5.4.08

TODA A PESSOA DEVE TER O DIREITO DE MORRER



Chama-se “eutanásia” à vontade de morrer quando sofremos de uma doença sem cura. Mas esta vontade pessoal, íntima, ainda não foi totalmente reconhecida no chamado “mundo civilizado e evoluído”.

Em Portugal ainda não existe uma Lei que faça a vontade aos enfermos incuráveis, porque a Religião e os lares precisam de doentes terminais para receberem dinheiro dos próprios, do Estado e dos familiares.

Mas também no Brasil e outros países a Religião impede que uma pessoa deixe de sofrer e “vá para o céu”, morra em paz, deixe de ser a “matéria prima” para o negócio das doenças terminais.

Quem não saberá que as doenças prolongadas e a morte são um grande negócio para os abutres dos cadáveres humanos?

Quem não sabe qual é o verdadeiro interesse do Catolicismo em assistir ao sofrimento dos doentes terminais e das pessoas que já não vivem e estão a morrer numa cama como se fossem vegetais arrancados à vida?

Por que é que os políticos alinham com a Religião e impedem os cidadãos vivos-mortos de usufruir do direito de morrer quando já não têm salvação e estão em profundo sofrimento próprio e dos familiares?

Expressou-se assim o médico Dr. Jack Keverkin, militante da eutanásia, acto de facilitar a morte, apoiada clinicamente, a pedido dos pacientes sem cura: "Vi o meu pai morrer de um modo horrível, degradante, sem poder fazer nada. Estava um verdadeiro vegetal e eu sabia que não era assim que ele queria morrer...".

Na Holanda, Austrália e Suiça a eutanásia é praticada a pedido de doentes terminais que já não aguentam o sofrimento de um corpo que não pode ser curado. E, à procura deste serviço, há doentes que começaram a "ir de férias" aos referidos países para morrerem lá e voltarem mortos e em paz para os cemitérios, ou fornos de cremar, das vilas e cidades onde estavam a residir e a sofrer penosamente em obediência aos preconceitos que a Religião e a esta “democracia” política lhes estão a impor desumanamente.
Tu, leitor, sejas jovem, adulto, velho, religioso, político, médico, cidadão que não estás livre de "viver" este problema, que pensas disto?

A nossa vida é só nossa e de mais ninguém.

A ética médica contra a eutanásia não cura nem tira o sofrimento aos doentes terminais.

A ética católica está contra a morte assistida clinicamente de pessoas que já “estão mortas numa cama”, mas tem capelães nos quarteis militares e vão às guerras abençoar soldados para ir matar.

Cada um deve poder dispor da sua vida como muito bem entender. Não foram os outros, nem os religiosos, nem os políticos, nem Deus, nem os santos que fizeram a vida do nosso corpo. Por que é que essa gente se mete na nossa vida para nos fazer sofrer, para prolongar o nosso sofrimento?
A vida é movimento, é liberdade, é energia, é criar, é falar, é escrever, é viver de pé e sem doenças incuráveis.
Não se pode chamar vida a quem já não tem movimento, a uma pessoa que está imobilizada para sempre, totalmente incapaz, incurável, sem movimento, numa cama onde a obrigam a esperar dolorosamente que o deixem morrer.

Faça-se uma Lei que permita ao doente que ainda pensa pela sua cabeça decidir se quer viver a sofrer, ou morrer para acabar com o seu sofrimento de vivo-morto. Que permita aos cônjuges e pais decidir pelos doentes terminais que já não pensam, não falam, não escrevem. Que permita aos médicos decidir por desligar a máquina aos doentes em coma profundo e irreversível, que estão naturalmente mortos e artificialmente “vivos”.

Há que pôr fim ao sofrimento e deixar a eutanásia abrir as portas à Morte, à chegada da paz eterna!

Texto de Marques Pereira
Foto: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros


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