram transportados documentos e equipamentos, sobre os quais os ex-funcionários chavistas não conhecem detalhes. A droga era descarregada na capital da Síria, de onde era redistribuída pelo Hezbollah, um grupo terrorista do Líbano. Desde 2012, quando os primeiros chavistas começaram a se exilar nos Estados Unidos, as autoridades americanas sabem que o narcotráfico suplantou o Irã como principal fonte de financiamento do Hezbollah. Na volta, o Airbus trazia dinheiro vivo e terroristas procurados internacionalmente.
Um dos principais operadores dos voos Caracas-Teerã era o ministro do Interior da Venezuela Tareck El Aissami, hoje governador do Estado de Aragua. A Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) colheu diversos depoimentos que apontam o político como o elo entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Hezbollah. El Aissami tinha como preposto o libanês Ghazi Nasr al-Din, então adido comercial da Embaixada da Venezuela em Damasco. Al-Din, que no fim de janeiro entrou na lista dos mais procurados do FBI, tinha como missão produzir e distribuir passaportes venezuelanos para ocultar a verdadeira identidade dos terroristas que viajavam pelo mundo. Entre os acobertados por ele está o clérigo Mohsen Rabbani, citado por Nisman como executor do atentado à Amia. Foi usando um passaporte concedido por Al-Din que Rabbani visitou secretamente o Brasil pelo menos três vezes. Mesmo com o fim do "aeroterror", em 2010, a Venezuela continuou fornecendo documentos para acobertar terroristas. Segundo um dos chavistas exilados, em maio de 2013, o governo de Caracas dava guarida a pelo menos 35 integrantes do grupo Hezbollah.
Os chavistas entrevistados para esta reportagem não sabem se os iranianos foram bem-sucedidos em obter as informações sobre o programa nuclear argentino que Ahmadinejad tanto queria. Apesar de eles terem pertencido ao círculo mais próximo do presidente, as discussões sobre esse tema estavam reservadas aos ministros da Defesa da Venezuela e do Irã. Do lado argentino, a interlocutora era a ministra da Defesa Nilda Garré, atualmente embaixadora de seu país na Organização dos Estados Americanos (OEA). Garré é uma e­­x-guerrilheira montonera que se encontrou diversas vezes com Hugo Chávez, mantendo com ele uma relação estreita, que se oficializou em 2005, quando foi nomeada embaixadora da Argentina em Caracas. Segundo um dos desertores chavistas, foi Chávez quem pediu a Néstor Kirchner que indicasse Garré ao posto. Chávez e Garré tinham também uma relação pessoal íntima, que só tem interesse público por ser um dos componentes da aliança política entre os dois países. "Era algo na linha 50 Tons de Cinza", diz o ex-funcionário chavista. De acordo com ele, quando Chávez e Garré se encontravam no gabinete do líder venezuelano no Palácio de Miraflores, os sons da festa podiam ser ouvidos de longe. Depois de seis meses, Garré voltou a Buenos Aires para assumir a pasta da Defesa. Ficou no cargo até o fim de 2010. "Não posso afirmar que o governo da Argentina entregou segredos nucleares, mas sei que recebeu muito por meios legais (títulos da dívida) e ilegais (malas de dinheiro) em troca de algo bem valioso para os iranianos." Diz outro chavista exilado: "Na Argentina, a detentora desses segredos é a ex-embaixadora Garré". Existem semelhanças entre os reatores nucleares de Arak, no Irã, e de Atucha, na Argentina. Ambos foram planejados para produzir plutônio, elemento essencial para a fabricação de armas atômicas, usando apenas urânio natural. A diferença é que Arak deveria ter entrado em operação no ano passado, mas não há indícios de que isso tenha efetivamente ocorrido. O de Atucha funciona desde 1974 e gera 2,5% da energia elétrica da Argentina. A tecnologia nuclear dos argentinos também era útil para pôr em funcionamento a usina de Bushir, inconclusa desde 1979. Bushir foi inaugurada em 2011. Quem sabe a ministra Garré possa dar um quadro mais nítido do acordo Teerã-Buenos Aires costurado em Caracas.

Nota introdutória; Paulo Medeiros
Foto: Web
Texto: Leonardo Coutinho


16.3.15

O povo Brasileiro reage





O dia de hoje definitivamente entra para história.

O povo brasileiro espontaneamente realizou uma das maiores manifestações pacificas de descontentamento do povo para com o seu próprio governo e,  que por mais que tente não consegue mais  esconder sua incapacidade em governar um país como o nosso. 
Imaginem, só para exemplificar, que na cidade de São Paulo,(foto acima) a multidão atingiu o  numero de um milhão de pessoas. O protesto também aconteceu em outras 17 capitais  de toda federação.
Nós que fazemos o nosso blog, estamos a favor de todo movimento, alias situação prevista há muito em nossos editoriais.
O Brasil pela sua importância  e significado diante do mundo não pode tornar-se uma Venezuela , nem muito menos uma Cuba. Isto seria um retrocesso histórico.
A voz das ruas ecoam, e sabemos que nem tudo pode ser resolvido, mas com certeza fará estes governantes repensarem suas atitudes.


Texto:Paulo Medeiros
Foto:Web