7.4.07

BRASILEIROS EM PORTUGAL


Durante séculos os Portugueses imigraram para o Brasil. Foram vários milhares numa regular continuidade. Foram como colonos agrícolas, mineiros, empregados comerciais, trabalhadores da indústria e ainda como políticos activistas fugidos à injustiça dos ditadores.

Se olharmos a reciprocidade deste fenómeno verificaremos que a presença de brasileiros em Portugal não teve uma expressão significativa. Apenas a partir da década de 80 do século passado se assistiu em Portugal ao crescimento regular de fluxo de imigrantes brasileiros para Portugal.

A emigração para Portugal apresenta uma evolução constante entre os anos de 1980 e 1987 tendo aumentado significativamente entre 1987 e 1995. A partir do ano de 1999 o número de imigrantes sem documentos aumentou.

As associações de brasileiros em Portugal estimam em cerca de 15 mil os imigrantes brasileiros em situação ilegal que residem no país. Estima-se que a comunidade brasileira em situação regular é de cerca de 60 mil pessoas. Serão, portanto umas 75 mil almas brasileiras a residirem em Portugal. Mais? menos? Não sei.

Segundo alguns estudiosos não se conhecem muito bem as motivações destas emigrações de brasileiros para Portugal.

Creio no entanto que o que motivou a vinda de milhares de brasileiros para Portugal foram essencialmente algumas destas hipóteses:

1 – A língua comum.

2 – Uma cultura muito próxima que séculos de história cimentaram.

3 – Alguns acordos bilaterais.

4 – Possibilidade de obtenção da nacionalidade portuguesa.

5 – Algum investimento, já significativo, económico de alguns empresários brasileiros em Portugal.

6 – A possibilidade de entrada numa Europa cujo mercado comum começa a solidificar-se. Será?

Os brasileiros estão concentrados nas grandes cidades das regiões de Lisboa, do Centro do país (Aveiro e Coimbra) e no Norte (Porto e Braga). No Algarve, pelo menos nos meses de Verão, a sua presença como trabalhadores sazonais é já uma constante também.

Não me parece que haja já algum estudo rigoroso que nos permita identificar o perfil sócio-económico da comunidade brasileira no nosso país. No entanto posso indicar, sem falhar muito, algumas características que me parecem caracterizar esta comunidade.

a) – Comunidade jovem e em busca de uma primeira oportunidade de trabalho.

b) – Emigrantes temporários.

c) – Gente com escolaridade acima quer das médias brasileira quer portuguesa tentando, se possível, dar o salto para a Europa comunitária.

d) – Diversidade social.

Entre esta diversidade social encontra-se de tudo. Estudantes universitários, quer de licenciatura quer de mestrado ou doutoramento.

Jovens que vem passar uns tempos de férias e ganharem algum dinheiro e contactos para posteriores vindas definitivas ou passagem para outras zonas euro.

Mulheres jovens e bonitas que muitas vezes para atingirem os seus objectivos começam por se prostituirem.

Na Visão de 1 de Março de 2007 é publicada uma reportagem exclusiva acerca do tráfico de mulheres, dentre as quais muitas chegam do Brasil. Segundo essa reportagem "as mulheres chegam a Lisboa ou ao Porto por via aérea directa, mas, como arriscam um controlo mais apertado , preferem desembarcar em Paris ou Madrid. Seguem depois por via terrestre rodoviária para o Norte de Portugal (sobretudo Braga)".

No nosso prédio tivemos um grande problema por causa de uma jovem brasileira que se instalou num dos apartamentos, alugado obviamente, e recebia homens a toda a hora do dia e da noite tendo levado a que o condomínio tonasse medidas drásticas. Era um forró dia e noite.

Também se tem verificado grande quantidade de brasileiros que se dedicam às mais estranhas formas de religiões.É um pulular de seitas religiosas. São os da IURD, os espiritas seguidores de Alan Kardec e mais uma data de outras seitas religiosas.

Com a sua voz meiga e seu sotaque melodioso lá vão consegindo captar para as suas fileiras muitos portugueses mal formados e semi-analfabetos.

Numa sociedade que saiu apenas há 33 anos de uma ditadura politico/religiosa, iletrada, com cada vez menos condições dignas de um país do pelotão da frente, religiões agressivas e hábeis vão-se instalando e procurando compensar com as suas promessas o que o Estado deveria garantir.

Prometem a salvação divina, o paraíso, o bem estar a quem já passa fome e sacrifícios vários. Há já quem por não poder pagar o gás para cozinhar tenha voltado a usar as máquinas a petróleo. Isto passa-se na capital, Lisboa e em lares até aqui da classe média.

Numa sociedade onde fecham escolas, centenas de escolas, urgências hospitalares, maternidades e fábricas é demasiado fácil penetrarem estas seitas religiosas. Um Povo sem justiça, dos homens, procura sedentemente por justiça divina. Num país onde a minoria consome a quase totalidade dos recursos monetários já de si exíguos, onde as reformas se verificam apenas para os mais desfavorecidos, mantendo apenas as regalias para pequenas elites, é muito fácil que certas seitas se instalem.

Tenho vários amigos brasileiros. Médicos, enfermeiros, historiadores e professores. São competentes, são simpáticos mas parece-me que em certos sectores são um pouco marginalizados.

