16.2.08

Par(t)ida

" Sigo hoje apresentando mais um poema do Luciênio Teixeira. Além de uma oportunidade ao leitor, trata-se também de um magnifico exemplo de como nossa lingua portuguesa é bela principalmente quando bem trabalhada. O sentido da vida é dar vida aos sentidos ."







Par(t)ida

Da vida uma triste partida fica,
As horas não esperam nossas horas
E dessa vergonha a cicatriz...
Eu te daria mais se me faltasse pouco
E muito se não me faltasse.

E te pariram prá que no mundo
Mais um sofresse.
Choravas tu, padecia eu...
Crescemos sem amor
Mas depois, amor, ele veio
Forte como as águas de março,
Arrancando tudo...
“E assim como veio, partiu”
Mas eu sei prá onde... Ah! E como eu sei.

Da vida
Uma triste partida
Mas cada dia que passa
Diminui cada dia.
E o diminuir do tempo é meu prazer,
Lapidando versos: pó, ética e mente
“E assim como veio, partiu”
E ninguém sabe,
Só quem partiu e veio.



Comentário: a vida é essa sucessão de chegadas e partidas e o que as qualifica está no quanto da gente se vai e no quanto se chega. As amizades, pelo menos as verdadeiras, sempre estarão no limiar da chegada ou da partida – ou naquele momento iminente e crucial que sempre nos espreita e põe à prova nossas relações com o outro. Partidas tristes, dos que se vão por vontade própria ou dos que são obrigados a ir, que deixarão elas? Tristes partidas! E seu oposto, as partidas alegres, de alívio, de controle, de desejo, de necessidades, que deixarão elas? Alegres partidas, em geral esquecidas mais além e com bem pouca saudade, tenho certeza.
Que na minha, na nossa partida, seja de uma tristeza boa, de saudade... “Eu lhe daria mais se me faltasse pouco e muito se não me faltasse.




Apresentação: Paulo Medeiros
Poema e comentário: Luciênio Teixeira
Webmaster: Paula Medeiros

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