3.1.09

VIDA FELIZ E MORTE FELIZ


Ainda há pessoas que não ligam a Morte à Vida, mas a primeira é a coisa mais certa que temos na existência humana e a segunda é uma incerteza e um risco desde que nascemos.

Viver feliz é existir sem dor e morrer feliz é deixar de estar vivo sem sofrimento.

Se é difícil ao ser humano civilizado viver feliz todos os dias, para muitos morrer feliz é problemático porque ao longo da nossa vida estamos sujeitos a doenças, desgraças, acidentes e infelicidades que até morrermos nos programam uma morte dolorosa.

Outros, os ditos felizes e realizados, ricos e viajados no tempo e geograficamente, apesar de parecer que vão morrer felizes, isso não acontece, tão preocupados se aproximam da Morte, a pensar que vão deixar as suas riquezas para familiares que nunca se esforçaram para as fazerem crescer e, o mais certo, é consumirem ou destruíram o que eles fizeram com esforço, lutaram por mais dinheiro e viveram felizes por possuírem e gastarem sem restrições nem grandes mossas na conta bancária. São uns felizes que morrem infelizes, porque a felicidade do dinheiro e dos outros bens patrimoniais podem servir para prolongar a vida, mas nunca servirá para comprar um favor da Morte.

A Morte também faz felizes os que vivem do negócio funerário, pois os enterros e os enterramentos podem ser grandes, com muitos acompanhantes à “última morada”, uma sepultura de luxo. Há vivos felizes que antes de morrerem compram “um grande funeral” e um pedaço de terra no cemitério para nela construírem sepulturas de luxo, como jazigos em altura e largura que são tão admiráveis e belos como moradias de mármore branco ou negro. O motivo é a vaidade de estar “orgulhosamente só” a mostrar aos ainda vivos que o morto era um homem de posses, dinheiro, riqueza entre os cadáveres que viveram pobres, explorados e infelizes que à sua volta estão mortos em campas rasas.

Os mortos que quando estavam vivos gostavam muito de andar de hotel em hotel preferem “repousar” ou ser guardados eternamente em cemitérios verticais, edifícios de luxo de cinco a muitos andares à “altura do Céu”, implantados em cidades fervilhantes de vida, mas “não podem ver” o verde da Natureza que já não vêem. Este negócio é designado por imobiliário da Morte, estando nas mãos de empresas e capitalistas fúnebres.

Como se vê, todos temos uma possibilidade de ter um Vida feliz e de morrer “in aeternum” alegres e felizes por ter uma Morte que nos recebeu em Paz e sem medo.

A Vida é o único caminho que nos leva até ao destino final que é a Morte de que nunca ninguém volta para ser feliz, ou ser alguém que gostaria de viver mais uma vez para tentar conhecer a alegria de estar vivo com Felicidade e sem Dor.

Aos meus amigos, amigas e leitores que estão vivos: nos vossos planos de vida que o planejamento que fizerem não vá além de 24 horas por dia, pois a feliz Morte é a companheira de todos os momentos da sua feliz, dolorosa ou infeliz vida…

TEXTO DE MARQUES PEREIRA
Foto: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros.




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