23.1.09

Fronteira da Paz


O título acima por si já chama enormemente atenção. Normalmente se tem a idéia de uma área de fronteira como um lugar chato, com aduanas, passaporte, etc.. Mas aqui estamos a tratar de uma única cidade pertencente a dois países diferentes. A separação só acontece apenas por uma avenida e eis que estamos em Rivera (Uruguay) e Santana do Livramento (Brasil). Na verdade, só se percebe que está entre dois países porque de um lado está tudo em espanhol e de outro tudo em português.

É muito comum encontrar cidadãos que nasceram de um lado e trabalham do outro. Muitos que se casam têm filhos das duas nacionalidades. Foi assim que a cidade tornou-se símbolo do Mercosul. O comércio depende muito das variações cambiais, e no momento está mais favorável aos Brasileiros que superlotam os “free shops” do lado uruguaio.

Para nós brasileiros conhecer essa região é também reconhecer que temos vizinhos e que por anos e anos, por questões culturais, não tivemos a oportunidade de conhecer. O nosso vizinho Uruguai tem o que é de mais importante do que qualquer economia, o respeito aos índices sociais e detém o título de mais justo em distribuição de renda na América Latina.

O nosso vizinho é o único país não lusófono cujo ensino do português é obrigatório nas suas escolas e sua população tem um profundo respeito pelo Brasil.

Muitas famílias brasileiras que residem em nossa região historicamente sempre preferiram passas suas férias na Europa e sua grande maioria desconhecia esta fronteira que está a cerca de 4.000 km do Nordeste brasileiro. Como tudo está mudando, agora já não só se descobre, mas também vivemos e temos a oportunidade de conhecer “nuestros hermanos”.

A junção das duas cidades reúne uma população de mais de 200.000 habitantes que servem de exemplo para todos os conflitos que hoje temos no mundo.

Para que o leitor tenha uma noção dos costumes e das músicas da região, apresentamos links de duas rádios, uma brasileira e outra uruguaia:
http://www.querenciafm.com.br/
http://www.radioactivafm.com/
Livramento/Rivera: Um Oasis que dois povos fecundaram pela união e fraternidade.

Vale a pena conhecer!


Texto: Paulo Medeiros
Foto: Fronteira da Paz
Webmaster: Paula Medeiros

17.1.09

CARAMURU:MÍTICO HERÓI PORTUGUÊS DA ALVORADA DO BRASIL




Quem foi Caramuru? Foi um mito, uma lenda ou uma passagem da realidade histórica de Portugal e do Brasil?

No Brasil têm Caramuru como uma realidade, como se depreende destes dados escritos por Maria José Quintas, senhora brasileira de sangue Lusitano, muito interessada pela História e Cultura portuguesas, tendo sido professora no Rio de Janeiro, que amavelmente compilou para a introdução desta crónica:

