29.12.06

ESTA PAZ “SANTA” DE MORTE E DESTRUIÇÃO...


A grande maioria dos religiosos são pessoas de Amor e Paz, mas o mesmo não se pode entender das Religiões e dos seus líderes que esquecem os respectivos deuses e enveredaram por uma “paz de morte” protagonizada por velhos e novos ódios, massacres, genocídios, tentativas de destruição em massa de nações e de países.
Como, na realidade, são os líderes das Religiões que decidem e falam pelo seu adorado Deus, admira-me que ainda existam religiosos que prosseguem na prática de actos de violência que negam toda a essência das religiões: Paz, Amor, Fraternidade, Caridade, Misericórdia.
No dia que precedeu a noite de Natal recebi de um amigo o texto que transcrevo abaixo. Eram oito horas da manhã e logo entrei em reflexão natalícia, pois na mesma região do nosso planeta onde nasceu Jesus da Nazaré e foram criados três deuses (Deus, Jeová e Alah) não há paz, o amor é festejado com orações inócuas pelos turistas-peregrinos da Europa e da América, a fraternidade está separada por muros e exércitos, a caridade não cura as dores causadas pela violência, a misericórdia não existe nos actos de morte decididos por políticos e religiosos, o povo local do deus Alah dividido em três grupos de “guerra santa” (Jihad, Fatah e Hamas) andam nas ruas a matar-se uns aos outros.
Os religiosos e as suas religiões ainda não terão compreendido que só os humanos poderão “fazer o milagre” da Paz?
No artigo “O Mundo Permanece em Silêncio”, curiosamente, não são referidos os massacres causados pela intervenção do “cristianismo capitalista” dos U.S.A. na casa dos outros, que arvorando a “bandeira” da Paz e da Democracia tem lançado o caos em muitas nações e países, sendo os exemplos mais actuais e latentes as guerras em curso no Iraque e no Afeganistão.
Mas, penso, o autor e todos nós sabemos que o Capitalismo é como uma “religião”: tanto serve para viver como para matar...
O mundo permanece em silêncio
um artigo de Ben Dror Yemini
Facto número 1: Desde o estabelecimento do Estado de Israel, um genocídio cruel é perpetrado contra muçulmanos e árabes.
Facto número 2: O conflito no Médio Oriente entre israelitas e árabes no seu todo, e contra os palestinianos em particular, é considerado o conflito central do mundo actual.
Facto número 3: Segundo sondagens levadas a cabo na União Europeia, Israel é considerada “a maior ameaça à paz mundial”. Na Holanda, por exemplo, 74% da população defende este ponto de vista. Não o Irão. Não a Coreia do Norte; Israel. A ligação entre estes factos criou a maior fraude dos nossos tempos: Israel é encarado como o país responsável por todas as calamidades, desgraças e sofrimentos. Representa um perigo à paz mundial e não apenas para o mundo árabe ou islâmico.
Como funciona a fraude
O dedo é habilmente apontado. É difícil culpabilizar Israel pelo genocídio no Sudão ou pela guerra civil na Argélia. Como é que isto é feito? Dezenas de publicações, artigos, livros, jornais e websites dedicam-se a um propósito único: transformar Israel num Estado que incessantemente comete crimes de guerra. Em Jacarta e Khartoum queimam-se bandeiras israelitas e em Londres, Oslo e Zurique publicam-se artigos carregados de ódio apoiando a destruição de Israel. Qualquer pesquisa nos motores de busca da Internet com as palavras “genocídio” contra “muçulmanos”, “árabes” ou “palestinianos” – com “sionista” ou “Israel” como contexto – dará resultados incontáveis. Mesmo depois de filtrado o lixo, restam milhões de publicações escritas com a maior das seriedades. Esta abundância dá resultado. Funciona como uma lavagem ao cérebro. Há cinco anos testemunhámos um espectáculo anti-israelita na Convenção de Durban [ver “Terrorism and Racism: The Aftermath of Durban,” by Anne F. Bayefsky]. Há dois anos sentimo-nos chocados quando um membro da nossa comunidade académica acusou Israel de “genocídio simbólico” contra o povo palestiniano. Mas isso não foi nada. Há milhares de publicações que acusam Israel de praticar um genocídio nada simbólico. Sob a capa académica ou jornalística, Israel é hoje comparada à infame Alemanha de outros tempos. Em conclusão, há aqueles que apelam ao fim do “projecto sionista”. Posto de forma mais simples: porque Israel é um país que comete tantos crimes de guerra e pratica limpeza étnica e genocídio, não tem direito a existir. Esta, por exemplo, é a essência de um artigo do escritor norueguês Jostein Gaarder que, entre outras coisas, escreveu: “chamemos os assassinos de crianças pelo seu próprio nome” [ver Heretics’ almanac: A literary critique of Jostein Gaarder’s infamous piece, por Leif Knutsen]. A conclusão é que Israel não tem direito a existir. Por entre tudo isto, a tragédia é que massacres acontecem em países árabes e islâmicos. Um genocídio protegido pelo silêncio do mundo. Um genocídio perpetrado por uma fraude que provavelmente não terá paralelo na história da humanidade. Um genocídio que não tem qualquer ligação a Israel, a sionistas ou judeus. Um genocídio maioritariamente contra árabes e muçulmanos, perpetrado maioritariamente por árabes e muçulmanos. Esta não é uma questão de opinião ou ponto de vista. Isto é o resultado de uma avaliação factual, tão precisa quanto possível, do número de vítimas de várias guerras e conflitos que tiveram lugar desde o estabelecimento do Estado de Israel até hoje. É um morticínio de larga escala. Um massacre. É o extermínio integral de aldeias, cidades e de populações inteiras. E o mundo permanece em silêncio. Os muçulmanos estão, de facto, ao abandono. São chacinados e o mundo cala-se. E se abre a boca, não se queixa dos morticínios. Não se queixa destes crimes contra a humanidade. Queixa-se de Israel. A grande fraude, aquela que cobre os factos reais, continua a crescer por uma razão simples: Os media e os meios académicos no Ocidente participam nela. Em inúmeras publicações Israel é retractado como um Estado que pratica “crimes de guerra”, “limpeza étnica” e “matanças sistemáticas”. Por vezes é por ser moda, outras por engano, outras vezes ainda é o resultado de hipocrisia e dualidade de critérios. Por vezes é o novo e o velho antisemitismo, da esquerda e da direita, encoberto ou descarado.
O conflito Israelo-Árabe
O estabelecimento sionista deste país [Israel], que começou nos finais do século XIX, criou, de facto, um conflito entre judeus e árabes. O número de mortos resultantes de confrontos vários até ao estabelecimento do Estado de Israel não foi mais de uns poucos milhares, tanto judeus como árabes. A maior parte dos árabes mortos durante esses anos foram-no em lutas armadas entre os próprios árabes; como, por exemplo, durante a Grande Insurreição Árabe de 1936-1939. Era um sinal do que estava para vir. Muitos outros foram mortos em resultado da mão pesada do Mandato Britânico. Israel nunca fez nada comparável. A guerra de Independência de Israel [ver 1948 Arab-Israeli War - Wikipedia], também conhecida com a Guerra de 48, fez entre 5.000 a 15.000 mortos entre palestinianos e cidadãos de países árabes. Nesta guerra, tal como em qualquer outra guerra, houve atrocidades. Os agressores declararam o seu objectivo de forma clara, e caso tivessem vencido o mundo teria assistido ao extermínio em massa de judeus. Do lado de Israel houve também actos de barbárie, mas estes situaram-se sempre na margem das margens. Menos, muito menos do que em qualquer outra guerra dos tempos modernos. Muito menos do que continua a ser perpetrado diariamente, por muçulmanos maioritariamente contra outros muçulmanos, no Iraque e no Sudão. O evento seguinte foi a Guerra do Sinal de 1956 [ver Suez Crisis - Wikipedia]. Cerca de 1.650 egípcios foram mortos por tropas de Israel, França e Reino Unido. Depois veio a Guerra dos Seis Dias (1967) [ver Six-Day War]. As mais elevadas estimativas apontam para 21 mil árabes mortos em três frentes – Egipto, Síria e Jordânia. A Guerra do Yom Kippur (1973) [ver Yom Kippur War - Wikipedia] resultou em 8.500 árabes mortos, desta vez em duas frentes – Egipto e Síria. Houve também guerras mais “pequenas”: a primeira Guerra do Líbano, que inicialmente fora apenas contra a OLP e não contra o Líbano. Esta foi uma guerra dentro de outra guerra. Estes foram os anos da sangrenta guerra civil libanesa, uma guerra que discutiremos mais à frente. Tal como a segunda guerra do Líbano, na qual perderam a vida cerca de um milhar de libaneses. Milhares de palestinianos foram mortos durante a ocupação israelita dos territórios, que foi iniciada no final da Guerra dos Seis Dias. A maioria das baixas registaram-se durante as duas Intifadas, aquela que começou em 1987 que resultou em 1.800 palestinianos mortos, e a iniciada em 2000, com 3.700 mortos palestinianos. Entre estes conflitos houve mais acções militares que causaram fatalidades entre a população árabe. Se exagerarmos podemos dizer que mais umas poucas centenas de pessoas foram mortas. Não centenas de milhar. Não milhões. A contagem total dá cerca de 60 mil árabes mortos no quadro do conflito Israelo-Árabe. Entre eles, alguns milhares de palestinianos, apesar de ser por causa deles, e só por eles, que Israel é o alvo da ira mundial. Todas as mortes são absolutamente lamentáveis. É perfeitamente aceitável e perfeitamente normal criticar Israel. Mas a censura obsessiva enfatiza um facto ainda mais espantoso: o silêncio do mundo, ou pelo menos o seu silêncio relativo, face ao extermínio sistemático de milhões de outros perpetrado por regimes árabes e muçulmanos.
O preço do sangue dos muçulmanos
Daqui para a frente temos de colocar outra questão: Quantos árabes e muçulmanos foram mortos durante os mesmos anos por outros países, pela França e pela Rússia, por exemplo, e quantos árabes, muçulmanos e outros foram mortos durante esses mesmos anos por árabes e muçulmanos? A informação aqui coligida é baseada em várias fontes, de institutos e instituições académicas a organizações internacionais (como a Amnistia Internacional e outras dedicadas à salvaguarda dos direitos humanos), das Nações Unidas e de organizações governamentais. Em alguns casos várias organizações apresentam números diferentes e contraditórios. As diferenças por vezes chegam às centenas de milhar e mesmo milhões. Provavelmente nunca saberemos os números exactos. Mas mesmos os mais baixos números aceites e estabelecidos, que são a base dos parágrafos que se seguem, apresentam um quadro simultaneamente chocante e assustador.
