31.12.10

FELIZ 2011

Nós que fazemos o nosso Blog queremos agradecer ao nosso leitor , principalmente a todos que acompanham aquilo que escrevemos e o que tentamos transmitir. Queremos reafirmar que sem a sua presença e participação, seria quase impossível mantermos o nível a que nos propomos . Esperamos neste próximo ano que continuemos em nossa parceria, e que todos possam divagar acerca de um pensamento maior que é manter viva a chama de uma Lusitânia Perdida.

E para brindar o inicio do novo ano, reflitamos em nossos pensamentos a alegria transmitida intensamente dos dois lados do oceano através da queima de fogos do Funchal e do Rio de janeiro, um verdadeiro sentimento luso-brasileiro.



FELIZ 2011



No momento da edição recebi esta mensagem que de tão interessante tomo a liberdade de compartilhar com os nossos leitores. Só mesmo o Marques Pereira:


Ainda seremos as mesmas pessoas que fomos este ano...

A diferença, a subtil diferença, é que quando o relógio nos avisar que é meia-noite deste último dia de 2010, teremos um ano IN-TEI-RI-NHO pela frente!

Um ano novinho em folha!

Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever.

Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé...

Um ano para perdoarmos um erro, um ano para sermos perdoados dos nossos...

365 dias para fazermos o que quisermos...

Sempre há uma escolha...

E, exactamente por isso, eu desejo que faça as melhores escolhas que puder.

Desejo que todos sorriam o máximo que puderem.

Que cantem a música que quiserem.

Que beijem muito e com amor.

Que amem mais.

Que abracem muito.

Aproveitem a vossa família.

Durmam com os anjos.

Sejam protegidos por eles.

Agradeçam por estarem vivos e terem sempre mais uma oportunidade para recomeçar.

Agradeçam as vossas escolhas, pois certas ou não, elas são vossas.

E ninguém pode ou deve questioná-las.

Quero agradecer aos amigos:

Aos que me 'acompanham' desde há muito tempo.


Aos que escrevo e eles e elas não me escrevem

Aos que eu fiz este ano.

Aos que eu escrevo pouco, mas de quem lembro muito.

Aos que eu escrevo muito e falo pouco.

Aos que moram longe e não vejo tanto quanto gostaria.

Aos que moram perto e eu vejo sempre.

Aos que me 'seguraram', quando pensei que iria cair.


Aos que eu dou a mão, quando me pedem ou quando me parecem um pouco perdidos.


Aos que ganham e perdem.

Aos que me parecem fortes e aos que realmente são.

Aos que me parecem anjos, mas estão aqui e me dão a certeza de que este mundo é mesmo divino.


Obrigado por fazerem parte da minha história.

Espero que 2011 seja um ano bem mais feliz, cheio de saúde e próspero para todos nós!



MM/MP.




Texto: Paulo Medeiros

Mensagem: Marques Pereira

Foto: A.N.I Com Montagem de Paula Medeiros

Webmaster:Paula Medeiros

24.12.10

É Natal

NESTE TEMPO DE NATAL E DA CHEGADA DO ANO 2011 QUE DEUS, PAZ, AMOR, SAÚDE, ALEGRIA, DINHEIRO, SEXO, VIAGENS E ÊXITOS NÃO FALTEM A NENHUM DOS LEITORES, AMIGAS E AMIGOS DESTA LUSO-BRASILEIRA “LUSITÂNIA PERDIDA”!



Post de Marques Pereira


Foto: Marques Pereira

Webmaster: Paula Medeiros


18.12.10

CONCA


Ninguém imaginou no Brasil que um dia o melhor jogador de seu campeonato nacional, fosse um Argentino. Assim, neste ano de 2010 quase que por unanimidade e por consenso nacional foi escolhido , diga-se de passagem com justiça o Dario Conca como melhor jogador do campeonato Brasileiro.

Pasmem, esse jogador que não é reconhecido em seu país já até pensou em naturalizar-se brasileiro com o intuito de defender a nossa seleção nacional e isto só não concretizou-se porque é impensável para a maioria dos dirigentes brasileiros ter um estrangeiro e principalmente argentino defendendo o selecionado.

Dario Leonardo Conca, nasceu em 1983 em General Pacheco na Argentina , e chegou a iniciar sua carreira no River Plate, mais foi dispensado em 2004 sendo emprestado ao Universide Catolica do Chile , e em 2007 veio para o Brasil inicialmente para o Vasco da Gama e depois para o Fluminense, equipe campeã do Brasil neste ano.

Dono de uma habilidade invejável, e de uma grande simpatia, não foi a toa que por dois anos consecutivos foi eleito o craque da Galera eleito pelo site da globo.com.

Por tudo isto, e por sua afetividade ao nosso país, é que vemos que estamos mesmo mudando. As rivalidades perdem espaço para as razões humanas e já permite uma aproximação maior com nossos visinhos. Isto é extremamente salutar e aconteceu através do futebol que é nosso maior esporte.

