21.7.07

AMIGOS PARA SEMPRE


Na região de Portugal onde nasci chamam, hipocritamente, “amigo” a toda a gente, mesmo não conhecendo ninguém. É um tratamento falso que eu nunca aceitei nem considerei, porque um amigo é algo mais do que uma palavra, mesmo que esta seja uma forma pacífica de aproximação verbal.

Esta amizade que surgiu entre o Paulo Medeiros e mim nasceu através da sua leitura de artigos de opinião que publiquei num jornal que lhe chegou às mãos por um português que vive há meio século no Brasil. Quem diria que alguém, a cinco mil quilómetros de distância, iria ler o que eu escrevia…

O nosso primeiro encontro luso-brasileiro, cordial e como “irmãos” da mesma Língua, foi na serra da Arrábida, um rochedo continental de flora mediterrânica com paisagens deslumbrantes que surgiu do oceano Atlântico que separa Portugal do Brasil.

Daí para a frente continuamos a contactarmo-nos ora pelo telefone, ora pessoalmente, em minha casa, por restaurantes, num dos seus locais de trabalho, na residência de um seu irmão médico-dentista, que é a profissão de Paulo Medeiros e da sua linda esposa.

Paulo Medeiros é um homem de paz e de trabalho, comunicativo, bem-educado, bom marido e pai, gentil e alegre, com raízes consanguíneas portuguesas. Com todas estas qualidades e mais algumas, aceitei-o como amigo de verdade e decidi sê-lo para sempre.

Vou ficar triste com a sua partida da península Ibérica onde nasci e resido, embora sabendo que ele um dia irá voltar com saudades dos amigos que por cá deixou e nunca o esquecerão de portas abertas para o receber. Eu já estou convidado para ir visitá-lo ao Brasil.

Ele regressa ao seu Nordeste e eu fico com uma certeza: o Brasil vai ficar menos pior, melhor, com a sua presença e trabalho que vai continuar junto das populações da sua necessitada região.

E a sua família regressa a casa e voltará a viver a felicidade que merece, embora com saudades da Europa no coração…

Texto: MARQUES PEREIRA
Foto: Roberto Medeiros
Webmaster: Paula Medeiros

14.7.07

EDITORIAL




Depois destes alguns anos de Europa, é chegado o momento do retorno. Muitas coisas aconteceram, mas a mais importante foi conhecer a realidade atual entre os continentes e principalmente sentir o que pensam e o que acham e principalmente a visão que têm do mundo sul-americano.

Como passei a maior parte do tempo em terras de Espanha, percebi que a simpatia um pouco melhor para com os brasileiros, se deve mesmo aos ritmos musicais do Carlinhos Brown e ao futebol do que mesmo pelo conhecimento sobre o nosso povo.

Em Portugal, passa um fenômeno diferente, os antes simpáticos brasileiros, são hoje mais conhecidos pelas prostitutas e gente desqualificada imigrante do que qualquer outra coisa. O antes respeitado Brasil, não passa hoje de um mero país do terceiro mundo, que alem do exposto acima envia marginais e bandidos. Foi-se o tempo da chegada dos profissionais qualificados, como os dentistas que para lá foram na década de 80.

Se terei saudades, claro que sim! Afinal tive uma oportunidade, pertencente a poucos, que me deu experiência de vida incomparável e ao mesmo tempo me fez descobrir ainda mais que temos uma nação que em muita coisa não fica em nada a dever a lugar algum. Que somos um gigante, de muitas potencialidades e principalmente ver o que a falta de informação proporciona. Dá-me vergonha ver jovens de meu país passar humilhações, por buscar empregos que encontraria no Brasil. Um país com tantas potencialidades não necessita que seu jovens saiam.

Por outro lado, vi também que é possível ter uma sociedade multicultural, é o que a comunidade européia esta demonstrando apesar das sua facetas ainda por estudar.
Também há muita hipocrisia por parte dos europeus quando das soluções para a pobreza no mundo, e que a soluções não são apenas enviando migalhas ou levantando muros. Há necessidade de algo muito mais concreto, que se chama determinação nas soluções.

Explanações a parte, devo me ausentar em escrever no Blog por uns 30 dias, devido ao tempo que necessito para por em ordem a vida privada. Neste meio tempo, o Marques Pereira com certeza seguirá com o nosso “Lusitânia perdida” e manterá o nosso leitor sempre com novidades.

De momento meus agradecimentos a minha filha e hoje nossa Webmaster Paula Medeiros e a exemplar parceria e sem fronteiras de meu amigo MP.

Sigo para o outro lado do Atlântico, feliz pelo dever cumprido e principalmente orgulhoso pelo espaço conquistado.

Um até breve!




Texto : Paulo Medeiros

7.7.07

LULA EM PORTUGAL LANÇANDO A PONTE DO BRASIL PARA A UNIÃO EUROPEIA COM A GLOBALIZAÇÃO, OS PRODUTOS E OS IMIGRANTES BRASILEIROS


O presidente Lula da Silva veio a Portugal e à União Europeia tentar lançar uma nova ponte de comércio e imigração do Brasil.

E sendo um político com um discurso fluído e calmo, ele deu uma lição em Lisboa de economia política e recebeu o doutoramento em globalização na cidade de Bruxelas, capital da Bélgica e da U.E.