Argélia: Poucos anos depois do estabelecimento do Estado de Israel, deflagrou outra guerra de independência. Desta vez foi a Argélia contra a França, entre os anos de 1954 e 1962. O número de vítimas do lado muçulmano é ainda tema de uma acesa controvérsia. Segundo as fontes oficiais argelinas é superior a um milhão. Há investigadores no Ocidente que aceitam este número. Fontes francesas afirmaram no passado que morreram apenas 250 mil muçulmanos, com baixas adicionais de mais 100 mil entre os muçulmanos que colaboravam com os franceses. Mas estas estimativas são consideradas tendenciosas e baixas. Hoje em dia poucos questionam que os franceses mataram perto de 600 mil muçulmanos. E estes são os mesmos franceses que não cessam de pregar contra Israel; Israel que durante toda a história do conflito com os árabes nem chegou a um décimo desse número e, mesmo assim, apenas contando com as estimativas mais severas. O massacre na Argélia continua. A Frente Islâmica de Salvação (FIS) venceu as eleições de 1991. Os resultados eleitorais foram cancelados pelo exército. Desde então o país tem vivido uma sangrenta guerra civil, entre o governo central, apoiado pelas forças armadas, e movimentos islâmicos. Segundo várias estimativas, a guerra civil argelina fez mais de 100 mil vítimas mortais. A maioria das quais têm sido civis inocentes. Grande parte das mortes têm ocorrido em massacres horrendos de aldeia inteiras, incluindo mulheres, crianças e velhos. Sumário: 500.000 a um milhão de mortos durante a guerra de independência; 100.000 na guerra civil desde 1992.
Sudão: Um país destroçado por campanhas de destruição, quase todas entre os árabes muçulmanos do norte, que controlam o país, e o sul, onde a população é negra. Este país teve duas guerras civis, e nos últimos anos tem-se assistido a um massacre continuado, com o patrocínio do governo, na província de Darfur. A primeira guerra civil estendeu-se de 1955 a 1972. Estimativas moderadas apontam para 500.000 vítimas mortais. Em 1983 começou a chamada segunda guerra civil. Não foi bem uma guerra civil, mas sim o massacre sistemático definido como genocídio. Os objectivos eram a islamização, a arabização e a deportação em massa que ocasionalmente se tornou massacre, também pela necessidade de controlar enormes campos de petróleo. Estamos a falar de quase dois milhões de mortos. A divisão entre vítimas muçulmanas e não-muçulmanas não é clara. A região de Noba, povoada maioritariamente por muçulmanos negros, foi um dos principais palcos dos horrores. Os negros, mesmo que sejam muçulmanos, não têm a vida nada facilitada. Desde a ascensão ao poder dos radicais islâmicos, sob a liderança do Dr. Hassan Thorabi, a situação tem piorado. Esta é provavelmente a pior serie de crimes contra a humanidade desde a Segunda Guerra Mundial – limpeza étnica, deportações, massacres em massa, escravatura, violação sistemática de mulheres, aplicação forçada das leis islâmicas, crianças retiradas aos seus pais. Milhões de sudaneses tornaram-se refugiados. Tanto quanto saiba, não há milhões de publicações a exigir o “direito de retorno” dos sudaneses e não há nenhuma petição de intelectuais a negar o direito do Sudão existir. Nos últimos anos começou-se a falar de Darfur. Muçulmanos árabes têm massacrado muçulmanos e animistas. Os números são pouco claros. Estimativas moderadas falam em 200 mil vítimas mortais do conflito, outras apontam para 600 mil. Ninguém sabe ao certo. E os massacres prosseguem. Sumário: entre 2.600.00 a 3.000.000 de mortos.
Afeganistão: Este país é uma teia de massacres – domésticos e externos. A invasão soviética, que começou a 24 de Dezembro de 1979 e terminou a 2 de Fevereiro de 1989, deixou pelo caminho cerca de um milhão de mortos. Outras estimativas falam em milhão e meio de civis mortos, mais 90 mil soldados. Depois da retirada das forças soviéticas, o Afeganistão enfrentou uma série de guerras civis entre apoiantes soviéticos, os mojahidin e os taliban. Cada um dos grupos defendia e praticava uma doutrina de extermínio do adversário. A soma das fatalidades da guerra civil, até à invasão das forças da coligação internacional lideradas pelos Estados Unidos em 2001, é de cerca de um milhão. Há quem lamente, e com razão, a carnificina que teve lugar em resultado da ofensiva para derrubar o regime taliban e como parte da luta armada contra a al-Qaeda. Bem, a invasão do Afeganistão provocou um número relativamente limitado de vítimas, menos de 10 mil. Se esta não tivesse ocorrido assistiríamos à continuação do auto-imposto genocídio, à razão de 100 mil mortos por ano. Sumário: De 1.000.000 a 1.500.000 mortos durante a invasão soviética; cerca 1.000.000 mortos na guerra civil.
Somália: Desde 1977 que este Estado muçulmano da África Oriental tem permanecido submerso numa interminável guerra civil. O número de vítimas é estimado em 550 mil. São muçulmanos a matar outros muçulmanos. As Nações Unidas tentaram intervir com missões de manutenção de paz que redundaram em fracasso, tal como fracassaram tentativas posteriores das forças americanas. A maioria das vítimas não morre em campos de batalha, mas em resultado de privação deliberada de alimentos, massacres de civis, bombardeamentos intencionais de populações civis (como os bombardeamentos de Somaliland, que provocaram mais de 50 mil mortos). Sumário: 400.000 a 550.000 mortos.
Bangladesh: Este país aspirou a tornar-se independente do Paquistão. O Paquistão reagiu com uma invasão militar que provocou uma destruição em massa. Não foi uma guerra, foi um massacre. Entre um a dois milhões de pessoas foram sistematicamente liquidadas em 1971. Alguns investigadores definem os eventos desse ano no Bangladesh como um dos três grandes genocídios da história (depois do Holocausto e do Ruanda). Uma comissão de inquérito nomeada pelo governo do Bangladesh contou 1.247.000 fatalidades como resultado do massacre sistemático de civis pelo exército paquistanês. Há igualmente inúmeros relatos de “esquadrões da morte”, onde soldados muçulmanos eram enviados para executar assassínios em massa de agricultores muçulmanos. O exército paquistanês cessou as hostilidades apenas depois da intervenção da Índia, que sofrera um influxo de milhões de refugiados do Bangladesh. Mais de 150.000 mil pessoas foram mortas em actos de retaliação após a retirada do Paquistão. Sumário: 1.400.000 a 2.000.000 mortos
Indonésia: O maior Estado muçulmano do mundo compete com o Bangladesh e o Ruanda para o questionável título de “maior genocídio desde o Holocausto”. O massacre teve início com a revolta comunista de 1965. Há diferentes estimativas em relação ao número de fatalidades também neste caso. As mais aceites apontam para 400.000 indonésios mortos entre 1965 e 1966, apesar de estimativas mais rígidas falarem em números muito mais elevados. Os massacres foram perpetrados pelo exército, liderado por Hag’i Mohammed Soharto, que subiu ao poder e controlaria o país durante os 32 anos seguintes. Um investigador escreveu que a pessoa encarregue de reprimir a rebelião, o general Srv Adei, admitiu: “Matámos 2 milhões, não um milhão, e fizemos um bom trabalho.” Mas para esta discussão vamos cingir-nos às estimativas mais baixas. Em 1975, depois do fim do domínio português, Timor Leste declarou a independência. Pouco tempo depois, Timor foi invadido pela Indonésia, que dominou o território com mão de ferro até 1999. Durante este período, entre 100.000 a 200.000 pessoas foram mortas. Sumário: 400.000 mortos, mais de 100.000 a 200.000 em Timor Leste.
Iraque: A esmagadora maioria da destruição ocorrida nas últimas duas décadas foi obra de Saddam Hussein. Este é outro exemplo de um regime que matou milhões de pessoas. Um dos seus pontos altos foi durante a guerra Irão-Iraque, no conflito sobre o Shat El Arab, o rio criado pela convergência do Tigre e do Eufrates. Este foi um conflito que não levou a mais nada que não destruição em larga escala e mortes em massa. As estimativas apontam entre 450.000 e 650.000 mortos do lado iraquiano, e entre 450.000 a 950.000 mortos iranianos. Judeus, israelitas e sionistas não estavam por perto, tanto quanto sei. Vagas de purgas, algumas motivadas politicamente (contra a oposição), outras étnicas (contra a minoria curda) e algumas motivadas pela religião (a minoria sunita no poder contra a maioria xiita), provocaram um número impressionante de vítimas. Estimativas variam entre um milhão, segundo fontes locais, e 250.000, segundo a Human Rights Watch. Outras organizações internacionais apontam para 500.000 mortos. Em 1991 e 1992 houve uma rebelião xiita no Iraque. Há, também aqui, estimativas contraditórias quanto ao número de vítimas, variando entre 40.000 e 200.000. Aos iraquianos mortos devem juntar-se também os curdos. Durante o consulado de Saddam Hussein, entre 200.000 a 300.000 curdos foram mortos num genocídio que prosseguiu nos anos 80 e 90. Com as sanções impostas ao Iraque no seguimento da Guerra do Golfo, mais de meio milhão de iraquianos morreram de doenças resultantes da falta de medicamentos. Hoje é claro que esta foi uma continuação do genocídio perpetrado por Saddam contra o seu próprio povo. Ele podia ter suprido as necessidades de medicamentos, mas Saddam Hussein preferiu construir palácios e comprar influências no Ocidente e no mundo árabe. Tudo isto tem vindo a público na sequência das investigações à corrupção no programa “Oil for Food” da ONU. Os iraquianos continuam a sofrer. A guerra civil devasta hoje o país – ainda que alguns recusem dar este nome ao massacre mútuo de sunitas e xiitas –, custando dezenas de milhares de vidas. Estima-se que cerca de 100.000 pessoas tenham morrido desde a invasão do Iraque. Sumário Iraque: entre 1.540.000 a 2.000.000 de mortos Sumário Irão: entre 450.000 a 970.000
Líbano: A guerra civil libanesa aconteceu entre 1975 e 1990. Israel esteve envolvida em algumas das suas fases, naquela que é agora conhecida como a primeira Guerra do Líbano, em 1982. Os especialistas concordam que a grande maioria das vítimas foram mortas durante os primeiros dois anos da guerra civil (1975/1976). As estimativas geralmente aceites apontam para cerca de 130.000 mortos. Libaneses matando outros libaneses por razões étnicas e religiosas, e em ligação com o envolvimento da Síria. Damasco transferiu apoios entre as várias facções beligerantes. As mais elevadas projecções defendem que Israel foi responsável pela morte de 18.000 pessoas, a vasta maioria das quais combatentes. Sumário: 130.000 mortos
Yémen: Na guerra civil yemanita, entre 1962 e 1970, com envolvimento do Egipto e da Arábia Saudita, entre 100.000 a 150.000 foram mortos. O Egipto cometeu crimes de guerra ao utilizar armas químicas no conflito. Motins no país entre 1984 e 1986 provocaram a morte a outros milhares de pessoas. Sumário: entre 100.000 a 150.000 mortos.
Chechnya: A rejeição russa das pretensões independentistas da República Chechena, conduziram à primeira Guerra da Chechnya, entre 1994 e 1996. Nesta guerra perderam a vida entre 50 mil a 200 mil chechenos. A Rússia investiu bastante neste conflito, mas falhou miseravelmente. Isto não ajudou os chechenos – alcançaram a autonomia, mas a república estava completamente em ruínas. A segunda Guerra da Chechnya começa em 1999 e acaba oficialmente em 2001, apesar de na realidade não ter ainda terminado, gerando entre 30 mil a 100 mil vítimas mortais. Sumário: entre 80.000 a 300.000 mortos.
Da Jordânia ao Zanzibar: A juntar a todas estas guerras e massacres houve ainda confrontos de menor dimensão que custaram a vida a dezenas de milhares de pessoas – árabes e muçulmanos mortos por árabes e muçulmanos. Estes conflitos não entram nas tabelas destas páginas porque o número de vítimas é pequeno, em termos relativos, ainda que seja significativamente mais elevado que o número de vítimas do conflito Israelo-Árabe. Aqui ficam alguns deles:
Jordânia: Em 1970 e 1971 ocorrem no reino Hashemita da Jordânia os confrontos que ficariam conhecidos como Setembro Negro. O confronto foi desencadeado pelo rei Hussein, farto da forma como os palestinianos usavam o país e ameaçavam tomar o poder pela força das armas. Nos confrontos, essencialmente massacres em campos de refugiados, milhares de pessoas perderam a vida. Segundo os próprios palestinianos morreram entre 10.000 a 25.000.
Chade: Metade da população do Chade é muçulmana; mais de 30.000 civis perderam a vida em várias guerras.
Kosovo: Nesta região maioritariamente muçulmana da Jugoslávia cerca de 10.000 pessoas foram mortas entre 1998 e 2000.
Tadjiquistão: A guerra civil, ocorrida entre 1992 e 1996, deixou sem vida cerca de 50.000 pessoas.
Síria: A perseguição sistemática da Irmandade Muçulmana pelo regime de Hafez Assad terminou com o massacre da cidade de Hama, em 1982, custando a vida a 20.000 pessoas.
Irão: Milhares de pessoas foram mortas no início da Revolução do Ayatollah Ruhollah Khomeini. O número exacto é desconhecido, mas situa-se entre os milhares e as dezenas de milhar. Os curdos sofreram também a sua quota parte de morticínio às mãos do regime saído da revolução de 1979, com mais de 10.000 pessoas chacinadas.
Turquia: Cerca de 20.000 curdos foram mortos na Turquia na sequência de um conflito que ainda hoje se mantém.
Zanzibar: No início da década de 1960 a ilha ganhou independência da Tanzânia, mas apenas por um curto período. Inicialmente, os árabes tomaram o poder, mas um grupo de muçulmanos negros massacrou os árabes em 1964. As estimativas apontam entre 5.000 a 17.000 mortos em resultado deste conflito.
Mesmo assim, esta lista não termina aqui. Houve mais conflitos com um número desconhecido de vítimas nas antigas repúblicas soviéticas onde a população muçulmana era a maioria (como a guerra entre o Azerbaijão e a Arménia por causa de Nagurno Karabach), e um número discutível de muçulmanos mortos em países com populações mistas em África, tal como a Nigéria, a Mauritânia ou o Uganda – nos anos em que Idi Amin dominou o Uganda, na década de 70, cerca de 300.000 pessoas foram chacinadas. Idi Amin era muçulmano mas, em contraste com o Sudão, é difícil afirmar que o enquadramento dos massacres tinha algo a ver com a religião.
O conflito Israelo-Palestiniano
A tudo o que está acima podem juntar-se mais estes dados: a esmagadora maioria dos árabes mortos no quadro do conflito Israelo-Palestiniano foram-no em resultado de guerras instigadas pelos árabes em virtude da sua recusa em reconhecer a decisão da ONU quanto ao estabelecimento do Estado de Israel, e da sua recusa em reconhecer o direito dos judeus à autodeterminação. O número de israelitas mortos pelos árabes tem sido relativamente menor do que o número de árabes mortos pelos israelitas. Na Guerra da Independência, por exemplo, 6.000 israelitas foram mortos entre uma população total de 600.000. Isto representa um porcento da população. Em comparação, as baixas árabes da guerra contra Israel vieram de sete países, com uma população global de largas dezenas de milhões de pessoas. Israel nunca sonhou, não pensou nem nunca quis destruir nenhum estado árabe. Mas o objectivo declarado dos exércitos atacantes era “aniquilar a entidade judaica.” Obviamente, nos últimos tempos, as vítimas palestinianas têm recebido uma grande atenção dos media e dos meios académicos. Na verdade, estas compõem uma pequena percentagem da soma total das vítimas. A soma total dos palestinianos mortos por Israel nos territórios ocupados é na ordem dos milhares: 1378 mortos durante a primeira intifada e 3.700 durante a segunda intifada. Menos, por exemplo, do que o número de vítimas muçulmanas massacradas pelo antigo presidente sírio Hafez Assad em Hama em 1982 (20.000). Menos do que o número de palestinianos massacrados pelo rei Hussein na Jordânia em 1971 (entre 10.000 a 25.000). Menos do que o número de pessoas mortas pelos sérvios num único massacre de muçulmanos bósnios em Srebrenica em 1991 (8.000). A morte de uma única pessoa é absolutamente lamentável, mas não há libelo fraudulento maior do que chamar “genocídio” aos actos de Israel. Mesmo assim, fazendo uma busca das palavras “Israel” e “genocídio” no Google encontram-se 13.600.000 referências. Experimentem escrever “Sudão” e “genocídio” e terão menos de 9 milhões de resultados. Estes números, se quiserem, são a essência da grande fraude.
A ocupação não é iluminada, mas não é brutal
Outro facto: Desde a Segunda Guerra Mundial, o conflito Israelo-Palestiniano é o conflito nacional com o menor número de vítimas, mas com o maior número de publicações hostis a Israel nos media e nos meios académicos. Pelo menos meio milhão de argelinos morreram durante a ocupação francesa. Um milhão de afegãos perdeu a vida no decurso da ocupação soviética. Milhões de muçulmanos e árabes foram chacinados às mãos de outros muçulmanos e árabes. Mas a única história que o mundo reconhece é a de Mohammed al-Dura (cuja morte é perfeitamente lamentável, mas que ao mesmo tempo é duvidoso que ele tenha sido morto por soldados israelitas). É possível e perfeitamente aceitável criticar Israel. Mas a excessiva, obsessiva, e por vezes antisemita crítica serve também para cobrir, e em alguns casos mesmo aprovar, o genocídio de milhões de outros. A ocupação não é iluminada e nunca poderá ser iluminada. Mas se tentarmos criar uma escala de “ocupações brutais”, Israel ficará em último. Isto é um facto. Não é uma opinião. O que aconteceria aos palestinianos se, em vez de estarem sob ocupação israelita, fossem ocupados pelos iraquianos? Ou pelos sudaneses? Ou mesmo pelos franceses ou pelos russos? É muito provável que tivessem sido vítimas de genocídio, na pior das hipóteses, ou de massacres em massa, purgas e deportações, na melhor das hipóteses. Mesmo que, e repito, não existam ocupações iluminadas, e se é aceitável e possível, e por vezes absolutamente necessário, criticar Israel, não há nem nunca houve uma ocupação com tão poucas baixas (na verdade há outras questões que não se manifestam no número de baixas, como o problema dos refugiados, que discutirei num capítulo separado).
A moralidade do ecrã de televisão
Então por que razão é a percepção do mundo exactamente o oposto? Porque razão não existe uma ligação entre os factos e os números e a muito demoníaca imagem de Israel no mundo? Há muitas respostas possíveis. Uma delas é que a moral do Ocidente tornou-se a moralidade das câmaras de televisão. Se um terrorista palestiniano ou do Hezbollah lançar um míssil por entre habitações civis, e Israel retaliar – causando, imagine-se, a morte de duas crianças –, haverá inúmeras manchetes e artigos por todo o mundo clamando que “Israel assassina crianças”. Mas se aldeias inteiras são destruídas no Sudão, ou se cidades inteiras forem arrasadas na Síria, não haverá câmaras de televisão na zona. E assim, de acordo com a moralidade televisiva, José Saramago e Harold Pinter assinarão uma petição protestando contra o “genocídio” e os “crimes de guerra” perpetrados por Israel. Provavelmente eles não sabem que, com algumas excepções, os actos de Israel contra alvos militares que atingem civis são permitidos de acordo com as Convenções de Genebra (protocolo 1, parágrafo 52.2). E porque estão tão submersos na moralidade das câmaras de televisão, nunca assinarão uma petição em protesto contra o genocídio de muçulmanos perpetrado por muçulmanos. O assassínio pelo assassínio. A moralidade televisiva é uma tragédia para os próprios árabes e muçulmanos. Israel paga caro por causa dela, mas os árabes e muçulmanos são as suas vítimas reais. E enquanto prosseguir a moralidade do ecrã, os árabes e muçulmanos continuarão a pagar o preço.
Epílogo Há aqueles que defendem que os estados árabes e muçulmanos são imunes a críticas porque não são democráticos, mas Israel é merecedora de críticas porque tem pretensões democráticas. Argumentos destes revelam um Orientalismo paternalista no seu pior. A suposição encoberta é que os árabes e muçulmanos são as crianças atrasadas mentais do mundo. Eles podem fazê-lo. Isto não é só Orientalismo paternalista. É racismo! Os árabes e muçulmanos não são crianças e não são atrasados mentais. Muitos árabes e muçulmanos reconhecem este fenómeno e escrevem sobre ele. Eles sabem que só o fim da auto-ilusão e o assumir de responsabilidades pode trazer a mudança. Eles sabem que enquanto o Ocidente os tratar como desiguais e irresponsáveis estará a perpetuar não só uma atitude racista, mas também a continuação das chacinas em massa. O genocídio que Israel não está a cometer, aquele que é um libelo fraudulento, esconde o verdadeiro genocídio, o genocídio silenciado que árabes e muçulmanos estão a cometer contra si próprios. A fraude tem de acabar para que se possa olhar a realidade. Para o bem dos árabes e muçulmanos. Israel paga em imagem. Eles pagam em sangue.Se restar no mundo alguma moralidade, isto deveria ser do interesse de quem ainda tem dela alguma gota. A acontecer, seria uma pequena notícia para Israel, mas uma imensa boa nova para os árabes e muçulmanos. “

Texto: Marques Pereira
Foto: Unknown
Webmaster: Paula Medeiros

22.12.06

É NATAL


Chegamos a mais um final de ano. Tudo fica mais bonito e as pessoas geralmente estão preocupadas com as prendas, saem ao consumo.

Comemoramos o nascimento daquele que foi o homem mais importante que já existiu. Aquele que morreu por nós e para remissão dos nosso pecados. Esta é a doutrina da maioria das religiões cristãs.

Infelizmente, e é triste mas a humanidade segue cada vez mais distante dos seus ensinamentos, e por consequência a Deus.

O mundo continua com tantas guerras e com tanta pobreza. Os homens preocupam-se em gastar fortunas em armamentos e esquecem dos que vivem, como em África, a morrer daquilo que lhes é de mais básico: comer.

Que humanidade é esta, que divide o mundo entre ricos e pobres, uma sociedade com fronteiras e discriminações?

Que podemos fazer?

Se cada um de nós fizesse a sua parte teríamos pelo menos a possibilidade de nossos filhos ter um dia um mundo melhor e com mais igualdade. E esta igualdade nem mesmo existe naquele que representa melhor toda esta época. Estou a falar do Pai Natal (Papai Noel) que todos os anos leva seus presentes aos mais afortunados. É como se para ele, por ironia não existissem os bairros de lata (favelas) e tantos outros marginalizados. Assim vemos que até esta lenda é incoerente e discriminatória como os homens.

Sabe-se lá, mas uma criança da Cova de Moura (arredores de Lisboa) ou da Rocinha (Rio de Janeiro) não tem jamais condições de entender a sua injustiça. Fica mesmo só no sonho de ver descer este personagem pela chaminé imaginaria. Que bom seria que as práticas das lendas e tradições fossem reais. Talvez assim enquanto nós os homens não resolvemos, oxalá consigamos ter a esperança que este espírito caia sobre todos.

Nós que fazemos o blog Lusitânia Perdida desejamos a todos os nossos leitores um Feliz Natal.

Texto: Paulo Medeiros
Webmaster: Paula Medeiros
Foto: Christmas Tree

15.12.06

NATAL NUMA CIDADE DE BANDIDOS


Este texto não pretende meter no “mesmo saco” todos os brasileiros residentes no Rio de Janeiro, uma cidade tão linda e com uma das maiores maravilhas deste mundo que é o monumento a Cristo Redentor, mas apenas manifestar a minha indignação e reprovação pelo ataque que dois bandidos armados fizeram à casa de um padre católico, o qual, na altura, estava reunido com vinte caridosas senhoras a planejar a distribuição de alimentos e brinquedos aos pobres de um bairro periférico do Rio de Janeiro.

Os bandidos agrediram o padre na cabeça, ao ponto de ter sido levado e ficado no hospital em observação clínica. Eles exigiram que o clérigo lhes entregasse todo o dinheiro que havia na igreja, numa das duas que existem em Bangu, que nesta época da festa natalícia de Jesus de Nazaré é abundante nos templos católicos e se destina a distribuir pelos pobres em numerário, alimentos e brinquedos.

Às senhoras roubaram os telefones móveis (“telemóveis” em Portugal e “celulares” no Brasil), obrigando-as a deitarem-se no chão.

Este banditismo brasileiro já se espalhou pela América e Europa, tendo em Portugal e Espanha contribuído para encher as cadeias, onde os íberos (como são designados os povos destes dois países) começaram a ver todos os brasileiros, injustamente para a maioria deles, como indesejáveis vigaristas, ladrões, capangas e assassinos, mantendo-se à distância deles com desconfiança, precaução e defesa.

Recordo e dou a ler este poema do baiano Rui Barbosa, uma das mais importantes personagens da História brasileira (1849-1923), advogado, jornalista e político, que poetou assim o Brasil de então como se fosse uma profecia para o Brasil de hoje:


Sinto vergonha de mim

por ter sido educador de parte desse povo

por ter batalhado sempre pela justiça

por compactuar com a honestidade

por primar pela verdade

e por ver este povo já chamado varonil

enveredar pelo caminho da desonra.


Sinto vergonha de mim

por ter feito parte de uma era

que lutou pela democracia,

pela liberdade de ser

e ter que entregar aos meus filhos,

simples e abominavelmente,

a derrota das virtudes pelos vícios,

a ausência da sensatez

no julgamento da verdade,

a negligência com a família,

célula-mater da sociedade,

a demasiada preocupação

com o "eu" feliz a qualquer custo,

buscando a tal "felicidade

em caminhos eivados de desrespeito

para com o seu próximo.


Tenho vergonha de mim

pela passividade em ouvir,

sem despejar meu verbo,

a tantas desculpas ditadas

pelo orgulho e vaidade,

a tanta falta de humildade

para reconhecer um erro cometido,

a tantos "floreios" para justificar

atos criminosos,

a tanta relutância

em esquecer a antiga posição

de sempre "contestar",

voltar atrás

e mudar o futuro.


Tenho vergonha de mim

pois faço parte de um povo que não reconheço,

enveredando por caminhos

que não quero percorrer...


