12.5.07

FÁTIMA: 90 ANOS DE RELIGIÃO E NEGÓCIO RELIGIOSO





A 13 de Maio de 1917, num local chamado Cova da Iria, três crianças atiradas para um monte a pastar todo o dia ovelhas e cabras, com as cabeças religiosamente “lavadas” e “drogadas” pelo pároco da sua aldeia de Aljustrel (Ourém), analfabetas e famintas, longe da civilização e de tudo, vivendo como “anjinhos do Senhor” como era costume e obrigação daquele tempo, inventaram uma visão religiosa e disseram que estiveram a falar com uma Senhora vestida de branco e brilhante, que lhe veio do Céu…

Esta “aparição” repetiu-se mais duas vezes, segundo as estórias que os clérigos contaram, depois de chamarem mentirosas às crianças (Lúcia, Francisco e Jacinta), tendo uma sido presa pela administrador do concelho de Ourém, duas foram deixadas morrer (Jacinta e Francisco) e a outra (Lúcia), após a Igreja Católica e o Estado Novo opressivo terem concluído graças a Deus que a “coisa” servia para calar o povinho que passava fome e vivia revoltado, foi encarcerada num convento em Tuy (Galiza-Espanha) até passar para Coimbra onde morrera como uma “santa” sem nunca ter saído para o meio da multidão e sem ter feito alguma coisa de serviço cristão ao povo.

A traços largos é esta a estória que levou à criação do santuário de Fátima, que graças ao dinheiro, ouro e jóias que recebe das adoradoras da inventada Nª Sª de Fátima, a quem no princípio foi chamada de Nª Sª do Rosário, vai em 10 de Outubro ter mais uma basílica cuja construção custou 53 milhões de euros, dinheiro do povo com fé na Virgem.

As religiões são feitas assim: com imaginações, ilusões, fantasias, aproveitamento de fenómenos atmosféricos, inverdades e com a ingenuidade e medo do povinho sem cultura religiosa que acredita em tudo o que “eles” dizem sem os questionarem.

Quantos católicos e católicas saberão, por exemplo, que esta Nossa Senhora de Fátima, como a conhecem, foi feita por um minhoto na Casa de Fânzeres, em Braga? E de uma coisa temos a certeza: não foi feita à imagem de Maria, mãe de Jesus, porque ela era euro-asiática, ou euro-africana, morena, e no seu tempo as roupas eram rústicas, escuras e pesadas.

Mas, como me dizia uma amiga, “eu tenho fé Nela e pronto”. Todavia, a minha amiga e certamente milhões de praticantes desta adoração mariana não tem a mesma fé no Ser Humano, nas pessoas das suas relações, amigos, familiares, vizinhos e nos médicos que lhes curam as doenças e elas vão agradecer a Deus ou aos “santos” de barro e pau. Porquê? Nesta gente que anda de joelhos e de rastos, a orar pelas igrejas e santuários, aos milhões, são raras as pessoas que acreditam no seu semelhante e fazem serviço de Amor ao próximo como o filho de Maria de Nazaré, Jesus, gostaria.

A mim revolta-me, como aconteceu a Jesus Cristo, ver a Religião a fazer dos seus “espaços sagrados” um grande centro comercial, um “shopping”, como acontece em Fátima, Lourdes, Aparecida e no santuário da virgem polaca negra Chestokova.

E não gostei de o Papa Ratzinger ir ver a Aparecida do Brasil e não vir comemorar os 90 anos da invenção de Fátima em Portugal. Ele podia fazer uma coisa a seguir à outra, mas preferiu apanhar um banho de um milhão de brasileiros. O outro “banho” foi-lhe dado pelo presidente Lula da Silva que não aceitou a proposta papal de assinar uma concordata e ainda lhe ensinou que o Estado e a Igreja não se devem “casar”, certamente a pensar na ditadura do Islamismo nos países árabes e muçulmanos, o que não se coaduna com a tradição política dos “nossos irmãos”.

É tudo o que sinto para escrever 90 anos depois sobre esta estória da Cova da Iria mal contada por “eles” e engolida pela fé dos portugueses e pelos turistas estrangeiros da religião que gostariam, como eu, de ver o mundo com mais uma Deusa com o nome português de Maria, fosse ela tão bonita e bela como a imagem de Fátima, ou feia como uma campónia que nunca conhecemos nascida numa aldeia remota e pobre do Médio Oriente…

Texto de MARQUES PEREIRA

Foto: A.N.I.

Webmaster: Paula Medeiros

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