Em Portugal, a realidade da imigração brasileira de momento resume-se a estes números compilados pela LUSA, agência noticiosa portuguesa.

“A imigração brasileira em Portugal cresceu quase nove vezes entre 1986 e 2003, sendo constituída por pessoas cada vez mais jovens e com menos qualificações, de acordo com um estudo divulgado recentemente.

O estudo "Imigração Brasileira em Portugal" foi apresentado pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI) na véspera da Cimeira entre a União Europeia (UE) e o Brasil, que se realizou no quadro da presidência portuguesa da UE.

Segundo o estudo, que visa aprofundar o conhecimento sobre a maior comunidade de imigrantes em Portugal e ao qual a Lusa teve acesso, entre 1986 e 2003, o número de imigrantes brasileiros regulares cresceu quase nove vezes, passando de 7.470 para 64.295.

Com cerca de 67 mil brasileiros a viver em situação regular no país, em 2004, esta comunidade imigrante é o maior grupo de estrangeiros em Portugal, ultrapassando os imigrantes oriundos da Europa do Leste e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), adianta o documento.

O aumento mais significativo desta população em Portugal registou-se, de acordo com o estudo, durante o período de expansão ocorrido entre finais dos anos 90 e 2000/2001.

O documento salienta o facto de os perfis dos imigrantes brasileiros que chegaram neste último período serem diferentes dos que chegaram na segunda metade dos anos 80 e 90, verificando-se uma tendência de maior inserção em segmentos de mercado de trabalho menos qualificado.

“Nos fluxos mais recentes houve um aumento dos jovens de média e baixa qualificação dispostos a se dedicarem a serviços mal remunerados e desvinculados da sua preparação profissional", lê-se no estudo.

Embora se continue a verificar procura em domínios técnicos recentemente desenvolvidos, como é o caso dos profissionais da área de marketing, propaganda e informática, a expansão de actividades comerciais modernas (turismo, hotelaria, industria da construção civil), tem demandado um grande número de trabalhadores não-qualificados.

Enquanto em 1991 dados do Instituto Nacional de Estatística referiam que os imigrantes brasileiros que viviam legalmente no país trabalhavam na sua maioria em profissões liberais (28,4 por cento) ou tinham empregos de média qualificação (16 por cento), já em 1999 dados da Inspecção-Geral do Trabalho relatavam que a maioria trabalhava em sectores de trabalho menos qualificados.

Segundo esses dados, 29 por cento dos imigrantes brasileiros trabalhavam na construção civil, 25 por cento em restaurantes e hotéis e 27 por cento em actividades de serviços não-qualificados, incluindo emprego doméstico e limpeza em geral.

Estes dados demonstram, segundo o estudo, uma "degradação das condições de inserção de imigrantes brasileiros no mercado de trabalho português", evidenciando importantes mudanças no seu perfil, nomeadamente o facto destes serem mais pobres, terem menor grau de instrução, menor qualificação profissional e, consequentemente, menores oportunidades de conseguir uma ascensão social.

De acordo com o estudo, estes trabalhadores são, na sua maioria, oriundos de áreas semi-rurais e pequenas localidades urbanas no Brasil, especialmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Baía, Paraná, Espírito Santo, Goiás e Pernambuco.

Outro factor que aponta para a mudança dos perfis dos imigrantes brasileiros da segunda vaga, relativamente aos que chegaram na segunda metade dos anos 80 e 90, é a sua distribuição regional.

O estudo conclui que a comunidade imigrante brasileira se estabeleceu, a partir dos anos 90, sobretudo na Região de Lisboa, em detrimento do Norte Litoral, explicando que este fenómeno tem a ver com o facto da imigração se ter tornado mais laboral, especialmente na vaga pós-1999.

Quanto às áreas de residência e de trabalho dos imigrantes brasileiros, destacam-se, segundo o documento, a Área Metropolitana de Lisboa (41,2 por cento) e a Região do Porto com 13,6 por cento, seguindo-se Aveiro (nove por cento) e Braga (cinco por cento).

O documento aponta ainda como principais factores de promoção da inserção dos imigrantes brasileiros em Portugal, o processo especial de regularização chamado "Acordo Lula" assinado em Julho de 2003, que permitiu já a legalização de cerca de 20 mil brasileiros, e o facto de falarem português”.

O nosso comentário final: neste estudo não foi abordada a “imigração do prazer” que trouxe e espalhou por Portugal uma minoria de uns milhares de prostitutas, travestis, lésbicas e gays ilegais que chocaram o sector católico da sociedade portuguesa, tal foi para a Igreja a mudança sentida nos “libertinos costumes da noite”. Também não foi referido que os brasileiros são a maioria da população estrangeira nas prisões portuguesas devido a crimes de vigarices, gatunagem, traficância de droga, assassinatos e outros delitos.

Eu continuo a gostar dos brasileiros e do Brasil, pois uns milhares de incivilizados e criminosos sul-americanos não podem representar o rosto de uma respeitável e grande nação com 190 milhões de humanos que nasceram de Portugal e, na maioria, descendem dos Portugueses.

Texto: MARQUES PEREIRA

Foto: A.N.I.

Webmaster: Paula Medeiros