Tenho vergonha da minha impotência,

da minha falta de garra,

das minhas desilusões

e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir

pois amo este meu chão,

vibro ao ouvir meu Hino

e jamais usei a minha Bandeira

para enxugar o meu suor

ou enrolar meu corpo

na pecaminosa manifestação de nacionalidade.


Ao lado da vergonha de mim,

tenho tanta pena de ti,

povo brasileiro!

De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes

nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto.


Como eu, Marques Pereira, sou uma pessoa que gosta sincera e sentimentalmente dos seus amigos, ao ter conhecimento destas notícias de ladroagem e violência fico preocupado com a vida e os bens dos brasileiros que me concedem a sua amizade e que estão a viver em Portugal, Espanha e no Brasil.

Cuidado com a vossa vida, pois ela vale mais do que o dinheiro que têm no momento de um assalto e de todos os bens que possuem! Se forem assaltados, obedeçam aos bandidos, não os olhem nos olhos, vejam como eles são e vestem para contar à polícia, deixem eles levar tudo para que, meus amigos, continuem vivos!

E tenham um santo Natal, com muita alegria, boa comida e bebidas, a família reunida e uns minutos de memória pelo Homem que lhes permitiu festejar o nascimento de um mundo diferente e crescentemente novo, livre, fraterno e caridoso: Jesus de Nazaré.


Texto: MARQUES PEREIRA

Foto: Autor N.I.

Webmaster: Paula Danielle Medeiros

8.12.06

Nelly Furtado


Nelly Furtado é uma popular cantora, compositora e atriz luso-canadiana. É filha de Maria Manuela Furtado e Antonio José Furtado, emigrantes açoreanos que se estabeleceram no Canadá.

Desde muito jovem aprendeu a tocar vários instrumentos e a compor já suas próprias músicas, em um estilo um pouco diferente do escutado hoje (Pop, Hiphop).

Quando terminou a escola, Nelly se mudou para Toronto e formou o duo "Nelstar" em 1997, com o músico local Tallisman. O duo poderia ter ganhado um primeiro videoclipe, mas Nelly sentiu que as músicas não se relacionavam com seu estilo. O vídeo nunca foi gravado.

Cantando em bares pela noite, Nelly foi descoberta por Gerald Eaton que tornou - se co-produtor do seu primeiro disco, “Whoa, Nelly!”. O álbum lhe trouxe grande sucesso, mas não chegou a estar em primeiro lugar nos “charts” americanos. O mesmo álbum valeu-lhe também várias colaborações, sendo entre elas a mais famosa "Fotografia" com Juanes, onde Nelly pôde revelar o seu espírito latino.

No dia 20 de setembro de 2003, Nelly deu à luz a sua primeira filha, Nevis, filha de seu ex-namorado Jasper Gahunia.

Seu segundo álbum “Folklore” foi lançado no dia 25 de novembro de 2003. Um dos “hits” foi a música “Força”, que foi escrita para ser Hino Oficial do Campeonato Europeu de Futebol de 2004 que ocorreu em Portugal. A música está escrita em português e inglês. Nelly interpretou essa canção em Lisboa para finalizar o campeonato. Video:



Seu terceiro álbum, "Loose", está nas lojas desde 20 de junho desse ano, e seus primeiros singles são "Promiscuous" e "Maneater", garantindo as primeiras colocações nos EUA e na Europa.

Abaixo um outro vídeo da Nelly cantando a música “All Good Things (Come To An End)” no World Music Awards 2006, o seu maior “hit” no momento na Europa.




Nelly afirma que sabe falar português desde os 4 anos e que, além de ouvir fado e canções típicas de Portugal, é muito influenciada pela música brasileira. Ela é, com certeza, ícone de Portugal e todos os portugueses deveriam seguir seu exemplo, bem como todos da mesma origem.

Texto: Paula Medeiros

Foto: Nelly Furtado // "Loose" Photoshoot

Webmaster: Paula Medeiros


2.12.06

A MENINA DA AMAZÓNIA


Vi uma reportagem na TV Record sobre a Amazônia (assim se acentua este “ó” no Brasil) onde, numa margem do Rio Negro, os repórteres encontraram e entrevistaram uma menina com 12 anos que nunca tinha recebido um presente de Natal.

O que esta amazona queria, e que sonhava ainda vir a ter, era uma boneca.

Esta criança fez-me vir as lágrimas aos olhos ao confrontá-la com as religiões de Amor cristão e fraternidade social que tanto são publicitadas pelos católicos e políticos que têm o poder do Brasil nas mãos.

Não há no imenso Brasil uma brasileira, um brasileiro, um estrangeiro, um religioso ou um ateu que tenha a bondade de enviar uma boneca a esta menina da Amazónia profunda e remota?

Será que tenho de crer que tudo o que me enviam pela Internet sobre Deus, Jesus e Maria são publicidade enganosa?

Se algum brasileiro residente no Brasil, ou noutro local deste planeta, ler este texto, procure junto da TV Record localizar e identificar esta menina e, por esse vosso amor a Deus, Jesus, Maria e ao “oceano” de santas inventadas que cabe dentro do vosso território de 185 milhões de pessoas, ofereçam-lhe uma boneca a esta menina, nem que seja em segunda-mão, usada, esquecida entre os brinquedos de uma filha ou neta, abandonados no sótão, arrumados numa prateleira ou escondidos debaixo da cama!

Por amor de Deus! Pelo amor de Jesus Cristo!

Pela sua bondade ou pelo seu prazer mental de tornar uma criança feliz!

Esta menina latino-americana, que anda a estudar numa escola básica que a obriga todos os dias a “caminhar” por um rio e pela selva os seis quilómetros de distância que a separam da sua casa flutuante, quer ser professora.

Haja alguém que lhe mostre e ensine, para que ela um dia possa ensinar outras crianças, que no Brasil ainda há uma pessoa de bem que não faz da sua religião um hábito da treta religiosa e uma amostra da indiferença humana!

Desejo um santo e o melhor Natal possível a todos os imigrantes e estudantes brasileiros que estão em Portugal e pelo resto da Europa!

Texto: MARQUES PEREIRA

Foto: Autor N.I.

Webmaster: Paula Danielle Medeiros

24.11.06

Encontro de estudantes europeus- Delegação portuguesa veio de ALCANENA



Aconteceu entre os dias 18 e 22 deste mês em Granada – Espanha um encontro de jovens secundaristas europeus chamado “Human rights and students’ rights in European Union. Na oportunidade, estiveram presentes, estudantes de Itália, Bulgária, e outros paises, e destaca-se que a maior delegação presente no encontro foi a de Portugal representada por estudantes de Alcanena. Para nossos leitores do Brasil, convém explicar melhor sua localização. O concelho de Alcanena situa-se no Ribatejo, distrito de Santarém , muito próximo a Fátima.

Encontros desta natureza são importantes para os mais jovens, e principalmente quando os mesmos são oriundos de culturas diferentes. Servem para aproximar e humanizar um espaço tão globalizado como hoje está a Europa.

Serve de reflexão para latinos americanos, pois o exemplo do encurtamento de distancias, é uma necessidade nos dias atuais. É um erro imaginar que o mundo é apenas Europa e América do Norte. Temos o poder de desequilibrar a balança, e para isto sigamos os bons exemplos. Quem sabe em breve tenhamos similares no Mercosul, pois tudo isto promove além da harmonia, a criação de maior tolerância.

Neste encontro, esteve presente também nossa webmaster, Paula Danielle, estando ela incorporada aos anfitriões de Espanha. Na descrição do encontro, Paula nos afirmou que a comunicação entre os estudantes foi em língua inglesa, devido a variedade cultural.

No último dia, depois de todos os passeios, houve uma pequena apresentação feita pelos estudantes e professores portugueses, que se titulava “Invisible Childs”, onde falaram de crianças que vão as guerras, que vivem nas ruas e que são maltratadas dentro de casa. No final da apresentação, outros países mostraram em slides temas importantes, entretanto o destaque ficou com a encenação feita pelos estudantes portugueses, bastante aclamado pelos presentes.

Paralelo a tudo isto, como se trata de um intercambio, cada estudante foi acolhido por uma família espanhola e no nosso caso específico ficou conosco um dos estudantes. o que proporcionou mais um encontro luso-brasileiro na Europa.

Texto: Paulo Medeiros

Webmaster: Paula Medeiros

Foto: Joana Caldeira

18.11.06

QUANDO SE DÁ AOS POBRES, DEUS DÁ AOS POLÍTICOS?

















Quando se dá aos pobres, Deus dá aos políticos?

Há um velho ditado popular que diz: “Quem dá aos pobres dá a Deus”. Ou este ditado do povo já mudou para “quem dá aos pobres recebe de Deus”?

Mesmo os políticos já beneficiam desta bondade retribuída por Deus? Quem sabe se é uma nova política divina de distribuição Dele que vê tudo lá do alto do Céu e desde o mais baixo lugar da Terra…

Todos nós sabemos (para quê sermos hipócritas, uns auto-enganados?) que Deus não dá nada a ninguém, se os homens e as mulheres, adultos e jovens, ricos e remediados, não derem um pouco do que lhes sobra a quem necessita de tudo para sobreviver.

Isto quer dizer o que digo sempre após muitos anos de observação da vida humana e das políticas e religiões que se servem do Ser Humano para existirem e terem poder sobre as pessoas.

Nós, pessoas de todas as condições humanas e sociais, somos um Deus bom se praticarmos o bem e não agredirmos ninguém. E somos um Deus mau, geralmente chamado Diabo, mafarrico, cornudo e outros nomes católicos, se a nossa passagem pela Vida se resumir a fazermos mal aos outros em proveito e prazer próprio.

Lula da Silva, seja lá o que for, corrupto ou da linha do “venha a nós o vosso reino”, como têm sido todos os políticos que alcançam o Poder maior (eu não tenho conhecimento nem conheço algum que tenha sido excepção), deu aos pobres brasileiros mais do que deram os seus antecessores, mesmo aqueles que andam sempre com Deus, Jesus e a Nossa Senhora na boca e nas rezas.

Podemos inferir que este homem e político de Esquerda que veio do povo-povo e do operariado deu o que o Deus dos políticos da Direita brasileira nunca deram e deixaram crescer mais pobreza, fome e miséria a 65 milhões de brasileiros?

Aos adoradores de Deus, santos e santinhas; aos seguidores de seitas religiosas que pululam no Brasil; e aos políticos que se servem de Deus para enganar, explorar e miserabilizar o povo-povo brasileiro, eu costumo dizer “Vão trabalhar, mentirosos! Calões! Oportunistas da Política e da Religião!”.

Lula da Silva, não sendo comunista, neofascista, militarista, nem nada parecido com o ditador cubano Fidel de Castro, é um socialista, um democrata e um homem de Liberdade que está a fazer socialmente o que vai sendo feito na Venezuela e na Bolívia, países latino-americanos, em que os pobres estavam reduzidos a escravos das multinacionais e dos seus capangas políticos. Ele está a tentar que todos os brasileiros compreendam que a pobreza e a miséria não podem continuar a ser no Brasil a “imagem de marca” de Deus e dos seus políticos e empresários.

Enfim, a realidade e a verdade é que a fome, a pobreza e a miséria começaram a revoltar-se contra o Capitalismo selvagem, no Brasil como em Portugal, no resto da América do Sul como por todo o mundo.

A fotografia mostra como é lindo ver a sorrir e a votar um povo-povo tão desprezado como ainda são os indígenas índios, os brasileiros que já o eram antes da chegada dos colonizadores portugueses e dos imigrantes de quase todo o mundo que geraram os novos brasileiros negros, mulatos, amarelos e brancos do grande Brasil de hoje…

» Texto: MARQUES PEREIRA
» Foto: A.N.I.
» Webmaster: Paula Danielle Medeiros

10.11.06

LULA - Presidente do Brasil



Em todo processo democrático idéias e pensamentos seguem até o momento da disputa. Nesta disputa à segunda volta nas eleições brasileiras, mesmo com todo esforço dos que querem um Brasil melhor não foi possível reverter o que a maioria do povo brasileiro quis.

Assim Luis Inácio Lula da Silva foi reeleito presidente de todos os brasileiros e não ha de se questionar o resultado. Foi uma vitória em todo o país.

Embora, este que escreve não tenha apoiado o candidato, aceito o resultado. Sei que a esperança dos brasileiros é sem dúvida melhorar e fazer sair a população mais carente dos níveis de baixa qualidade de vida que são completamente incompatíveis para um país das dimensões como Brasil.

Aliás, este é um pensamento atual muito em voga na América Latina. A união entre todos os paises sul-americanos é imprescindível para estabelecer o respeito do mundo atual. Concebe-se hoje que o mundo é aquele apenas dividido entre Estados Unidos da América de um lado e Europa do outro. Antes que realidade isto além de promover o desequilíbrio mundial, aumenta ainda mais a pobreza.

O único fator que pode fazer mudanças nesta balança chama-se América Latina, que mesmo com tantos problemas é sem dúvida um fator desequilibrador. Temos apenas que ter cuidado para não seguir modelos ultrapassados como o de Fidel Castro em Cuba ou o Hugo Chavez na Venezuela.

O Lula terá a responsabilidade de dirigir uma população de mais de 180 milhões de habitantes, gigante pela própria natureza, porém bagunçado pelos desníveis educacionais a que sua população é submetida. Mas, como todo brasileiro, sonhamos com a capacidade e o potencial que temos. Para o mundo lusitano é motivo de orgulho ter o Brasil como representante máximo da América portuguesa.

Viva o Brasil!

Texto: Paulo Medeiros

Revisão de texto e montagem: Paula Medeiros

28.10.06

UMA SENTENÇA JUDICIAL NO BRASIL DE 1833



Mais do que o conteúdo desta história de um crime que continua a ser repugnante e cobarde, o que pretendo trazer hoje aqui é a forma como se escrevia a Língua Portuguesa no Brasil, em pleno século XVIX (19).
Mas sempre vou avisando que, considerando o crescente número de violações sexuais e atentados ao pudor feminino que ainda existe em muitas mulheres, mesmo naquelas que se dizem “iguais aos homens”, é bom que os “cabras” brasileiros e os que não o são fiquem de sobreaviso, pois esta justiça (que ainda está viva e é praticada pela Lei de uma religião), eventualmente poderá voltar ao nordeste do Brasil onde Deus fecha os olhos, mas ninguém sabe se vai continuar a perdoar aos “garanhões” que usam a violência em tais situações de amor à próxima.
Feita a introdução e tendo deixado escrito um “aviso à navegação”, vamos ao texto que é a transcrição de uma sentença aplicada por um juiz de Porto da Folha (Sergipe) em 15 de Outubro de 1833, cujo original se encontra guardado no Instituto Histórico de Alagoas, a qual condenou um homem a ser capado.
"O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana, quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta à dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume; e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.
CONSIDERO:QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ella e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana; QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas; QUE Manoel Duda é um sujetio perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigançadele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa. Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos, Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha (Sergipe), 15 de Outubro de 1833.".
Repare-se que o juiz apenas referiu a ofendida como “mulher do Xico Bento”, o que salienta que até a católica Justiça da época considerava as mulheres um ser inferior, escravas do homem, pois não estamos a ver que ele estivesse a “proteger a honra” da abrafolada e conxanbrada com chumbregâncias do Manoel Duda, até porque mencionou na sentença o nome das donzelas Quitéria e Clarinha com quem o criminoso também tentou fazer comxanbranas…
Sergipe é um estado federado brasileiro com a capital em Aracaju (veja-se a foto acima), banhado pelo Oceano Atlântico, estando inserido na região do Nordeste e tendo como vizinhos Alagoas e Bahia.

Tem uma população próxima dos dois milhões de habitantes distribuídos por 75 municipios, alguns com nomes bonitos como Areia Branca, Divina Pastora, Ilha das Flores, Lagarto, Malhada dos Bois, Moita Bonita, Pedra Mole, Siriri e Umbaúba.

A sua economia assenta na extracção de petróleo, gás natural, agricultura e pecuária.

Na sua História aparecem, inicialmente, os Jesuítas (1575) e o fundador Cristóvão de Barros (1590, tendo antes 1571/75 sido governador do Rio de Janeiro) que venceu os piratas franceses e pacificou os indígenas sergipanos, tendo dado o seu nome à primeira capital do estado (São Cristóvão); posteriormente (1637) surgiram os Holandeses que viriam a ser expulsos pelos Portugueses em 1645.

Religiosamente, o nome de “santa” mais curioso é o da Nossa Senhora dos Homens Pretos que tem residência numa igreja em São Cristóvão, na actualidade a 4ª cidade mais antiga do Brasil e a mais velha de Sergipe, a qual está à espera que o Governo Federal reeleito chefiado por Lula da Silva, o “Presidente do Povão da Pobreza”, restitua à sua população a vida boa que já teve, apostando no turismo que pode oferecer lindas paisagens, vetustos monumentos, arte, gastronomia variada e uma heróica História para dar a conhecer aos brasileiros e portugueses de hoje, amanhã e sempre.



Texto: Marques Pereira
Fotos: autores N.I.
Webmaster: Paula Medeiros

20.10.06

A FRONTEIRA INJUSTA


Em qualquer situação, quando não se procura ser tolerante ou se ultrapassamos os limites deste, chegamos a esquecer a razão.

Acredito muito na idéia que nunca podemos fazer conclusões a respeito de algo, sem antes observarmos um todo que envolve uma situação.

A foto acima retrata a que ponto chegou às relações entre brasileiros e a opinião pública portuguesa. Nunca pensem que o que está escrito, é um fato isolado.

É a mais pura verdade na descrição do que representa hoje, os brasileiros, na sociedade portuguesa. A chegada indiscriminada de brasileiros principalmente sem formação, e devidamente acompanhados das prostitutas e marginais de mesma nacionalidade, era presumível que se ia chegar a isto.

O problema é que o assunto nunca foi devidamente tratado.

Se por um lado, o êxodo brasileiro é injustificável principalmente por ser um país de tantas potencialidades, por outro lado a incompetência portuguesa de controlar criteriosamente suas fronteiras contribuiu e muito para chegar-se a isto.

Na pratica do dia-a-dia, digo que mesmo com excessos a sociedade lusitana tem razão, pois nunca se viu uma criminalidade tão grande e freqüente em Portugal como agora.

Minha tristeza é que a intolerância e certa xenofobia punem injustamente os bons brasileiros, os descendentes e os amantes de nossa pátria irmã. Particularmente, aumenta minha ira da também incompetência dos políticos do Brasil, que levou nosso país a um descrédito tão grande e a ponto de levar os nossos jovens a imigração.

Em minha opinião o mal está feito, e não há como repor.

Séculos de cumplicidades, podem ser jogados ao lixo pela incapacidade humana dos dias atuais.

