26.4.08

Séculos de cumplicidades



Completamos esta semana, mais um aniversário do descobrimento do Brasil. Há exatos 508 anos iniciava-se uma verdadeira vida de cumplicidades.

Nesta terra em que se encontraram os nativos, começava a ser povoada à principio com degredados, mas ao passar dos anos com gente de todos os rincões do planeta.

Poucos séculos depois foram trazidos os escravos africanos que assim somados ao nosso povo, iniciava a miscigenação que seria referência nas terras sul americanas.

Um povo único e suficientemente lusitano e exemplo para o mundo.

Esta característica singular é o que traz orgulho e chega até emocionar em toda plenitude este que lhes escreve, pois as estas terras com suas dimensões continentais teve e tem como unidade sua língua materna, a portuguesa. Unidade cultural e política.

Sei perfeitamente que com o passar do tempo, e que da época das caravelas até os nossos dias, muita coisa mudou e muita coisa aconteceu. O oceano que separa as duas nações promoveu uma distância que trouxe algumas diferenças. Algumas aparentemente grandes, porém pequena perante um oceano de afinidades .

Em minha consciência, rogo uma vontade que preenche o coração, e afirmo humildemente o desejo que este sentimento permaneça para as gerações futuras e que o passado histórico seja superior a insensatez de alguns.

Que possamos sempre dizer como o Fernando Pessoa
.
Minha pátria é a língua portuguesa!


Texto: Paulo Medeiros
Foto: ANI
Webmaster:Paula Medeiros

19.4.08

FIM DOS DIVÓRCIOS LITIGIOSOS EM PORTUGAL





Quem se divorcia é porque não suportou mais viver com o cônjuge, mulher, homem, lésbica ou gay. É uma verdade entre muitas outras que existem num contrato de casamento civil com ou sem bênção e cerimónia religiosa.

Por muito que digam os contratos de casamento perante o Estado e as promessas que os noivos proferem nos altares da Igreja, a maior de todas as verdades humanas é aquela que afirma que ninguém é de ninguém.

No casamento, portanto, está errado a mulher chamar o cônjuge de “meu marido” ou “meu homem”; e também não está certo o homem chamar à esposa “minha mulher” ou “minha cara metade”.

O casamento não é nem pode ser um acto de posse ou de tirar a liberdade pessoal a uma mulher ou homem.

Consequentemente, todos deverão ser livres de desmanchar o que o Estado e a Religião quiseram impor para o resto da vida das pessoas.

E assim nasceu o divórcio, a separação, chamem-lhe o que quiserem.

Todos os divórcios e separações são maus para os filhos, mas se o pai e a mãe que resolveram acabar com o casamento os amarem e continuarem a prestar-lhes assistência, educação, amor, atenção e responsabilidade, a vida deles prosseguirá o melhor possível.

Leia-se este entrevista com a psicóloga Maria Jesus Alava Reyes:“Quase metade dos casamentos terminam em divórcio. O que é que mudou para isto acontecer?Há cada vez mais divórcios de pessoas com 50 e 60 anos que deixam de trabalhar, têm de estar juntos 24 horas por dia e não se suportam.
E depois há divórcios entre os mais novos, que talvez se juntem demasiado rapidamente e criam uma falsa realidade, confundindo a atracção inicial com o enamoramento e o amor. Quando passa a novidade e começam a partilhar os momentos menos agradáveis, pensam que terminou o amor.
Muitos não estão habituados a conviver partilhando. São egocêntricos, pouco flexíveis, um pouco egoístas. Sobretudo conhecem-se muito mal e estão pouco habituados a enfrentar dificuldades. Não estão acostumados a lutar e acham que se enganaram.Como é que não nos conhecemos uns aos outros?A verdade é que as crianças hoje têm menos irmãos, rapazes e raparigas convivem juntos mas como se fossem extraterrestres. Não se conhecem de facto. As mulheres, por exemplo, queixam-se da falta de comunicação mas os homens não precisam tanto de falar quanto nós. E a afectividade também é muito distinta; achamos que eles só pensam em ter relações sexuais, mas eles têm dez vezes mais carga de testosterona do que nós.A biologia é tão importante?Durante milhões de anos as funções de homens e mulheres foram diferentes e isso fez com que geneticamente os homens se tenham tornado mais especializados, porque se dedicavam à caça ou à guerra e ou estavam muito atentos ou morriam, enquanto as mulheres tinham que fazer muitas coisas ao mesmo tempo, tratavam da casa, dos filhos, da agricultura. Isso tem influência. Os cérebros são diferentes.Mas se um homem não acorda de noite com o choro do filho, isso também tem uma explicação?Pode parecer uma boa desculpa, mas é verdade. Por isso é que é importante conhecer as diferenças. Se nos conhecêssemos melhor não seria tão complicado. Chateamo-nos pedindo uns aos outros coisas que não são razoáveis. Por exemplo, após uma discussão. O homem pensa que a mulher o está a castigar ao não querer ter relações, porque para ele naquele momento ter relações é uma possibilidade de resolver a situação. A mulher sente-se usada: como é possível que ele queira sexo em vez de conversar?O sexo é importante?O sexo é importante e nos últimos anos as expectativas mudaram muito. A maioria dos homens não foram educados para satisfazer as mulheres e para ter uma sexualidade partilhada e isso fá-los sentir-se muito inseguros. As mulheres estão a exigir e a dizer-lhes que eles não fazem bem e, na verdade, eles nunca foram preparados para isso.Se somos tão diferentes, como é que podemos viver juntos?É muito bom que homens e mulheres sejam diferentes porque se complementam. O problema é quando não coincidem no essencial, não têm os mesmos valores. Tem que haver uma base comum.”

Exigir que duas pessoas que vivem juntas tenham uma base comum é tirar-lhes a liberdade de se sentirem com uma individualidade. Isto é o que muitos maridos e esposas não sabem cultivar na vida a dois, acabando na separação ou num divórcio irreversível.

E não esqueçamos que, gozando do seu direito à liberdade de ser pessoa humana, o homem e a mulher recorrem ao sexo fora do casamento, o que, embora o fazendo um e outra, nem ele nem ela aceitam essa “traição”, esse “adultério”.

Mas o que se queria dizer aqui é: em Portugal já não é necessário haver culpa de um dos cônjuges para se divorciarem. O casamento dissolve-se como um qualquer contrato de fornecimento, serviço ou aquisição. O resto, a parte económica e parental gerada no casamento, será repartido entre os ex-conjuges e esta nova Lei muito aplaudida por todos e mal-querida pela Igreja Católica e os seus seguidores mais conservadores e parados no tempo.

Na Europa há países mais avançados no “divórcio na hora” do que em Portugal.

E o que se passa no Brasil com tantas religiões a querer tirar a liberdade de viver, casar e descasar às pessoas?

Texto de Marques Pereira
Foto: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros


12.4.08

Tédio



Tédio

É esse vazio

Que me enche a alma

Esse vazio calmo

Dessa noite calma

Desse dia calmo...

Até quando isso, meu deus!




Comentário: este – e todos os outros poemas até aqui – foram produzidos há muito tempo... Entre vinte e quinze anos no passado. Nesta época todo o meu mundo transformava-se continuamente e numa velocidade nem sempre por mim compreendida. Mas tive a sorte de perceber que, apesar de todo o descortinar de novidades que se tornava a tônica daqueles dias, seriam dias simples e mudanças paulatinas que realmente comporiam o real.

Toda aquela vicissitude deveria dar lugar à estabilidade, este sim a garantir esta nesga de vida do universo, até mesmo na quase improbabilidade de sua existência. Não que queira dizer que as transformações, as revoluções e as mutações não tenham importância. Longe disso. Mas para que sejam assim encaradas serão sempre casos isolados, especiais, um pequeno número paradoxalmente sem fim – pela infinitude da do cosmos – mas muitas vezes únicas num lapso de vida finito como o nosso. O mundo muda todos os dias, muito mais na lentidão da calma que no espocar das manchetes de jornais... Pelo menos as mudanças substanciais são assim.

Viva a calma!!!!

Nota do redator: Neste momento de luta que enfrentamos no Brasil, contra a Dengue prestamos mais uma homenagem ao Luciênio Teixeira, que afortunadamente foi acometido desta doença que assola o nosso país. aqui desejamos seu pronto restabelecimento, e para nossa alegria os médicos afirmam que o paciente se recupera bem.....


Texto: Luciênio Teixeira
Nota do redator: Paulo Medeiros
Webmaster .Paula Medeiros

5.4.08

TODA A PESSOA DEVE TER O DIREITO DE MORRER



Chama-se “eutanásia” à vontade de morrer quando sofremos de uma doença sem cura. Mas esta vontade pessoal, íntima, ainda não foi totalmente reconhecida no chamado “mundo civilizado e evoluído”.

Em Portugal ainda não existe uma Lei que faça a vontade aos enfermos incuráveis, porque a Religião e os lares precisam de doentes terminais para receberem dinheiro dos próprios, do Estado e dos familiares.

Mas também no Brasil e outros países a Religião impede que uma pessoa deixe de sofrer e “vá para o céu”, morra em paz, deixe de ser a “matéria prima” para o negócio das doenças terminais.

Quem não saberá que as doenças prolongadas e a morte são um grande negócio para os abutres dos cadáveres humanos?

Quem não sabe qual é o verdadeiro interesse do Catolicismo em assistir ao sofrimento dos doentes terminais e das pessoas que já não vivem e estão a morrer numa cama como se fossem vegetais arrancados à vida?

Por que é que os políticos alinham com a Religião e impedem os cidadãos vivos-mortos de usufruir do direito de morrer quando já não têm salvação e estão em profundo sofrimento próprio e dos familiares?

Expressou-se assim o médico Dr. Jack Keverkin, militante da eutanásia, acto de facilitar a morte, apoiada clinicamente, a pedido dos pacientes sem cura: "Vi o meu pai morrer de um modo horrível, degradante, sem poder fazer nada. Estava um verdadeiro vegetal e eu sabia que não era assim que ele queria morrer...".

Na Holanda, Austrália e Suiça a eutanásia é praticada a pedido de doentes terminais que já não aguentam o sofrimento de um corpo que não pode ser curado. E, à procura deste serviço, há doentes que começaram a "ir de férias" aos referidos países para morrerem lá e voltarem mortos e em paz para os cemitérios, ou fornos de cremar, das vilas e cidades onde estavam a residir e a sofrer penosamente em obediência aos preconceitos que a Religião e a esta “democracia” política lhes estão a impor desumanamente.
Tu, leitor, sejas jovem, adulto, velho, religioso, político, médico, cidadão que não estás livre de "viver" este problema, que pensas disto?

A nossa vida é só nossa e de mais ninguém.

A ética médica contra a eutanásia não cura nem tira o sofrimento aos doentes terminais.

A ética católica está contra a morte assistida clinicamente de pessoas que já “estão mortas numa cama”, mas tem capelães nos quarteis militares e vão às guerras abençoar soldados para ir matar.

Cada um deve poder dispor da sua vida como muito bem entender. Não foram os outros, nem os religiosos, nem os políticos, nem Deus, nem os santos que fizeram a vida do nosso corpo. Por que é que essa gente se mete na nossa vida para nos fazer sofrer, para prolongar o nosso sofrimento?
A vida é movimento, é liberdade, é energia, é criar, é falar, é escrever, é viver de pé e sem doenças incuráveis.
Não se pode chamar vida a quem já não tem movimento, a uma pessoa que está imobilizada para sempre, totalmente incapaz, incurável, sem movimento, numa cama onde a obrigam a esperar dolorosamente que o deixem morrer.

Faça-se uma Lei que permita ao doente que ainda pensa pela sua cabeça decidir se quer viver a sofrer, ou morrer para acabar com o seu sofrimento de vivo-morto. Que permita aos cônjuges e pais decidir pelos doentes terminais que já não pensam, não falam, não escrevem. Que permita aos médicos decidir por desligar a máquina aos doentes em coma profundo e irreversível, que estão naturalmente mortos e artificialmente “vivos”.

Há que pôr fim ao sofrimento e deixar a eutanásia abrir as portas à Morte, à chegada da paz eterna!

Texto de Marques Pereira
Foto: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros