9.2.08

O PADRE QUE LUTOU CONTRA A ESCRAVATURA NO BRASIL


O jesuíta António Vieira nasceu em Lisboa, na rua do Cónego, perto da Sé da capital portuguesa, a 6 de Fevereiro de 1608, há 400 anos, e morreu na Bahia em 17 de Junho de 1697, aos 89 anos, ficando na História de Portugal e na História do Brasil, principalmente, como o clérigo missionário que lutou contra a exploração e escravatura dos povos indígenas brasileiros.

Se, oficialmente, a escravatura acabou no Brasil em 13 de Maio de 1888 com a Lei Áurea é notório que a pobreza nos subúrbios das cidades e nas aldeias remotas ainda mostra que a escravatura ainda não foi total e socialmente erradicada do Brasil e está em curso a chamada Escravidão Moderna. Até em Portugal, país que caçou os primeiros escravos negros na Mauritânia em 1441 e os vendeu na Europa, a escravatura foi abolida em 12 de Fevereiro de 1772, no reinado de D. José I, mas há Portugueses que hoje estão cada vez mais pobres e os salários estão entre os mais baixos e miseráveis da União Europeia.

Os indígenas Tupi chamavam a António Vieira “Paiçu” (pai, grande padre).

Como grande defensor dos Direitos Humanos naquele tempo, ele defendeu os Judeus da perseguição que os dominicanos da Inquisição (tribunal eclesiástico criminoso) lhes estavam a fazer e criticou asperamente os padres e bispos que faziam esse trabalho sujo e assassino da Igreja Católica.

Curiosamente, o pai de António Vieira chegou a ser escrivão da Inquisição.

Aquando da 2ª Invasão Holandesa ao Nordeste do Brasil, A.V. aconselhou Portugal a entregar esta região do território brasileiro à Holanda, que era um inimigo militarmente superior, porque gastava dez vezes mais com a sua defesa e manutenção do que os ganhos que conseguia. E com esta posição entrou em desgraça até à Restauração da Independência de Portugal, em 1640, entrando um ano depois na vida diplomática indo a Lisboa prestar obediência ao novo monarca português. Seguidamente, talvez arrependido pelo seu anti-patriótico conselho, ele seria o embaixador que foi negociar com a Holanda a devolução do Nordeste à coroa portuguesa.

No regresso à terra brasileira foi para o Maranhão e Grão-Pará onde, entre 1652 e 1661, se bateu em defesa da liberdade dos índios, o autêntico povo do Brasil.

Em todas as religiões -não só no Catolicismo- houve sempre santos, bons-malandros,
maus-malandros, oradores de tretas, fingidos, hipócritas e pecadoras, como se pode descobrir na história da vida deste magnífico clérigo que se pôs ao serviço do Povo-povo que sofria e há 2000 anos foi protegido pelo Jesus de Nazaré vivo, que, para nosso mal, nunca mais voltou da grande mentira religiosa da sua Ressurreição em que o guardaram até o Catolicismo o colocar como um deus morto e vivo no lugar de Deus.

E o que fazem os religiosos bons-malandros e as religiosas boas-malandras de hoje? Pelas imagens que o mundo está a mostrar de novas escravaturas dos seres humanos, “eles” e “elas” baldaram-se para os problemas do Povo-povo e não estão a fazer nada de mais, deixando-o viver na miséria, fome e doenças, sempre a dizer-lhes para rezarem e dar graças a Deus.

Deve-se ao padre-missionário, escritor e grande orador António Vieira esta afirmação: “Os Portugueses têm um pequeno país para berço e o Mundo todo para morrerem”.

Eu diria, hoje, que “Os Brasileiros têm um grande país-berço para morrerem e todo o Mundo para viver com esperança e melhor qualidade de vida”. Não todos, obviamente, porque há milhões que já não têm capacidade mental para se levantarem, caminhar e ir à luta por uma vida melhor. Tampouco apareceu um religioso, ou religiosa, santos ou leigos, capazes de iniciar uma luta radical contra todos os monstros políticos, os sugadores capitalistas e os oportunistas clericais que continuam a fazer a exploração e a escravatura do Ser Humano…
Texto: MARQUES PEREIRA
Fotos: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros

















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