Como sempre digo, e agora com muito mais veemência: quisera eu com a mesma alegria beber uma taça de vinho numa tasca Alentejana bem como tomar uma cervejinha gelada numa praia do nordeste brasileiro.



Texto: Paulo Medeiros
Revisão: Paulinha Medeiros
Foto: Brasileiro anônimo

Dedico este texto aos amantes de Portugal, e ao mesmo tempo espero chamar a atenção das autoridades para estabelecer critérios justos nas fronteiras de Portugal, onde marginais estão a passar e pessoas de bem estão sendo humilhadas. Os brasileiros da foto acima, são cidadãos de bem, que estavam a caminho de Londres para assistir uma apresentação da cantora Madona. Ficaram retidos por mais de 8 horas no aeroporto de Lisboa. O resto, creio que dispensa comentários.....

14.10.06

JESUS: SE TU VOLTARES, OS DE ROMA MATAM-TE OUTRA VEZ...


Olá, Jesus de Nazaré, filho de Maria e José!
Nós falamos e escrevemos-Te, mas tu não podes responder
Porque te mataram há cerca de 2000 anos...

Tiraram-Te a vida, mas deixaste vivas as tuas palavras da doutrina do Amor
Que não foste Tu que as escrevestes
Mas afirmam e escreveram que de tais ideias de Paz foste o autor.

Sim, quando as palavras não morrem com os enterrados
Nenhum homem, mulher, santos, santas ou deuses amados
Nunca serão calados!

Tu nasceste judeu e filho dos pobres nazarenos José e Maria
E nos Evangelhos fizeram de Ti um deus, o Messias.

Deus, dizem “eles”, fez a Vida e a Morte e ao 7º. dia descansou
E a prová-lo é que Deus te abandonou
Na cruz em que a religião dos judeus Te matou...

Lembras-Te, nesse momento, de teres perguntado ao teu Pai do Céu:
Deus, porque me abandonaste?
Mas ele não Te respondeu
E Tu crucificado e morto ficaste.

As tuas palavras são a Tua ressurreição
E a prática do teu Amor é a vida e a salvação!

Na nova religião que fizeram da tua luta e sofrimento
Deram ao teu corpo um misterioso desaparecimento
E disseram: foi para o Céu e sentaram-O à direita de Deus
Mas eu acredito que vives na Terra à esquerda Dele!

No céu para além da Atmosfera não existem nem vivem deuses
É um Universo negro com milhares de astros longínquos a brilhar
Onde não será descoberto Deus e o seu altar
Porque o Paraíso, o Céu e o Inferno da Terra lugares são
Com cada vez mais indiferença, pobreza e escravidão
Mais injustiça, doenças e exploração.

E as religiões teimam hipocritamente em não dizer
Que preferem todos os anos ver-Te a “morrer” e a “renascer”
Numa praxe folclórica da morte-ressurreição.

Estás morto e poucos respeitam a Tua mensagem
Nem muitos daqueles que Te rezam, cantam e merecem.

A tua vida é o Amor que Te veio de um pai e uma mãe viventes de Deus
Por isso não Te encontramos na História de Israel dos teus
Onde Te revoltaste contra os sacerdotes da tua religião
Que tinha a mentalidade de um Deus-opressão
O qual Te levou a lutar por um Deus novo, alegre e com compaixão.

Não denunciaste que os deuses foram todos feitos pela Humanidade
Mas tiveste a coragem de fazer sentir essa Verdade!

Após a Tua morte os teus discípulos sofreram martírios e dor
Para erguer na Europa a Tua igreja da Pobreza e do Amor
Mas essa igreja tornou-se Riqueza e Poder
E contra a Tua doutrina de ser e igual viver
Acumulou ouro, dinheiro, terras, impôs-se a reis, governou nações
E criou exércitos que mataram inocentes cidadãos e aldeões!

Era uma autêntica União Europeia económica e poderosa
Debaixo da capa de Deus tão papista e religiosa
Que até quis ser a única representante de Deus na Terra
Lançando-se na tentativa de destruir as outras religiões com a guerra...

Se tu, Jesus Cristo, a que agora Te chamam Homem-Deus
Ressuscitasses do teu corpo para sempre desaparecido
Os de Roma matar-te-iam outra vez, mas não serias vencido!

Lutarias sempre contra a hierarquia de todos os deuses
Que parados no tempo se deixam dominar pela Política
Deixando o mundo voltar a uma Era desumana e selvagem
Que permite a muitas seitas e às religiões da voragem
Vender a tua Palavra e a tua imagem
Para criar enganos, mentiras, ilusões
E viver em palácios e templos de ostentações!

Agradecemos, nosso Jesus, a tua doutrina de Amor, Justiça e Liberdade
Mas responde-nos com toda a Verdade:
Por que é que as religiões falam do Bem e da Paz
E milhões de mortos as culpam das guerras que Deus faz?

Quanto ao resto que dizem de Ti é imaginação, demência religiosa e conversa
Que aos verdadeiros Cristãos do Amor não interessa...

(Em memória de Albino Luciani (João Paulo I), o Papa do Povo por 33 dias, que apareceu morto, assassinado, no seu quarto do Vaticano, na madrugada de 28 de Setembro de 1978, por querer aplicar as riquezas da Igreja Católica na erradicação da pobreza mundial e ter começado a limpar a Santa Sé dos negócios sujos e corruptos dos clérigos do católico Banco Ambrosiano).

Autor: Marques Pereira (Cristão-católico progressista)
Foto: F.Kay Nietefeld
Webmaster: Paula Medeiros

7.10.06

VENCEU O BOM SENSO



Felizmente, e num sentimento que já começa a contagiar a nação, o povo brasileiro através do voto legítimo e soberano conseguiu levar à eleição presidencial a segunda volta.

É necessário que o leitor europeu entenda o que se passa em nosso país, e que saiba que o atual presidente procura passar uma imagem de bonzinho e trabalhador.

Na verdade, ele é o chefe e o patrocinador de um grupo que apenas pensa no engrandecimento pessoal. É necessário saber que quase todo o seu ministério foi afastado por corrupção.

Dizer que o senhor Lula da Silva representa bem um país das dimensões e potencialidades como o Brasil é uma verdadeira piada. Dizer que o mesmo representa o trabalhador brasileiro é um terrível engano. Muito pelo contrário, toda sua política se baseia nas chamadas bolsas sociais que ele transformou em mecanismo de manobra dos pobres e dos necessitados que votam nele pensando muito mais nas migalhas que recebem do que na escolha política.

A segunda volta significa uma espécie de queda de uma máscara. Todos os segmentos pensantes e políticos deste país estão trabalhando para o esclarecimento do nosso povo e isto concorrerá para que se realidade permitir consigamos a vitória.

Vitória que não tem nem vencedor nem vencidos mas sim o restabelecimento de nossa grandiosidade.

Texto: Paulo Medeiros

Foto: Desconhecido

Montagem gráfica: Paula Medeiros

30.9.06

CAPITALISMO SELVAGEM ESTÁ A MATAR O PLANETA


Recentemente, num filme baseado em declarações de Al Gore, ex-candidato à presidência dos USA, o país mais poluidor do planeta e onde está localizado o centro do Capitalismo selvagem e “pacificamente” assassino, ficou um aviso científico: ou a Terra se cura durante os próximos dez anos, ou grandes catástrofes ambientais vão acontecer por todo o nosso mundo devido ao sobreaquecimento global.

Maremotos, tsunamis, cidades litorais invadidas pelo mar, rios transbordando devido a grandes chuvadas que destroem tudo à passagem das águas enfurecidas, deslizamento de terras, degelos, avalanchas de neve, incêndios florestais, secas, abalos sísmicos, inundações inesperadas
e tudo o que de mal pode vir de uma Natureza ferida pelos seres humanos que só pensam em fazer e ter mais Dinheiro, expandir o Capitalismo selvagem, manter o Consumo desregrado.

E tu, jovem vivente entre milhões que se estão a deixar manipular, manietar, vigarizar, usar, explorar e matar por religiosos, políticos e capitalistas, o que tens feito para que o nosso planeta não continue a ser destruído pelas fábricas que estão a envenenar o ar que respiramos e o clima? Só queres passar horas perdidas a jogar no computador sem intervires em defesa da tua vida futura? A masturbar-te diante dos “sites” pornográficos da televisão? A falar pela voz, discursos, parábolas, tretas, lengalengas, poemas e canções dos outros? A namorar e a copular como se a vida do planeta esteja mesmo no fim e tu queres aproveitar o tempo que te resta para gozar os últimos dias de vida? A frequentar bares e discotecas para tomares bebidas alcoólicas e enfumar-te com o cancerígeno tabaco? A consumir droga para fugires às tuas responsabilidades na Vida e para esqueceres que em ti existe inteligência, energia e coragem para lutares? Eu penso que tu mereces viver, mas para manter ou atingir esse objectivo vital tens de lutar contra os “tubarões” e as “hienas” dos seres humanos.

Juntos podemos mudar o mundo sujo, doente e degradado que temos, se não andarmos a perder este tempo em que ainda vivemos, podemos e devemos lutar por um mundo vivo, saudável e bom!