Conca, tem contrato até 2015 com uma grande multa se houver quebra contratual, e tenho a certeza que logo vai acontecer o interesse de alguma equipe da Europa, mas como por aqui tudo tem melhorado, inclusive os contratos, o europeus que o quiserem terão mesmo de abrir os cofres.

Fala-se que o F.C.Porto esta interessado para a próxima temporada, mas o futuro é quem vai responder.

De momento sabe-se que o mesmo está muito contente ao lado do Deco, defendendo a mesma equipe e com o desafio da Taça “ Libertadores das Américas” no próximo ano. Titulo que por aqui equivale a “Champions League”

Valeu Conca!

Texto:Paulo Medeiros

Foto:Internet

Webmaster:Paula Medeiros

11.12.10

COMO “ELES” MANIPULAM E ENGANAM TODOS




Tenho a sensação de que já abordei este assunto, mas se agora regresso a ele também não se perde nada em voltar a ler e recordar o que “eles” fazem para transformar os seres humanos num rebanho de bem aventurados pecadores e escravos do Sistema construído pelos poderes religiosos, políticos e capitalistas, manipulando e usando cada pessoa conforme os seus interesses. Leia esta conclusão do linguista norte-americano Avram Noam Chomsky e depois decida por si o que fazer para tentar libertar-se dos tentáculos dos polvos que o rodeiam e aprisionam por todo o lado e tempo da sua vida.





Estas são as "10 Estratégias de Manipuação através da Comunicação Social”:



1- A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO.


    O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes.


    A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir o povo de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área das ciências, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à quinta como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".


    2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.


    Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este tenha a percepção que participou nas medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público exija novas leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


    3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.


    Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, durante anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários baixíssimos, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.


    4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.


    Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é aplicado imediatamente. Segundo, porque o público - a massa - tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá vir a ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.


    5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO SE DE CRIANÇAS SE TRATASSEM


    A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos da debilidade mental, como se cada espectador fosse uma criança de idade reduzida ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Porquê? "Se você se dirigir a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a dar uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".


    6- UTILIZAR MUITO MAIS O ASPECTO EMOCIONAL DO QUE A REFLEXÃO.


    Fazer uso do discurso emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e pôr fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para incutir ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...


    7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.


    Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de eliminar (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".


    8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

    Promover no público a ideia de que é moda o facto de se ser estúpido, vulgar e inculto...


    9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.


    Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, de suas capacidades, ou do seu esforço. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o indivíduo autocritica-se e culpabiliza-se, o que gera um estado depressivo, do qual um dos seus efeitosmais comuns, é a inibição da acção. E, sem acção, não há revolução!


    10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.


    No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado um crescente afastamento entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O Sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o Sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si próprios”.






    O que acabou de ler dá-lhe para pensar? Então passe à acção: continue a ser o mesmo escravo, a rezar-lhes e a bater-lhes palmas.


    Não lhes diga “Mais escravatura com os esclavagistas religiosos e políticos a sorrir-nos como macacos felizes, não!”.

    Não levante a voz. Não comente, não critique, não se revolte.

    Continue a sofrer como “eles” querem. A venerar bonecas e bonecos. A ser uma peça na engrenagem da máquina que o Poder criou para os governos e os ricos o dominarem e trazerem manso, obediente e agradecido.



    Afinal é tão fácil “viver feliz” como sempre viveu e está a viver, né?





    Texto de Marques Pereira
    Foto: ANI.
    Webmaster: Paula Medeiros.






5.12.10

Ensino da Filsofia no Brasil na Ditadura Militar(1964 -1985)


O período ditatorial do Brasil, foi um período obscuro, que nos proporcionou um atraso em todos os sentidos e principalmente na educação.
Atendendo ao pedido do Dr. Jaime Clementino transcrevo aqui uma abordagem sobre o assunto, e prometendo ao leitor a segunda parte sobre o estudo da sua desilusão religiosa.

No dia 31 de março de 1964, culmina o movimento político-militar que depõe o Presidente do Brasil, João Belchior Goulart.

Segue-se o arbítrio e o autoritarismo, que vão ser suas caracterísiticas até o seu fechamento daquele período, com a eleição pelo Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro 1985, de Tancredo de Almeida Neves, que não chegaria a tomar posse por razões de saúde. Sua eleição indireta foi resultado da derrota da Emenda Constitucional proposta pelo Deputado Federal pelo Estado do Mato Grosso no movimento político das “Diretas Já”, o que levaria o povo brasileiro, devido a este último gesto daquele regime, ficar sem o direito de eleger o seu Presidente da República.

Com o falecimento de Tancredo Neves, viria a assumir a presidência o maranhense José Sarney, sem a autorização direta dos eleitores brasileiros, por sinal muitos haveriam de considerar aquele mandato escolhido indiretamente com um “apêndice” do governo militar, o que é uma verdade, infelizmente.

Só em 1989 o povo viria a eleger um Presidente da República, o alagoano Fernando Collor de Melo. Entramos portanto numa nova fase, a de um ciclo de presidentes eleitos pelo voto direto.

