21.3.09

Portugal e seus emigrantes


Há muito tento tratar o assunto acima que em um passado recente esteve e está presente na sociedade portuguesa.

Embora delicado e polêmico o assunto só obteve proporções para ser discutido devido as mudanças ocorridas no fim do século passado. Deixe-me explicar melhor, durante boa parte do século passado, muitos, mas muitos mesmo, deixaram Portugal e foram tentar a vida em outras paragens. O motivo já se sabe sempre foram os mesmos: Pobreza, falta de emprego e a busca de uma vida melhor. A parcela de toda população que migra , normalmente é sempre a menos favorecida e a menos instruída.

Detalhes a parte, toda esta gente e suas famílias em suas novas terras de adoção criaram um pequeno Portugal e trabalharam duro na esperança de dias melhores. Estas famílias também criaram vínculos profundos, sem jamais esquecer e nem perder o amor pela terra que haviam deixado para trás.

Enquanto isto aqueles que lá ficaram, não tinham a idéia do que se passava e o que passou a estes. Falo com propriedade de quem viu e vejo naqueles portugueses que nunca partiram. É evidente que não posso generalizar, mas posso garantir que este desconhecimento pertence a uma maioria, e me chama a atenção as criticas e as piadas que fazem aos bem sucedidos que voltaram ou construem nas terras de origem. Pode até não ser, mas até parece em alguns casos uma espécie de inveja por não terem conseguido ou tido coragem de fazer aquilo que tinham vontade.

No inicio que aqui escrevi dei ênfase a ciclos do século passado, mas mesmo desde o advento de entrada na Comunidade Européia aos dias de hoje, a migração continua a ocorrer em Portugal,embora em menor numero e oficializada quando o ato ocorre dentro da Europa. O que teve de diferente foi que com a globalização ocorreu pela primeira vez na historia o fenômeno inverso que foi a chegada de imigrantes em terras lusitana. Ai como se diz no linguajar Brasileiro, embolou o meio de campo. Os portugueses pela primeira vez viram tantos estrangeiros em Portugal e com a degola econômica atual, paira um verdadeiro clima de xenofobia, muito embora a chegada destes já tenha diminuído bastante.

Recentemente em uma apresentação no Canadá , um dos expoentes mais famoso da comunidade emigrante, Roberto Leal teve a coragem de dizer o que muitos pensam mas não falam e disse que imigrante importante é aquele que faz grandes depósitos na Caixa Geral de Depósitos e Roberto também queixou-se por os vizinhos fazerem fuxicos quando o emigrante constrói sua casa em Portugal e coloca um carro à porta. “Não é para se mostrar para os vizinhos, é para provar a si próprio que valeu a pena tanta dor,tanto sofrimento.

Agora voltando também na historia recente e não só fazendo criticas não posso deixar de mencionar numa parcela importante que chamam de retornados . Estes fazem parte de um grande equívoco da diplomacia portuguesa pós 25 de abril. Naquela altura preocuparam-se excessivamente com a independência das ex- colônias e esqueceram-se dos cidadãos que la viviam deixando-os a própria sorte.

Como tudo nesta vida o tempo se encarrega de guardar na história, e aos culpados impunes só a justiça de Deus, entretanto nas circunstancias do mundo de hoje não podemos simplesmente culpar os mais fracos, temos que aprender a conviver e tentar fazer que a sociedade seja mais justa e que não realizemos atitudes hipócritas.
" Este texto trata-se da visão de um brasileiro que conhece como nunca os dois lados do oceano, mas que tenta transmitir um pensamento para aqueles que não viveram nem sabem o que é ser emigrante".

Texto: Paulo Medeiros
Foto:Extraida do Blog de Chica Ilhéu(Angra do Heroismo)
Webmaster: Paula Medeiros

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