Se continuarem a matar a floresta da Amazónia e quando a Terra secar e a sua atmosfera estiver totalmente poluída, irrespirável, envenenada, de nada valerão a Religião, a Fé e Deus. Todos morreremos e talvez a paisagem deste planeta que foi azul venha a ser igual à que esta fotografia mostra de um rio ressequido e gretado ao sol ardente de Espanha…


Texto: Marques Pereira
Fotos: Autores N.I.
Montagem gráfica: Paula Medeiros

22.9.06

Movimento "Fora Lula"



Estamos muito próximos de mais uma eleição para presidente da república. Em tese seria uma bela oportunidade, para darmos um basta na atual situação social em que o país se encontra. Mas o que vemos é a possibilidade bem presente de piorarmos ainda mais o que temos.

O jornalista Carlos Vereza na seção de cartas de O Globo, declarou: “Ao votarem pela segunda vez no maior farsante de toda a história política brasileira passamos da condição de eleitores à de cúmplices conscientes da lamentável desagregação ética e moral que assola o país”.

Por mais chocante que pareçam estas palavras, elas refletem a veracidade de nossa situação. Se aprovarmos a reeleição do Lula estaremos na prática institucionalizando o mar de lama que temos acompanhado pela imprensa.

No estrangeiro como podem entender a paradoxal situação de um candidato que tem quase a metade do eleitorado ser tão veementemente contestado. Bastante simples, a grande maioria dos seus eleitores é formada pela grande massa dos menos favorecidos que vivem das esmolas e migalhas distribuídas pelo governo, nas chamadas “bolsas sociais”.

Na tentativa de restabelecer a verdade segue adiante as palavras fortes de um brasileiro chamado Eduardo Silva que sintetiza um profundo sentimento esclarecedor:

Um dos truques do Lula é falar em "nome" dos pobres. Ele fala da população mais pobre como fosse propriedade dele. Velha malandragem do Lula de posar como presidente "pobrezinho" p/ "comover". Aplica o golpe do "ex-operário", como dizia Brizola.

Enganação. Há quase 30 anos Lula não é "pobrezinho". Desde quando está no PT, Lula só bebe uísque importado e come nos melhores restaurantes. Há séculos Lula vive muito bem, sustentato pelo PT.

Ao contrário de nós, vc acha que os filhos de Lula alguma vez na vida precisaram procurar emprego? Quer dizer, emprego de verdade, fora dos carguinhos no partido do pai?

Vc acha que uma empresa grande ia oferecer para vc R$ 18 milhões para ser seu sócio? Pois é, o filho de Lula recebeu.

Não caia no papo de "coitadinho" do Lula. Ele nunca foi. Pelo contrário está cada dia mais arrogante. Se duvidar até fala errado de propósito p/ criar identificação com o povão. É um "ator".

Votar em Lula vai transformar o Brasil numa disfarçada [b]ditadura de esquerda[/b], como hoje é a Venezuela do amigão de Lula, o ditador Chávez. Ou como a ditadura feroz na qual o PT sempre se "inspirou" e admirou, Cuba.

É inadimissível e vergonhoso que um presidente brasileiro seja amigo de ditadores como Fidel Castro (um sujeito que já mandou matar, prender, torturar e exilar centenas de milhares de cubanos apenas porque eles não gostavam do comunismo). Mas Lula não está nem aí, inclusive recebe presentinhos do fascínora cubano, como charutos.

Que presidente é este que tem como amigos esse tipo de gente?

O PT já tentou controlar a imprensa brasileira. Não conseguiu mas pode ter certeza que não vão desistir. Eles sabem que enquanto a imprensa tiver liberdade o PT não vai conseguir enganar todo mundo.

Já imaginaram se eles tivessem conseguido controlar a mídia? Ninguém nunca saberia do Mensalão. Se Lula se reeleger vão tentar de novo.

Este ano o Brasil terá crescimento medíocre apesar de todos os demais países emergentes estar crescendo muito. Já é assim há 3 anos. O desgoverno Lula não sabe administrar. O "espetáculo do crescimento" foi só mais uma mentira do Lula. Ele e PT não têm capacidade para governar.

Empregos? O governo Lula só foi bom para arranjar empregos para milhares de petistas que hoje ganham bem e na moleza, sem terem passado em [b]nenhum [/b]concurso público.

O maior truque de Lula/PT é falar que "representam" os pobres. Enganação. Há muito tempo ele não é pobre. Há séculos só bebe uísque caro e come nos melhores reustarantes. Nenhum outro governo deu tanto lucro para os banqueiros.

Lula na maior cara-de-pau diz na tv que fez isso e aquilo. Mas na verdade só continuou o que o governo passado criou. Até o bolsa-família é cópia do bolsa-escola anterior. A política econômica é a mesma.

NÃO AJUDE A CONTINUAÇÃO DESTA MENTIRA.
NÃO VOTE NO LULA.”


Texto de: Paulo Medeiros

Texto incidental: Eduardo Silva

Montagem fotográfica: Paula Medeiros

15.9.06

IR AO ESPAÇO: O MEU SONHO NÃO REALIZADO



O Ser Humano que não sonha nunca viverá tudo o que pode e não alcançará o máximo que gostaria de fazer a si e possuir para a sua auto-estima.

Todos os que não se lançam na aventura do desconhecido, naquilo que os outros pensam que nós não somos capazes de realizar ou atingir, nunca conhecerão o seu potencial anímico, a inteligência e a coragem que têm no cérebro e no corpo.

Após a URSS ter colocado no Espaço o primeiro satélite artificial, em 4 de Outubro de 1957, o “Sputnik -1”; e em 7 de Novembro o primeiro ser vivo (a cadela “Laika”), eu e um amigo da minha idade adolescente escrevemos uma carta ao governo dos United States of America (USA) a oferecermo-nos voluntariamente como cobaias humanas para seguir no satélite norte-americano que estava a ser planeado e preparado para a grande corrida espacial entre as duas maiores potências do mundo, ao tempo envolvidas numa chamada e ameaçadora “guerra fria” política.

Nessa carta escrita por mim e inserida numa notícia do jornal “Diário Popular”, de Lisboa, edição de 15 de Novembro de 1957, com o título “DOIS ESTUDANTES OFERECERAM-SE PARA SEGUIR NO SATÉLITE AMERICANO” dizíamos: “Não queremos com este arrojo, este humanitarismo e esta decisão receber quaisquer galardões; queremos apenas ser úteis!”. Queríamos apenas ter uma oportunidade de ser úteis, pois o regime fascista-católico do Salazarismo que então governava e subjugava em Portugal tirava-nos a Liberdade e a Esperança, mas não conseguia matar-nos a vontade e a coragem que sentíamos dentro de nós.

Dois meses depois, a 17 de Janeiro de 1958, o referido jornal lisboeta publicava o texto de uma carta com a resposta do major-general John B. Mendaris, chefe do Departamento de Projecteis Balísticos e Teleguiados do Exército dos U.S.A., que dizia: “A vossa carta de 15/11/57, em que se ofereciam como voluntários para arriscardes a vossa vida pelo bem da Humanidade, recebeu a nossa melhor consideração. (…) Louvo a vossa coragem e os motivos que vos compeliram a tal”.

O meu sonho terminou assim, mas os meus olhos continuaram a perscrutar o Espaço e a ir, morrer e regressar à Terra com os astronautas e cosmonautas. E fiquei muito feliz por ter “acompanhado” o tenente-coronel da F.A.B., Marcos César Pontes, brasileiro natural de Bauru-S.Paulo, nascido em 11/3/1963, que em 30 de Março de 2006 viajou até à EEI/ISS (Estação Espacial Internacional), partindo do cosmódromo de Baikonur (Cazaquistão-Ásia Central).

A oferta da minha vida que fiz aos U.S.A., após a saída da notícia no jornal “Diário Popular” pôs no meu encalço a polícia política da Ditadura, a PIDE, sendo sido levado até um chefe que me quis ouvir, puxou-me as orelhas com ambas as mãos e afirmou: “Tu não vais a lado nenhum, porque nós precisamos de ti para ires defender as nossas colónias. Não voltes a ter sonhos destes!”. Este episódio não foi noticiado em qualquer jornal, porque a Censura não deixou.

O primeiro homem a viajar no Espaço, à volta da Terra, foi o russo Iuri Gagarin, em 12 de Abril de 1961. Uns dias antes, eu tinha partido de avião para um dever pátrio do qual regressei ao fim de dois anos: a Guerra Colonial que começou na então província ultramarina portuguesa de Angola. O meu “destino” imposto pela PIDE cumpriu-se, mas sobrevivi.

Em 20 de Julho de 1969, os astronautas norte-americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin, partindo no módulo lunar “Eagle”, foram os primeiros seres humanos a pisar o solo agreste e sem vida da Lua, um satélite da Terra que nos faz sonhar com noites românticas de amor ao luar.

Os U.S.A. têm em curso um programa espacial que voltará a levar o Homem à Lua em 2018, mas eu “ainda não fui convidado” para seguir nessa segunda viagem humana ao satélite natural do nosso planeta.

Com os pés bem assentes na Terra, hoje posso dizer não fui nem jamais serei astronauta, restando-me a consolação de não me esquecer que sou descendente dos pioneiros dos Descobrimentos, esses corajosos, persistentes e heróicos navegadores Portugueses que se lançaram no Desconhecido que então eram os grandes oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, em naus que pareciam grandes cópias de cascas de nozes, à descoberta de “novos mundos”, tendo eles chegado, entre outros pontos longínquos do hemisfério Sul, a um porto seguro do Brasil onde nunca tinham sido vistos homens brancos…

Texto: Marques Pereira

Foto: Autor N.I.

Montagem: Paula Medeiros