O governo militar, polêmico até hoje, iniciou-se sob o pretexto de combater a subversão, um simples álibi para muitos, principalmente para os que se prejudicaram com a ditadura, mas mesmo assim, muitos dos que sofreram ou simplesmente foram contra tal situação política, houve segmentos de oposição que tomaram a iniciativa de optar pelas armas, para desastre pessoal de muitos que jamais fariam de uso do recurso da violência.

Isto se discute até hoje, mas o certo é que ocorreu a tortura e a morte para muitos.

Porém, por inúmeras disparidades, o regime chega ao seu crepúsculo gradativamente. Isto foi irreversível. Abriu-se para não mais se fechar.

Hoje, a formação dos nossos militares e policiais é por demais profissional e com respeito às instituições e ao Estado Democrático Constitucional, e não apenas “de fato”, usando a terminologia jurídica herdada dos romanos.

Curiosamente, o extinto regime viu com desconfiança o ensino de filosofia no Brasil, chegando a proibi-lo por força da Lei 5.692, de 1971, assinado pelo então Presidente Emílio Garrastazu Médici. Mas elaborada pelo Congresso Nacional, que isto seja lembrado.

Porém, os cursos de graduação em filosofia continuaram a existir.

E só no ano de 2008 é que voltará o ensino de filosofia nas escolas brasileiras, novamente... por força da lei. A Lei 11.684, de 2008

Por ocasião da ditadura, as faculdades de filosofia resistiram ao autoritarismo.

O mesmo se passou com os cursos de Sociologia.

Nos cursos de filosofia, mesmo o marxismo ficou sendo estudado.

Professores e alunos chegariam a ser presos. Muitos professores seriam aposentados compulsoriamente, aposentadoria esta nitidamente resultado de perseguições políticas e administrativas como resultado da intromissão do regime ditatorial nas universidades brasileiras.

Esta fase terrível da vida acadêmica brasileira aconteceu, para sofrimento de muitos e, por via de conseqüência, para prejuízo de todo um povo, que só em 2006, terá a filosofia de volta à escola.

Em meio a um contexto de 2500 anos, teremos de volta a escola os ensinamentos que, desde a Grécia Antiga, já era intenção dos filósofos de ver a Filosofia ensinada para o homem do povo.

Com herança grega, temos em meio a uma democracia a volta do ensino de filosofia, após o fim de uma passageira ditadura militar, que agora poderíamos olhar para o passado, e ver em que contexto importantíssimo, temos a filosofia de volta a escola, após uma espera de quase 2500 anos.

Nenhuma esperança de liberdade foi em vão.

Finalmente a liberdade de pensamento; até que enfim, como diria Friedrich Engels (1820-1890), criador, junto com o seu colega Karl Marx, do comunismo científico e do socialismo contemporâneo, “o homem pode tornar-se senhor do seu próprio destino”.

Grande Engels.

Pelo visto, até acreditar no marxismo não foi em vão, como componente da esperança de um mundo melhor e pacífico, até porque Karl Marx odiava a guerra. Até o marxismo pode ser hoje discutido, defendido e combatido, enquanto ninguém conseguirá provar que ele é um excelente instrumento de reivindicação – e como declarar morto um instrumento de pleitear a justiça e a igualdade entre os homens?

Hoje podemos debater tudo isto, como uma homenagem justa e constante a todos os que lutaram pelo fim daquela ditadura – extinta, finalmente.

A eles, a homenagem de todo o povo brasileiro.

Texto: Dr. Jaime Clementino de Araujo

Nota explicativa: Paulo Medeiros

Webmaster:Paula Medeiros

27.11.10

RIO DE JANEIRO A FOGO, TIROTEIOS, SANGUE E MORTOS


Como diria o meu pai se fosse vivo, no Rio de Janeiro “a vida não está nada católica” com aquele movimento de polícias e bandidos aos tiros, viaturas a arder, homens abatidos, mães a fugir e a gritar com os filhos ao colo, tudo num cenário de miséria onde se acoitam violentos bandidos e homicidas narcotraficantes.




Eu gosto muito da cidade do Rio de Janeiro e dos seus maravilhosos arredores, pelo que me dói vê-la neste estado de “guerra civil nas favelas” a ser mostrada com pena e como notícia de violência e medo pelos canais de todo o mundo. E fico a perguntar a mim mesmo:

Para onde está a caminhar este mundo de Deus e dos homens?






Lula da Silva, presidente do Brasil nos últimos dias do seu mandato, não merecia uma “festa de despedida” destas, pois governou sempre com a intenção de melhorar a vida dos pobres. Mas cometeu um erro: não arrasou as favelas, não deu ao seu povo-povo novas habitações sociais numa zona arquitectada para o começo de uma nova vida com condições e protecção social melhores. Em Lisboa, a câmara municipal destruiu o Casal Ventoso e deu motivos de esperança a muitas famílias que estavam a ser inundadas pelo comércio e consumo da droga.

Mas o Governo brasileiro tomou uma atitude certa: reforçou as acções policiais dos “bopes” com elementos do Exército, Aviação (paraquedistas) e da Marinha, estes últimos utilizando seis carros de combate blindados com fuzileiros navais, estando no terreno mais de cinco mil militares a perseguir e patrulhar, prender e a abater os marginais, além dos cerca de vinte mil que ficaram de prontidão. E no ar voam helicópteros da polícia em perseguição dos criminosos em fuga de favela em favela.






Um cenário de guerra civil que não agrada aos habitantes do Rio de Janeiro e afasta os turistas estrangeiros e portugueses. A eliminação e “limpeza” dos narcotraficantes tem de ser feita até um ano antes da realização do Campeonato do Mundo de Futebol. E é isto que está a preocupar os governantes do PTB que ainda estão no Poder e a equipa de Dilma Roussef que vai entrar em 2011.

As pessoas civilizadas apoiam esta “guerra civil” contra os covis dos bandidos que proliferam na mais linda cidade do mundo!

Texto de Marques Pereira

Foto: A.N.I

Webmaster: Paula Medeiros

21.11.10

VAMOS BRINDAR!



Convido os nossos leitores a conhecer este mais recente trabaho do Roberto Leal. Ao receber nesta ultima sexta-feira uma encomenda que me foi enviada por Neusa Reis(principal organizadora e articuladora de tudo que se refere a divulgação do trabalho do cantor no Brasil), na qual continha o CD autografado pessoalmente pelo Roberto, confesso que estava com o mesmo entusiasmo de 30 anos atrás, quando a cada lançamento tudo gerava muita expectativa.
Mais uma vez o Roberto surpreende e se mantém atual junto ao seu público.

Poucos artistas no Brasil podem se orgulhar de chegar a beira dos 40 anos de carreira com uma vasta coleção de troféus e vendagens de discos e ainda em pleno processo de criação e produção. Lançando novas gravações a cada ano fazendo shows, televisão. Roberto Leal ainda tem fôlego para investir em restaurantes , vinhos , azeites...

Sim, tudo isto é motivo para comemorar! Assim, Roberto Leal nos brinda com um novo CD, duplo, no qual apresenta ao Brasil um resumo da sua trajetória profissional.

Com este novo trabalho, o Roberto nos faz ver os seus grandes e já imortais sucessos, mas também aponta todas as referencias aos grandes nomes da musica popular brasileira, como os “Secos e molhados “ João Ricardo, Padre Marcelo e os saudosos “Mamonas Assassinas”.

Neste trabalho , Roberto prestigia aquele que o prestigiaram. Rende homenagem a todos estes artistas, consagrando-lhes o carinho e o respeito por terem contribuído para instituir o “Vira” como um dos grandes movimentos musicais do Brasil.

Eis as palavras do Roberto:

Enquanto as gravadoras, o publico e a mídia enxergavam nestes artistas como “adversários”, eu sempre os considerei parceiros. Cada vez que João Ricardo cantava o Vira Safado, ou os Secos e Molhados cantavam “O Vira” ou o Padre Marcelo cantava o “Vira de Jesus”, eram passos dados na aproximação de Brasil e Portugal, o Vira se tornava um ritmo presente no Brasil o publico dançava uma dança portuguesa, incorporada já a sua cultura como um forró, um frevo, um carimbó”.

Sim, temos motivos para brindar com todos os inocentes do mundo, todos que enxergam com os olhos da alma, vamos brindar com todos aqueles enxergam o brinde do futuro, brindamos a esperança, brindamos a vida!.

Vamos Brindar!




Nota explicativa: Paulo Medeiros

Texto: Roberto Leal produções
Foto:Internet
Webmaster:Paula Medeiros

15.11.10

VIAGEM AOS PRIMÓRDIOS DO DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

Eu não gosto de andar para trás, nem de viajar ao Passado que passou, morreu e hoje é pedra e História. Mas desta vez disseram-me que o navegador que descobriu a América foi um “homem de sorte” ao chegar a uma praia com coqueiros e os indígenas o terem recebido com flores, boa comida, lindas mulheres e danças…

Então desloquei-me a Palos de la Frontera, na comunidade de Huelva (Andaluzia-Espanha) e próximo do mosteiro franciscano de La Rábida, na margem esquerda do Rio Tinto, junto à foz, visitei um museu e uma aldeia dividida por duas partes: uma com o porto de embarque espanhol e outra nas ilhas costeiras sul-americanas de San Salvador (hoje Bahamas), ambas recriadas historicamente para apresentar monumentalmente as réplicas de três naus à escala natural, em madeira, que o genovês Cristóbal Colon (1451-1506) levou até ao Novo Mundo em 12 de Outubro de 1492, por decisão dos reis católicos D. Fernando e Dona Isabel de Aragão (Espanha), depois de o rei D. João II de Portugal ter recusado este serviço oferecido pelo grande capitão-navegador italiano.



O primeiro a ver / descobrir a terra do continente americano foi o marinheiro Rodrigo de Triana, também conhecido como Juan Rodríguez Bermejo, que seguia a bordo da nau “Pinta” de apoio à expedição marítima.

Todavia, este feito de coragem e persistência foi atribuído historicamente a Cristóbal Colon (em Portugal era conhecido por Cristóvão Colombo), pois quem fazia a História eram os clérigos ou os contratados pelos monarcas para escrever o que à Igreja Católica e ao Rei convinha fazer constar e ficar na História. E por assim ter sido, por não haver Liberdade de expressão, a História Universal da Humanidade está cheia de mentiras, pois a Religião e a “sua filha” Política são feitas de inverdades, imaginações e tretas para enganar, dominar e explorar a ignorância do povo-povo.

Este continente veio a ser baptizado como América pelo mercador, navegador, geógrafo e cosmógrafo Américo Vespucci (1454.1512), tendo o primeiro mapa com este nome sido apresentado em 1508.

Todos os continentes têm um nome de mulher, porque ela é a mãe da vida humana de toda a Terra. O “velho mundo” Europa, a estranha Ásia, o quente “berço da Humanidade” África, a distante Oceânia ou Astralásia, a gelada Antárctida.

Os Portugueses raramente se identificam como naturais da Europa. O mesmo acontece com os Brasileiros que não se dizem como sendo da América. Apenas os naturais dos U.S.A. se apresentam ao mundo como americanos e poucos como norte-americanos onde também cabem os canadianos.

A foto a seguir mostra as réplicas das naus “Santa Maria”, “Niña” e “Pinta” e certamente o Leitor fica a pensar “Como foi possível em 1500 estas “cascas de nós” atravessarem o Oceano Atlântico? Já não há desta madeira nem destes homens fortes, corajosos e aventureiros”.




Texto de Marques Pereira

Fotos: MP

Webmaster: Paula Medeiros



7.11.10

“A Alegoria da Caverna como Alusão ao Retorno do Ensino de Filosofia no Brasil”


Atendendo ao pedido de Jaime Filho, publico hoje importante estudo sobre aspectos do ensino e propagação da Filosofia no Brasil. Na proxima publicação teremos a segunda parte sobre o espiritismo.

Espero que gostem!

O Blog Lusitania abre espaço em condições especiais, para assuntos relevantes e autores convidados.

Nos deparamos com um problema de 2500 anos: o estudo da Filosofia.

Sem dúvida, na “República”, Platão já se refere à libertação dos condicionamentos e a libertação dos seres humanos da sua própria imaturidade filosófica e existencial ao referir Sócrates à alegoria da caverna.

De tal libertação dos condicionamentos fala Sócrates:

“- Como não – respondeu ele -, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?” PLATÃO, 1949, p.316.

Os seres humanos são herdeiros de um imaginário coletivo (é preferível esta terminologia, até porque a palavra “cultura” já conta hoje com quarenta e quatro definições). Como dizia o grande pensador Karl Marx:

“Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem (...) O peso das tradições de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.” MARX apud SIMÕES JUNIOR, 1985, p. 71.

Da mesma maneira, podemos ver que tal libertação propalada na “República” vem a ser atual; por sinal estamos diante da situação da volta do ensino de Filosofia no Brasil. No capítulo VII da República se vê a alegoria utilizada por Sócrates para significar a libertação da humanidade principalmente no ato de pensar corretamente, buscando a verdade em estado da liberdade exercida ao máximo.

O ensino de Filosofia foi banido pelo governo militar em 1971. Diga-se de passagem tal governo militar foi encerrado, veio a anistia em 1979 e o ciclo de presidentes militares chega ao fim em 1985; posteriormente, em 1989, é eleito por voto direto um presidente da república, eleição esta que não acontecia desde 1960. Muitos fatos políticos, portanto, sucederam-se no nosso país desde então, e tendo em vista que desde 15 de março de 1990 temos um novo ciclo, o dos presidentes eleitos pelo voto direto, sendo que só em 2006 teremos por força de lei federal a volta do ensino de Filosofia na escola brasileira.

Mas a questão é mais ampla do que os fatos meramente políticos e históricos.

A questão é mesmo filosófica.

Se desde 2006 estamos com a Filosofia ensinada e discutida nas escolas brasileiras, retomaremos o debate filosófico junto ao homem do povo. Discussão da filosofia com o povo, o que já preocupava os pensadores da Grécia Antiga.

Assim, este mesmo homem do povo, que desde os tempos de Sócrates e Platão tentava discutir os temas filosóficos, vai finalmente ter a oportunidade de fazê-lo na escola, tendo em vista que já vinha estudando filosofia no meio universitário várias décadas antes de 2006.

Finalmente vamos poder discutir em que contexto de 2500 anos está situada a importância primordial da discussão da liberdade de pensamento proposta por Platão com a alegoria da caverna.

Na referida alegoria as pessoas estão na situação de enxergar não a luz do bom senso e do exercício da liberdade de pensamento colocadas à porta da caverna, mas apenas observam a sua própria sombra, ou seja, a herança de erros que recebem com os pensamentos inadequados provenientes da família e do meio cultural em que vivem. E é um fato do qual não tem tanta culpa – quando tal pensamento inadequado é um legado até mesmo do sistema educacional em que estão inseridos. Ou mesmo herança do imaginário coletivo de um povo, no caso referido, os atenienses, mais particularmente falando, como cita Nickolas Pappas

“Se tais propósitos aludem a Sócrates como indubitavelmente parece, é porque os prisioneiros perpétuos representam os Atenienses, e não os cidadãos da cidade inexistente. (Daí as palavras de desalente de Sócrates, em 515a : ‘Eles são como nós’)” PAPPAS, 1995, p. 180.

Algo a se pensar e a se discutir. Se o próprio sistema educacional ensina a pensar de forma errada, será que o estudante tem culpa? E o amontoado de coisas absurdas ensinadas pela televisão?

“Os prisioneiros que olham, vesgos, as sombras e discutem sobre sombras representam todos aqueles cidadãos que acreditam no que os políticos e os artistas lhes apregoam” Id., ib., p. 181.

São mentiras e condicionamentos que vão terminar fazendo com que o homem do povo termine por ficar aprisionado em uma caverna imaginária a observar apenas a sombra, a sua própria escuridão, a própria insuficiência dos pensamentos e a irracionalidade do imaginário coletivo do povo em que ele esteja inserido. Como vimos na citação anterior, será bem mais viável que os políticos os dominem, sem falar em outros profissionais que visem dominar a consciência humana. E o curioso é que tal dominação baseie-se na inocência da pessoa, e eis mais um grande desafio filosófico-educacional que está no caminho de nós outros, educadores da filosofia – levar ao cidadão brasileiro (e do mundo) este conhecimento um tanto transcendental, para sermos um pouco kantianos – o conhecimento de quem é o HOMEM. E o homem no excelente conceito de Immanuel Kant, o homem enquanto pessoa transcendental a si mesma, e por sinal, o sujeito de Kant será o mesmo sujeito de Hegel.

Pensemos muito bem na grandiosa tarefa do professor de filosofia no Brasil: reabilitar o pensamento socrático-platônico que chega até Kant e Hegel, um pensamento transcendental, que liberta o homem de todo e qualquer condicionamento para levá-lo às altitudes de pensar infinitamente, como chegou a propor Descartes em uma de suas “Meditações”.

“Com efeito, já percebo que meu conhecimento aumenta e se aperfeiçoa pouco a pouco e nada vejo que o possa impedir de aumentar cada vez mais até o infinito” DESCARTES, 1973, p. 117.

E agora, no ano de 2010, estamos diante da tarefa de retirar os nossos estudantes (homens do povo, pessoas comuns) das situações repressivas e levá-los a observar a entrada da caverna em que foram colocados – a caverna em que todos nós estamos inseridos. A gruta do planeta dos condicionamentos onde vamos começar a exercitar a “luz” do pensamento filosófico, científico, do esclarecimento do bom senso e da razão.

Passamos pela Filosofia Antiga, pela Filosofia Medieval, pelo Racionalismo de Descartes e pelo Empirismo de Hume e Locke, vindo depois Kant pegando a herança do Racionalismo e do Empirismo, depois vindo Hegel e logo chegaremos à Filosofia Contemporânea.

É neste contexto de Mundo Contemporâneo, com todo o seu avanço tecnológico, dos meios de comunicação, dos grandes recursos energéticos, dos computadores, dos aviões a jato e do trem bala, onde podemos replantar com rapidez assustadora todos os muitos hectares de florestas que nós mesmos devastamos e reconstruir tudo o que foi destruído em guerras e alfabetizar um bilhão de seres humanos que ainda não sabem ler; é neste contexto que veremos a imensa atualidade filosófica, histórica e educacional em que está inserida a grande lição da alegoria da caverna – retomar o ensino da Filosofia, Antiga inclusive, onde estará de volta à discussão esta libertação defendida por Platão na República.

“A presente discussão indica a existência dessa faculdade na alma e de um órgão pelo qual aprende; como um olho que não fosse possível voltar das trevas para a luz, senão juntamente com todo o corpo, do mesmo modo esse órgão deve ser desviado, juntamente com a alma toda, das coisas que se alteram, até ser capaz de suportar a contemplação do Ser e da parte mais brilhante do Ser. A isso chamamos o bem” PLATÃO, ib., p. 321.

A questão do desafio do estudo da Filosofia Antiga é justamente este: colocar o avanço tecnológico e educacional a serviço do homem e do seu conhecimento de si mesmo, visando o posterior melhoramento do planeta.

Este em meio a uma revolução educacional, tecnológica e civilizatória. E é neste contexto que está inserido o estudo da Filosofia Antiga na escola brasileira.

É um permanente renascimento, aliás uma das principais intenções de Sócrates é fazer a maiêutica – o parto das idéias, o nascimento de uma nova criatura, o homem do povo finalmente livre, e livre para pensar, aprender e ensinar tudo, inclusive Filosofia.

Vejamos a definição de maiêutica por dois dicionaristas brasileiros:

“Maiêutica sf Na filosofia socrática, arte de extrair do interlocutor, por meio de perguntas, as verdades do objeto em questão.” FERREIRA, 2000, p. 439.

“Maiêutica, s. f. Processo pedagógico socrático que consiste em multiplicar as perguntas, a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto (Ginec.) arte de partejar, de fazer nascer; obstetrícia.”

Assim estaremos de volta aos ensinamentos socrático-platônicos, de volta à discussão da liberdade de pensamento, fato que preocupou inúmeros pensadores nestes 2500 anos, desde Sócrates e desde antes dele, a incessante vontade de ser livre para pensar e para viver.

E é o que queremos demonstrando esta necessidade para vermos a gigantesca importância da Filosofia Antiga no mundo de 2010, onde vemos em meio às grandes possibilidades tecnológicas e civilizatórias dos dias que passam, tão grandes são também as perspectivas do pensamento filosófico e científico, saindo todos nós definitivamente da “caverna” da escuridão do desconhecimento, para irmos na direção da “luz” de um planeta livre, de seres humanos pensantes e que exercem e exercitam a sua infinita capacidade de pensar.


BIBLIOGRAFIA:

1949. PLATÃO, “A República”, Lisboa, Portugal.

1985. SIMÕES JUNIOR, José Geraldo, “O pensamento vivo de Marx”, São Paulo – SP.

1995. PAPPAS, Nickolas, “A República de Platão”, Lisboa, Portugal.

1973. DESCARTES, René, “Meditações” in “Os pensadores”, São Paulo – SP.

2000. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, “O Miniaurélio Século XXI Escolar”, Rio de Janeiro – RJ.

1980. BUENO, Francisco da Silveira, “Dicionário Escolar da Língua Portuguesa”, Rio de Janeiro – RJ.




Texto: Jaime Clementino de Araujo Junior
Foto:Internet
Webmaster:Paula Medeiros






30.10.10

ELEIÇÕES NO BRASIL: DILMA, ??% - SERRA, ??%


As últimas sondagens de opinião davam Dilma Roussef como vencedora da eleição para presidente do Brasil com 51,9% nas intenções de voto e José Serra com 36,7%.


Os eleitores pensaram, escolheram, decidiram, votam e o vencedor foi…


Veja os resultados no final deste meu comentário sem comentários.

Resultado das eleições no Brasil:

Dilma 55.748.326 votos( 56,05%)

José Serra 43.708.550 votos (43,95%).

Dilma Rousseff foi a vencedora, sendo a presidente do Brasil

Não-texto de Marques Pereira

Foto: ANI

Webmaster: Paula Medeiros


(Este texto foi concluído pelas 03H20 de 29.Out.2010 em Portugal)

23.10.10

A Minha Decepção Existencial,Filosófica e Religiosa Com o Espiritismo PARTE I


Há algum tempo escrevi aqui sobre a diversidade religiosa no Brasil. Hoje, continuando sobre o mesmo assunto trago um texto de autoria de Jaime Clementino Junior, onde o mesmo relata de maneira detalhada sua decepção com o espiritismo Kardecista, que na atualidade tem mais adeptos do que mesmo na França onde o movimento iniciou.

Nos primeiros meses deste ano pus fim aos meus 23 anos de permanência no movimento espírita, onde adentrei com apenas 16 anos de idade.

Alguns amigos ficaram surpresos, parentes e conhecidos também ficaram com reações bastante peculiares devido ao meu conhecimento razoável do assunto, logo eu que cheguei a possuir mais de 160 obras da tal religião.

Portanto não era apenas mais um kardecista a deixar o movimento, mas alguém que ali chegou ainda muito jovem e saiu com 40 anos de idade, tendo muito o que contar sobre tal metamorfose existencial e filosófica.

Por sugestão do velho amigo Pedro Paulo Medeiros, resolvi escrever alguma coisa, o que ainda vai levar muitas linhas, se eu for esmiuçar a importância do individuo a se precaver contra aquela religião de características verdadeiramente hipnóticas, que apela sempre para respostas relativamente fáceis e não refletidas, apesar de seus seguidores dizerem ser ela “a fé raciocinada”.

A minha ilusão começou logo que ali entrei, como disse, com 16 anos de idade. As promessas são muitas, chegam mesmo a acreditar piamente no seu codificador, Allan Kardec, francês da cidade de Lyon, autor, dentre outros livros, do “Evangelho segundo o espiritismo”, escrito por ele, obra concluída em 1864. Por sinal há um texto (meu Deus, que ingenuidade) ainda hoje muito acreditado pelos espíritas, de que a Doutrina Espírita é o “Consolador” prometido pelo Senhor Jesus Cristo no evangelho de João, capítulo 16, versos 5-15.

Passei por todas as fases dentro do movimento espírita. Primeiro vem uma grande ilusão cheia de esperanças de um mundo melhor e de uma vida melhor depois da morte. Mas as lideranças bem que nesta fase inicial escondem bem as suas garras, para depois descobrir a pessoa que ingressou em um ambiente onde será levada a efeito uma verdadeira tiranização da sua consciência e da sua vida.

Vocês lembram do “pastor” norte-americano Jim Jones? Aquele, que em 1978, na antiga Guiana Inglesa mandou seus seguidores se envenenarem para obter o Reino dos Céus? Ainda vou demonstrar as semelhanças entre aquele facínora e as lideranças espíritas brasileiras. Ambos os exemplos visam a dominar vidas e pensamentos, jamais libertando-lhes a consciência, levando-os a acreditar numa vida de bem-estar – pelo contrário, submetem os seus seguidores aos condicionamentos mais constrangedores e a uma quase lavagem cerebral.

Já ouviram falar da mediunidade e dos médiuns? Mediunidade é a “capacidade” da pessoa entrar em contato com os espíritos dos mortos fazendo as chamadas “comunicações mediúnicas”. E as pessoas que praticam a mediunidade são chamadas de médiuns. Com uma séria gravidade: uma médica bastante competente na minha cidade havia me explicado dos perigos da mediunidade sobre a saúde, tais como o envelhecimento precoce, sujeição a uma vasta série de doenças, problemas pessoais e mesmo problemas de caráter psiquiátrico. E depois que eu descobri que a maioria dos “médiuns” tomam (ou já tomaram em grande quantidade) medicamentos psiquiátricos foi que mais do que nunca que eu vi a barbaridade que é a tal prática da mediunidade. E quase toda instituição espírita tem ligado a seus serviços um ou mais médicos, com inscrição no Conselho Regional de Medicina e no Conselho Federal de Medicina. Tais médicos espíritas tem até mesmo as AMECs (Associações Médicas Espíritas). São profissionais até de certa competência nas suas especialidades, mas no mínimo distraídos demais quanto aos perigos da mediunidade. É de se suspeitar até mesmo de má-fé dos referidos médicos. Por sinal o próprio Allan Kardec diz que foi médico, e diz isto no livro “O que é o Espiritismo”. E nesta mesma obra ele diz que ela deve ser a primeira obra espírita a ser lida pelo interessado no assunto, recomendação esta pouco ou nunca divulgada nos meios espíritas brasileiros.

Um médico como Allan Kardec... Vocês não calculam o que ele pode fazer com a vida de uma pessoa.

A médica por sinal citou nomes (que eu prefiro omitir) de pessoas conhecidas nacionalmente que envelheceram precocemente e quando idosas, ficaram sujeitas a muitas doenças.

A prática da mediunidade é um verdadeiro adestramento para a pessoa entrar no mundo da loucura. E tem um livro escrito por Francisco Cândido Xavier (mais conhecido como Chico Xavier) e um médico colega dele, chamado Waldo Vieira, que se intitula “Mecanismos da Mediunidade”, que ignora o que nós, estudantes de filosofia, chamamos de Teoria do Conhecimento. Diga-se de passagem eu estou cursando o terceiro ano do Curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba.

No segundo ano do Curso de Filosofia temos um componente curricular anual chamado Teoria do Conhecimento, onde estudamos, entre outros autores, o filósofo inglês John Locke, mais particularmente um texto intitulado “Nem os princípios nem as idéias são inatas”.

Locke descreveu pormenorizadamente como se processam os pensamentos e as ilusões dele decorrentes, inclusive uma vasta série de condicionamentos.

Isto aconteceu ano passado. Por sinal desde o ano de 2006 eu vinha lendo os Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, na tradução de Huberto Rohden.

Quem nos incentivou a fazer tal leitura foi um professor do Curso de Odontologia da cidade de João Pessoa, Dr. Severino Celestino da Silva, kardecista ainda hoje, conhecedor do idioma hebraico e que começou a enfatizar no movimento espírita o estudo das traduções bíblicas; por sinal ele escreveu dois livros competentes sobre o assunto.

Ele é um bom exemplo de espírita, já o conheci no movimento, pois moro numa cidade 120 quilômetros distante de João Pessoa, cidade onde ele vive. E eu já vinha insatisfeito com as insuficiências filosóficas dos livros espíritas. Por pouco não saí definitivamente do movimento espírita no mesmo ano de 2006, quando comecei a levar a sério as traduções bíblicas, e comecei a fazer a leitura dos quatro evangelhos na tradução de Huberto Rohden, que era professor de filosofia e jamais chegou a ser espírita, como dizem alguns erradamente.

Naquele ano eu havia descoberto que os dirigentes da instituição espírita que eu freqüentava ingeriam bebidas alcoólicas “socialmente”, como se costuma dizer no Brasil para quem só se alcooliza nos fins de semana, o que não é permitido mesmo pelos padrões do espiritismo. Foi a minha primeira grande decepção, como se não bastasse o autoritarismo do dirigente dali.

O estudo na Universidade de John Locke, Sócrates, Platão, Santo Agostinho, Aristóteles, Kant, tudo isto adicionado às leituras que eu fazia dos quatro evangelhos todas as noites terminaram por me afastar do movimento espírita, quando eu vi que o espiritismo não tem herança filosófica nenhuma, e que adicionando os referidos filósofos ao que disse Jesus, conforme os relatos de Mateus, Marcos, Lucas e João, tudo isto somado resultou na minha libertação das amarras hipnotizadoras do espiritismo.

Texto: Jaime Clementino de Araujo Junior

Nota explicativa:Paulo Medeiros

Webmaster:Paula Medeiros

Foto: Internet