23.1.10

LOUVADO SEJAS, DEUS DINHEIRO!



Se não houvesse dinheiro como é que as pessoas praticariam o Amor ensinado pelo religiosamente dito Filho de Deus? Só a pena, o carinho e as palavras de circunstância na maioria de hipócritas, não dão alimento para manter a vida aos famintos.


Este comentário vem a propósito dos vários pedidos de dinheiro que as religiões, os governos e as ONG’s. fizeram a quem o tem e aos que pouco têm e que são os que mais dão em momentos de desgraça do povo como os que aconteceram no Haiti.


“Enviem-nos dinheiro para comprar alimentos, medicamentos, cobertores, materiais de utilização imediata e pagar os transportes”, pediram os profissionais da ajuda humanitária e social.


Por que motivo os activistas do humanitarismo não pediram essa ajuda ao Todo Poderoso? Nem falaram Nele, excepto aquela mulher que, após ter sido retirada dos escombros pelos bombeiros, disse: “Eu não falo com ninguém, só com Deus!”.


Lamentável estupidez humana que nem deu para essa mulher - uma entre 132 sobreviventes recuperados dos escombros - agradecer a salvação da sua vida aos louváveis salvadores que não a deixaram morrer.


E aquelas outras e outros haitianos que também se ouviram agradecer a Deus por estarem vivos, mas nem uma lágrima verteram pelos seus compatriotas mortos e ainda desaparecidos sob os edifícios e casas destruídas?


E aqueles feridos e mutilados que ficaram a dever a vida a médicos, enfermeiros, voluntários e militares brasileiros, portugueses e de outros países ao serviço da ONU?


E aqueles que ouviam gritos de pessoas soterradas e a morrer pelas ruas e não paravam para as auxiliarem, nem olhavam para elas?


E todos são muito religiosos no Haiti. Mas foi isto que a religião os ensinou? Tão depressa esqueceram que o Amor é compaixão e acção a favor dos que sofrem?


Vale mais um ateu com acção do que um religioso a rezar vivendo na ilusão de que Deus é capaz de resolver todos os problemas.


Considerando os factos que são a realidade e a única verdade, arrisco-me a perguntar: Você, que tanto devoção tem por Deus e aos santos da sua religião, numa tragédia destas, se ficasse vivo/a, o que faria pelos outros? Agradeceria a quem: a Deus ou aos seus salvadores? Deixe-me pensar que ia pôr-se de joelhos, num acto pessoal de estupidez religiosa e humana, a dar graças a Deus sem dizer “Obrigado!” aos que salvaram vítimas.


Deus não salva ninguém das desgraças causadas pela Natureza. A catedral de Port-au-Prince caiu e matou o bispo e dezenas de fiéis que lá rezavam fervorosamente a Deus.


Somos nós, os seres humanos bem formados e caridosos, com acção e dação, que nos ajudamos e salvamos uns aos outros em momentos semelhantes a este e outros.


Somos nós que damos o dinheiro necessário para socorrer as vítimas e enterrar os mortos.


Deus não é nada – nunca foi nada – nestes momentos de horror, terror e morte.


Os santos que foram pessoas boas e abnegadas estão mortos e não nos podem ajudar, por mais velas que lhes acendam e orações e preces que lhes dirijam. E os que foram inventados, os “sagrados cacos”, nunca fizeram nada, muito menos esses “milagres” que lhes atribui o povinho e a sua fé pecaminosa em imagens, desobedecendo aos 10 Mandamentos de Deus escritos por Moisés e à vontade de Jesus Cristo.


Nestas realidades que são as pequenas e grandes desgraças, salta sempre à vista e aos sentimentos que Deus somos nós todos, os homens e mulheres de bom e caridoso coração, todos os que têm energia, tempo, vontade e dinheiro para acudir aos outros.


Temos que ser realistas e humildes e aceitar a verdade de que o Dinheiro é o “Grande Deus”, todo-poderoso e milagreiro, o mais necessário num momento como o que se viveu no Haiti. Se não fosse assim, os feridos, os desalojados e os esfomeados iriam pedir milagres de emergência ao que não existe, ao Deus do Céu.


O Dinheiro é Deus, quando é bem distribuído pelas pessoas e aplicado na vida, na dor e na desgraça dos que estão a sofrer. Por ser verdade, todos começaram a pedir e a reunir dinheiro para os que sobreviveram ao terramoto do Haiti.


Louvado sejas, Deus Dinheiro! Neste momento de destruição e maior desgraça e pobreza no Haiti, tu és superior ao Deus criado por Zaratustra e Abraão, referido como todo-poderoso, omnipresente, sábio e salvador.


Deus é uma tremenda ilusão, uma mentira religiosa que não salva ninguém de uma catástrofe provocada pela Natureza!


Jesus da Nazaré ensinou que com Amor podemos minimizar a dor e ajudar os que sofrem, os famintos e os que vão morrendo na miséria por todo o Mundo.



Texto de Marques Pereira


Foto: ANI

Webmaster: Paula Medeiros



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