“A fim de colonizar o Brasil, D. João III, rei de Portugal, casado com Catarina da Áustria de quem teve nove filhos, enviou, em fins de 1530, uma Expedição Colonizadora, chefiada por Martim Afonso de Souza. Na baía de Todos os Santos (Estado da Bahia) ele encontrou um português que vivia entre os índios. Era Diogo Álvares Correia.
Caramuru foi Diogo Álvares Correia, que havia naufragado naquela baía no ano de 1508. Seus companheiros foram devorados pelos índios Tupinambás. Diogo ficara extenuado na praia, refugiando-se depois entre os rochedos, onde foi encontrado pelos índios.
Os silvícolas costumavam encontrar entre as pedras um peixe ao qual chamavam Caramuru, ou moreia, agressivo e voraz. Assim os indígenas aproveitaram o peixe para dar ao prisioneiro o apelido Caramuru com que passou à História do Brasil.
Muito doente e fraco, Diogo Álvares foi salvo da morte pela índia Paraguaçu, filha do cacique Taparica. Ele, dias depois de ter sido salvo do naufrágio, ‘usou a sua arma de fogo e matou um pássaro, o que surpreendeu de tal modo os índios Tupinambá, que estes lhe atribuíram poderes divinos´.
E com Paraguaçu se casou, iniciando a ‘miscigenação que caracteriza a nação brasileira no acolhimento dos portugueses em terras de Vera Cruz’.
Paraguaçu veio a ser batizada em Saint-Malo, conhecida historicamente como “Cidade dos Corsários”, na Bretanha-França, com o nome cristão de Catarina do Brasil, em 30 de Junho de 1528, supostamente quando o casal terá contactado com Henrique II e Catarina de Médicis e foi recebido por Jaques Cartier (1491-1557, explorador) e sua esposa Catherine de Granches que os paraninfaram.
‘Trata-se da primeira família brasileira documentada, entrelaçada na sucessão de Garcia D'Avila com a Índia Francisca Rodrigues, e vinculada à Casa dos Albuquerques, pelos descendentes de Jerônimo de Albuquerque com a Índia Muira-Ubi – Maria do Espírito Santo Arcoverde –, primeira Sociedade brasileira. Seus sucessores vincularam-se à nobreza dos Pereiras e Marinhos; aos descendentes de Domingos Pires de Carvalho casado com Maria da Silva; à geração de Felipe Cavalcanti casado com Catarina de Albuquerque e com a descendência do casal José Pires de Carvalho - Tereza Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque Deus-Dará, dando origem a algumas das mais importantes famílias do Brasil e do continente, com prolongamentos até nas cortes europeias e, recentemente, na Casa Imperial Brasileira.’
Muitas lendas surgem em torno de Caramuru, mas a que a História do Brasil mais considera como verosímil é a que está aqui narrada. Frei Santa Rita Durão, no poema
"Caramuru", misturou a realidade com a fantasia; daí as muitas lendas, entre as quais a de uma jovem ( Moema) apaixonada por Caramuru que o teria seguido a nado até morrer de cansaço e ficar para sempre sepultada no mar.
Ao regressarem de França foram viver na aldeia indígena dos Tupinambás e tiveram quatro filhos.”

Diogo Álvares Correia, nasceu em Viana do Castelo, cidade-capital da região do Alto Minho, onde, em Arcos de Valdevez, num bafordo medieval a que se seguiram batalhas contra o rei de Castela e Leão (Espanha), começou a nascer Portugal pela coragem, destemor e aventura histórica bem sucedida de Afonso Henriques, o qual veio a ser o 1º Rei da nação europeia que veio a descobrir e colonizar o Brasil.

O município de Viana de Castelo, presidido pelo médico vianense Defensor Moura, colocou no principal rossio da cidade (Praça da República), com pompa e circunstância, uma estátua feita pelo mestre José Rodrigues representando Diogo Álvares Correia (Caramuru) e a sua mulher Catarina do Brasil (Paraguaçu).

Honra aos heróis de sempre de Portugal e do Brasil, que os vivos estão-lhes reconhecidos e orgulhosos!




Texto de Marques Pereira e Maria José Quintas.
Fotos: Gualberto Boa-Morte e A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros

10.1.09

Israel x Palestina


Em 1897, ficou decidido que os judeus retornariam à Jerusalém de onde foram expulsos no século III d.C.. Imediatamente teve início a emigração para a Palestina. Nessa época, a área pertencia ao Império Otomano, onde viviam cerca de 500 mil árabes. Em 1903, mais de 15 mil judeus já estavam vivendo entre eles. Em 1948, já eram mais de 600 mil judeus.

À medida que a imigração aumentava os confrontos também. Durante a II Guerra Mundial o número de imigrantes aumentou drasticamente devido às perseguições nazistas na Europa. Em 1947, a ONU tentou solucionar o problema propondo a criação de um “estado duplo”, um árabe e outro judeu. Os árabes não aceitaram a proposta.

Em 1967, aconteceu a chamada “Guerra dos Seis Dias”. Israel derrotou o Egito, Síria e Jordânia e conquistou a Cisjordânia, as colinas de Golán e Jerusalém leste.

Israel permanece nos territórios ocupados e se nega a obedecer a ONU, que obriga o país a retirar-se dos territórios conquistados durante a “Guerra dos Seis Dias”. Apesar das negociações, os palestinos se negam a aceitar o estado de Israel e os israelitas não querem devolver os territórios conquistados, não permitindo que haja paz na região.

Em 2006, o Hamas venceu as eleições democráticas conquistando o poder na Faixa de Gaza (território palestino). Em conseqüência aumentaram os conflitos internos com o Fatah, como o Hamas, o Fatah também é um partido palestino. No dia 18 de dezembro de 2008, o Hamas conseguiu também o poder bélico. Israel, desde então, iniciou uma série de ataques, bombardeando partes deste território.

Este é o assunto de momento, que vemos todos os dias na TV. É um conflito sem fim, cujo o relato histórico acima descrito já demonstra ao leitor o real nível da situação. A ladainha diplomática já está em ação falando de novo em cessar fogo, paz e outras coisas que nunca chegam.

Já estamos no século XXI e pessoalmente não acredito que este conflito tenha fim, pois em nenhum momento indícios me levam crer. Acompanhamos a saga de jogadores brasileiros que moram em Israel e brasileiros árabe-descendentes que vivem na Palestina. É o tipo de notícia para dar um pouco mais de audiência. Na prática temos um Israel poderoso graças ao fornecimento bélico dos norte-americanos, do outro um país paupérrimo que utiliza a guerra para sobreviver. Resultado: do lado mais poderoso morreram alguns poucos enquanto inúmeros palestinos perderam suas vidas. Realmente é uma guerra desigual.
Oxalá acabe um dia!
Texto: Paula e Paulo Medeiros
Foto: Wikipedia.org
Vídeo: Globo.com
Webmaster: Paula Medeiros

3.1.09

VIDA FELIZ E MORTE FELIZ


Ainda há pessoas que não ligam a Morte à Vida, mas a primeira é a coisa mais certa que temos na existência humana e a segunda é uma incerteza e um risco desde que nascemos.

Viver feliz é existir sem dor e morrer feliz é deixar de estar vivo sem sofrimento.

Se é difícil ao ser humano civilizado viver feliz todos os dias, para muitos morrer feliz é problemático porque ao longo da nossa vida estamos sujeitos a doenças, desgraças, acidentes e infelicidades que até morrermos nos programam uma morte dolorosa.

Outros, os ditos felizes e realizados, ricos e viajados no tempo e geograficamente, apesar de parecer que vão morrer felizes, isso não acontece, tão preocupados se aproximam da Morte, a pensar que vão deixar as suas riquezas para familiares que nunca se esforçaram para as fazerem crescer e, o mais certo, é consumirem ou destruíram o que eles fizeram com esforço, lutaram por mais dinheiro e viveram felizes por possuírem e gastarem sem restrições nem grandes mossas na conta bancária. São uns felizes que morrem infelizes, porque a felicidade do dinheiro e dos outros bens patrimoniais podem servir para prolongar a vida, mas nunca servirá para comprar um favor da Morte.

A Morte também faz felizes os que vivem do negócio funerário, pois os enterros e os enterramentos podem ser grandes, com muitos acompanhantes à “última morada”, uma sepultura de luxo. Há vivos felizes que antes de morrerem compram “um grande funeral” e um pedaço de terra no cemitério para nela construírem sepulturas de luxo, como jazigos em altura e largura que são tão admiráveis e belos como moradias de mármore branco ou negro. O motivo é a vaidade de estar “orgulhosamente só” a mostrar aos ainda vivos que o morto era um homem de posses, dinheiro, riqueza entre os cadáveres que viveram pobres, explorados e infelizes que à sua volta estão mortos em campas rasas.

Os mortos que quando estavam vivos gostavam muito de andar de hotel em hotel preferem “repousar” ou ser guardados eternamente em cemitérios verticais, edifícios de luxo de cinco a muitos andares à “altura do Céu”, implantados em cidades fervilhantes de vida, mas “não podem ver” o verde da Natureza que já não vêem. Este negócio é designado por imobiliário da Morte, estando nas mãos de empresas e capitalistas fúnebres.

Como se vê, todos temos uma possibilidade de ter um Vida feliz e de morrer “in aeternum” alegres e felizes por ter uma Morte que nos recebeu em Paz e sem medo.

A Vida é o único caminho que nos leva até ao destino final que é a Morte de que nunca ninguém volta para ser feliz, ou ser alguém que gostaria de viver mais uma vez para tentar conhecer a alegria de estar vivo com Felicidade e sem Dor.

Aos meus amigos, amigas e leitores que estão vivos: nos vossos planos de vida que o planejamento que fizerem não vá além de 24 horas por dia, pois a feliz Morte é a companheira de todos os momentos da sua feliz, dolorosa ou infeliz vida…

TEXTO DE MARQUES PEREIRA
Foto: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros.