5.12.10

Ensino da Filsofia no Brasil na Ditadura Militar(1964 -1985)


O período ditatorial do Brasil, foi um período obscuro, que nos proporcionou um atraso em todos os sentidos e principalmente na educação.
Atendendo ao pedido do Dr. Jaime Clementino transcrevo aqui uma abordagem sobre o assunto, e prometendo ao leitor a segunda parte sobre o estudo da sua desilusão religiosa.

No dia 31 de março de 1964, culmina o movimento político-militar que depõe o Presidente do Brasil, João Belchior Goulart.

Segue-se o arbítrio e o autoritarismo, que vão ser suas caracterísiticas até o seu fechamento daquele período, com a eleição pelo Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro 1985, de Tancredo de Almeida Neves, que não chegaria a tomar posse por razões de saúde. Sua eleição indireta foi resultado da derrota da Emenda Constitucional proposta pelo Deputado Federal pelo Estado do Mato Grosso no movimento político das “Diretas Já”, o que levaria o povo brasileiro, devido a este último gesto daquele regime, ficar sem o direito de eleger o seu Presidente da República.

Com o falecimento de Tancredo Neves, viria a assumir a presidência o maranhense José Sarney, sem a autorização direta dos eleitores brasileiros, por sinal muitos haveriam de considerar aquele mandato escolhido indiretamente com um “apêndice” do governo militar, o que é uma verdade, infelizmente.

Só em 1989 o povo viria a eleger um Presidente da República, o alagoano Fernando Collor de Melo. Entramos portanto numa nova fase, a de um ciclo de presidentes eleitos pelo voto direto.

O governo militar, polêmico até hoje, iniciou-se sob o pretexto de combater a subversão, um simples álibi para muitos, principalmente para os que se prejudicaram com a ditadura, mas mesmo assim, muitos dos que sofreram ou simplesmente foram contra tal situação política, houve segmentos de oposição que tomaram a iniciativa de optar pelas armas, para desastre pessoal de muitos que jamais fariam de uso do recurso da violência.

Isto se discute até hoje, mas o certo é que ocorreu a tortura e a morte para muitos.

Porém, por inúmeras disparidades, o regime chega ao seu crepúsculo gradativamente. Isto foi irreversível. Abriu-se para não mais se fechar.

Hoje, a formação dos nossos militares e policiais é por demais profissional e com respeito às instituições e ao Estado Democrático Constitucional, e não apenas “de fato”, usando a terminologia jurídica herdada dos romanos.

Curiosamente, o extinto regime viu com desconfiança o ensino de filosofia no Brasil, chegando a proibi-lo por força da Lei 5.692, de 1971, assinado pelo então Presidente Emílio Garrastazu Médici. Mas elaborada pelo Congresso Nacional, que isto seja lembrado.

Porém, os cursos de graduação em filosofia continuaram a existir.

E só no ano de 2008 é que voltará o ensino de filosofia nas escolas brasileiras, novamente... por força da lei. A Lei 11.684, de 2008

Por ocasião da ditadura, as faculdades de filosofia resistiram ao autoritarismo.

O mesmo se passou com os cursos de Sociologia.

Nos cursos de filosofia, mesmo o marxismo ficou sendo estudado.

Professores e alunos chegariam a ser presos. Muitos professores seriam aposentados compulsoriamente, aposentadoria esta nitidamente resultado de perseguições políticas e administrativas como resultado da intromissão do regime ditatorial nas universidades brasileiras.

Esta fase terrível da vida acadêmica brasileira aconteceu, para sofrimento de muitos e, por via de conseqüência, para prejuízo de todo um povo, que só em 2006, terá a filosofia de volta à escola.

Em meio a um contexto de 2500 anos, teremos de volta a escola os ensinamentos que, desde a Grécia Antiga, já era intenção dos filósofos de ver a Filosofia ensinada para o homem do povo.

Com herança grega, temos em meio a uma democracia a volta do ensino de filosofia, após o fim de uma passageira ditadura militar, que agora poderíamos olhar para o passado, e ver em que contexto importantíssimo, temos a filosofia de volta a escola, após uma espera de quase 2500 anos.

Nenhuma esperança de liberdade foi em vão.

Finalmente a liberdade de pensamento; até que enfim, como diria Friedrich Engels (1820-1890), criador, junto com o seu colega Karl Marx, do comunismo científico e do socialismo contemporâneo, “o homem pode tornar-se senhor do seu próprio destino”.

Grande Engels.

Pelo visto, até acreditar no marxismo não foi em vão, como componente da esperança de um mundo melhor e pacífico, até porque Karl Marx odiava a guerra. Até o marxismo pode ser hoje discutido, defendido e combatido, enquanto ninguém conseguirá provar que ele é um excelente instrumento de reivindicação – e como declarar morto um instrumento de pleitear a justiça e a igualdade entre os homens?

Hoje podemos debater tudo isto, como uma homenagem justa e constante a todos os que lutaram pelo fim daquela ditadura – extinta, finalmente.

A eles, a homenagem de todo o povo brasileiro.

Texto: Dr. Jaime Clementino de Araujo

Nota explicativa: Paulo Medeiros

Webmaster:Paula Medeiros

1 comentário:

Unknown disse...

Bela sitação de Karkl Marx, caiu como uma luva no contexto.