17.3.07

SE NÃO EXISTISSEM FRONTEIRAS, BANDEIRAS, HINOS, RELIGIÕES, CAPITALISMO, MILITARISMO E COMUNISMO O SER HUMANO VIVERIA EM PAZ E LIBERDADE?


A Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de prever que em 2050 o mundo terá 9,2 mil milhões de habitantes. Caberá tanto Ser Humano nos países em que nasceram e vivem?

As terras, os muros e as fronteiras têm sido ao longo dos milénios selvagens e civilizados o motivo que leva os homens a lutar e guerrear contra outros homens. As terras para cultivo e pastagens. Os muros para delimitar e defender a posse de um terreno, quinta, jardim ou casa. Os marcos para avisar que existe uma fronteira física e legítima do país fronteiriço. Quem não conhece a existência da Grande Muralha da China construída para defender esta nação dos apetites territoriais e ataques dos Mongóis? Quem não soube da existência do Muro de Berlim a dividir a Alemanha? Quem desconhece o muro de Israel que foi recentemente construído na Palestina para evitar os ataques dos fanáticos islâmicos que se transformam em “bombas humanas” contra o povo israelita? E, ainda mais recente, o muro que os USA levantaram na fronteira com o México para evitar a entrada de mexicanos esfomeados e sem trabalho naquele chamado “país da liberdade” e “o pais mais rico do mundo”?

Na modernidade, porém, é o Capitalismo sedento de petróleo e dinheiro que leva os países mais poderosos a criar frentes de agitação, insatisfação e guerras para além das suas fronteiras, como está a demonstrar a actual política de mentira e poderio militar dos “yankies” norte-americanos e dos “beefs” ingleses na destruição no Iraque.

Os hinos, que são a cantiga do Patriotismo e da excitação à Guerra, ou são pacíficos ou guerreiros, como o de Portugal que faz os Portugueses gritar “Às armas! Às armas!” e “Contra os canhões, marchar, marchar!” em momentos patrióticos, político-partidários e nos estádios de futebol antes da “equipa das quinas” começar a jogar.

As religiões são invenções de paraísos de Paz que se transformam em “santos” movimentos de massas humanas para rezar, civilizar conforme a sua moral, manipular a pessoa, guerrear e matar seres humanos que se lhes oponham. Basta olhar para a história do Cristianismo transformado em Catolicismo e para a fundação do Islamismo. E na actualidade ainda podemos olhar para o que está a acontecer, religiosamente, no Iraque, Afeganistão, Palestina, onde há religiões e religiosos armados a combaterem-se uns aos outros com a “ajuda” das suas inventadas divindades.

O Comunismo, aberto ou fechado, com um nome ou outro, continua a ser oposição ao Capitalismo, mas já anda a cair para o lado do Dinheiro. Exemplos são as viragens da URSS para a Rússia capitalista e democrática (?) e da China para o mundo exterior do Capitalismo, estando a fazer de si uma imagem do “comunismo capitalista” e a transformar-se numa força económica que está a lançar o pânico e a abrir brechas no mercado internacional, global, vendendo produtos mais baratos e acessíveis aos consumidores, porque obriga os chineses a trabalhar 10 horas por dia e a só terem dois dias de descanso por mês.

Se todas as fronteiras estivessem abertas, como podem estar as dos 25 países da União Europeia, as pessoas sentiriam nessa liberdade de circular pelo mundo uma possibilidade de melhorar a sua vida, pois nuns países há mais riqueza e trabalho do que noutros. Mas essa liberdade de circular na UE existe ou é apenas uma ilusão política? Um exemplo: um espanhol mesmo que casado com uma portuguesa, para viver em Portugal tem de pedir e exibir uma licença, apesar de a Espanha ser territorialmente uma vizinha e um parceiro da União Europeia. E se todos migrassem para os países onde há trabalho, pão e apoio à vida, seria que o Ser Humano voltaria aos tempos primitivos em que se deslocava à procura de alimentos e de melhores climas para sobreviver? Veja-se o que está a acontecer na fronteira do sul dos USA, onde o “cristão” George Bush mandou construir um muro para barrar a passagem aos católicos mexicanos esfomeados, pobres, sem nenhuma esperança de sobrevivência no “país da tequilla”…

As bandeiras são o elemento do folclore do simbolismo nacional de qualquer país, clube de futebol, religião, empresas multinacionais. Como pano com desenhos e cores vivas, ou como um simples adorno do vento que passa, não fazem mal a ninguém, mas como símbolos podem impor uma ditadura, identidade, invasões, guerras e matanças. Estou a lembrar-me das bandeiras e pendões com o rosto de Cristo que os assassinos das Cruzadas usavam nas suas incursões contra os Cristãos e Islamitas do Oriente obedecendo a ordens a papas da Igreja Católica Romana…

Os hinos são cantigas nacionalistas que quando os cidadãos os sabem cantar satisfazem o seu orgulho nacional. Alguns até são poemas bem musicados, bonitos, alegres; e outros, como o de Portugal, são empolgantes e contêm violência e guerra nos seus versos acompanhados pelo no rufar dos tambores.

As religiões foram uma invenção dos medos do Ser Humano e continuam a fazer adeptos de pessoas com medo do mundo e por não saberem pensar por si próprios. Alguns fiéis só o são para pertencerem a um grupo social-religioso, pois o Homem e a Mulher de hoje não podem viver isolados dentro de si e sem uma protecção humana ou outra mesmo que seja falsamente divina. No Céu ninguém lá vive nem está morto. O Paraíso não foi encontrado por nenhum astronauta, nem pelas máquinas-satélites inteligentes que vagueiam pelo Espaço á procura de conhecer se têm vizinhos astrais. O Inferno existe, sim, mas na Terra, para os que sofrem injustiças, fome, dores, miséria. Mas se as religiões não existissem, com todas as suas mentiras e caridade, viveríamos melhor? Na presente situação política, social e ambiental, creio que todas as religiões e as seitas de crentes e sugadores de dinheiro (não Deus, porque este não existe, não passa de uma Palavra que só faz o que o Homem é capaz de fazer), se deixarem de ser tão hipócritas, tão interesseiras, tão de costas voltadas umas para as outras, ainda poderão fazer alguma coisa para minimizar a catástrofe anunciada para o nosso planeta e a sua vida humana, animal e vegetal. Será uma estupidez pensar que Ele e os santos mortos é que vão salvar o mundo de secar e morrer devido à poluição gerada pelo Capitalismo e pelo Consumismo. E aqueles que esperam o regresso de Jesus da Nazaré como o “Deus Novo”, o salvador do nosso fim à vista, estão religiosamente doidos, porque os mortos não ressuscitam, não voltam a viver. Nem Ele conseguiu isso, apesar de se auto-anunciar como filho de um outro Deus, de Amor e Tolerância, reinventado do vingativo Jeová dos judeus!

O Capitalismo selvagem, que só pensa no Dinheiro e em lucros empresariais e bancários, está sempre a engordar à custa do trabalho das pessoas. É o mal que mais afecta o Ser Humano que precisa de trabalhar para viver. E revelou-se como anti-Terra, tudo transformando e tudo estando a matar. Penso que todos os não-analfabetos têm conhecimento da escravatura que o Dinheiro dos capitalistas está a causar ao Homem e à Mulher comuns.



O Militarismo é o diabo que atira homens contra homens e mulheres contra mulheres, fazendo do Ser Humano carne para os jogos de ambição e vingança de políticos, “carne para canhão” para generais e “hambúrgueres” para bombas e mísseis de destruição. Se Deus realmente existisse, como milhares querem fazer crer enganosamente a milhões, certamente que Ele nunca permitiria que o Militarismo existisse, pois nunca haverá Paz com o Ser Humano a empunhar armas.

O Comunismo já não é o que era após a II Grande Guerra Mundial e no período da “Guerra Fria” da URSS com os USA e a Europa. Os políticos “bolcheviques” que obrigaram nações a ser comunistas e a viver sob a pata de diversas ditaduras “vermelhas” morreram; e os comunistas-novos abriram-se ao Capitalismo produtivo e economicamente competitivo com um olho aberto sobre o desenvolvimento do Ocidente. Mas ainda há ditadores comunistas que mantêm o seu povo sob a proibição de pensar, manipulado e usado como alimento de uma utopia. Aliás, o Catolicismo agiu da mesma forma na Europa, utilizando Jesus Cristo, mas vejam no que a Igreja Católica se transformou até aos dias de hoje, mesmo utilizando os padres-carrascos da Inquisição, ou Tribunal do Santo Ofício, que julgava e matava sumariamente em nome de Deus aqueles homens e mulheres que pensavam e viam de maneira diferente: ficou sem poder político e sem poder social, tornou-se incapaz de deixar os homens e mulheres do seu quadro de pessoal, os “reencarnados”, gerar Vida Humana e inclinou-se para uma religião folclórica, gestora do seu vasto património religioso e de uma riqueza incomensurável que vai aumentando a colher dinheiro e propriedades das suas “ovelhas” e viúvas.

O que nos resta, então, se muita coisa está cada vez pior e mau neste planeta?

Vamos tentar conservar, mesmo os que pensam que vivem bem, o que há de bom e procurar sobreviver o menos pior possível. Os que assim fizerem e conseguirem viver serão os verdadeiros santos dos últimos tempos da Terra que poderão ir até 2050, 2100, talvez 2500, se, entretanto, uma grande asteróide não chocar connosco e se o petróleo não for substituído por outro combustível não poluente, não venenoso, não desertificador.

Pessimista, eu?! Olha para esta foto. O que vês? Poderás viver, semear, criar gado, colher alimentos numa terra seca, ou inundada até à altura dos teus joelhos. Poderás pescar se não houver peixe nos rios e mares? Poderás respirar e viver numa atmosfera com o ar envenenado?

Este texto é fruto da reflexão que me apeteceu fazer, após ter conhecimento de que o gelo está a derreter nos pólos terrestres e a mentira de George Bush e Tony Blair já causou a destruição parcial do Iraque, 650 mil inocentes mortos, dois milhões de refugiados, 3500 militares ocidentais com as vidas ceifadas e uma incontrolada guerra civil.

Se não acreditas, abre os olhos e olha em teu redor e para o que está a acontecer para além do teu tempo de pensar e ver em África, Ásia, Antártida, América Central, Brasil (no nordeste e nas favelas cariocas) e em Portugal nos “bairros-de-lata” dos subúrbios de Lisboa…

Texto: MARQUES PEREIRA

Foto: A.N.I.

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