Uma outra grande fatia de emigrantes brasileiros estão nas equipas de futebl. Quase todos os fins de semana, na hora de entrevistar os jogadores, no fim de cada jogo, é raríssimo que se não fale em brasileiro.

Não me aborrece absolutamente nada que haja emigrantes de todos os quadrantes incluindo do brasil. Nós, os Portugueses, por triste fado ou má governação, há séculos que temos que partir á procura de melhores condições de vida.

E isso é que chateia. Porque é que o Luxemburgo, por exemplo, pode pagar o ordenado mínimo a mais de 1500 euros por mês e nós, nação valente e imortal, que deu novos mundos ao mundo, apenas pagamos uma esmola.

Mesmo assim os brasileiros, por má governação desse enorme país que já foi nosso, ainda se sentem compensados monetariamente atravessando esse mar imenso em busca de dignidade e de uma vida que não tenha que passar pelas fabelas, essas vergonhas sociais.

Para que minúsculas elites continuem a manter para si as riquezas do mundo, milhões de seres humanos, entre eles brasileiros e portugueses, procuram diariamente dar o salto para lugares onde sociedadas melhor organizadas lhes permitam viver com dignidade , justiça e segurança.

Mas, pelo que me parece observar, a estabilidade tem os dias contados, pelo menos ao nível europeu.

A constituição europeia, que certa camada social quer impor aos demais, acabará por amordaçar e destruir um bem estar social que a europa conseguiu atingir.

São milhões os desempregados. Outros tantos os que tem precariedade no emprego e outros tantos ainda os que apenas esperam o desemprego a pobreza a miséria totais.

Creio que se está a criar uma nova sociedade de escravos, de gente sem emprego, sem direito a habitação, nem a escola, nem a saúde, nem a uma velhice condigna e uma morte sossegada.

Os milhões transitam entre as mãoes de meia duzia de capitalistas ficando as migalhas para uma massa humada descumunal que vive já miseravelmente.

Essa pequena percentagem de seres humanos detentores do poder e do dinheiro instalam-se onde o momento lhes der mais jeito. Fecham fábricas nuns locais, atiram para o desemprego e para o desespero milhares de seres humanos já em idades avançadas e vão-se instalar noutros locais onde lhes cheira a mão de obra barata que é o mesmo que dizer novos escravos.

O que pretendem é o lucro a qualquer custo.

E os Povos, quais baratas tontas, deambulam pelo planeta em busca de uma estabilidade que nunca mais chega nem chegará pois as elites apossaram-se dela e não pretendem largá-la.

Nunca se viu em século nenhum tantas fortuna acumuladas nem tanta gente a morrer de fome, de sede e de miséria.

Parece-me que a europa está a criar uma massa humana tão grande de gente pobre, sem emprego e desesperada, que não será difícil de antever anos de convulsões, manifestações e revoltas.

As comunidades brasileiras que cá vivem, de todas as profissões e idades, vieram seguramente á procura do el dourado como há séculos os portugueses foram em busca da árvore das patacas.

O el dourado existe, a àrvore das patacas também apenas foram apropriados pelas mãos erradas.

Creio que para que haja justiça social, distribuição equitativa das riquezas deste belo planeta é necessário e urgente mudarmos o rumos dos acontecimentos o que é o mesmo que dizer que se devem retirar esses bens a quem deles se apropriou indevidamente.

Não é possível que num planeta cuja tecnologia atingiu níveis fabulosos haja poucos com tudo e milhões sem as condições mínimas de subsistência.

Para as religiões, infelizmente, esta catrástrofe vai tendo explicação. Para quem, como eu, não é religioso, não tem.

É a mais vil ditadura do capital.



Texto: João Lagarto Brito

Webmaster: Paula Danielle Medeiros


3 comentários:

Anónimo disse...

Olá não sei nada sobre brasileiros em Portugal mas posso lhe esclarecer algo sobre o Kardecismo:

O Kadercismo não é uma religião, é uma filosofia de vida. A religião dos kadercistas é a cristã. Nossa visão do cristianismo, porém, é diferente da visão católica e protestante pois é baseada na obra do francês Allan Kardec: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
A palavra Espiritismo apesar de no passado ter sido utilizada para designar os seguidores do Kardecismo hoje em dia está muito maculada pelos protestantes pentecostais que em sua ignorância a usam também para referirem-se às religiões afro-brasileiras, como a Umbanda ou o Candomblé, que não possuem ligação nenhuma com o Kardecismo.

Abraços fraternos

Anónimo disse...

Olá.
Para me ter referido a Allan Kardec foi porque sabia alguma coisa, no mínimo, acerca deste autor francês. Comprei alguns livros dele, e estou a ler o Evangelho Segundo o Espiritismo. Já li o Livro dos Espiritos que Allan Kardec publicou em 18 de Abril de 1857.
Frenquento com assiduidade o culto espirito perto de minha casa. Nunca escrevo nada sem primeiro frequentar essa coisa, verificar in loco isso mesmo. Bom sobre História Medieval só investigando, jamais lá poderei ir apesar de considerar que não estaremos muito longe mentalmente dessa época. Há como que uma enorme regressão... Até hoje ainda não senti absolutamente nada. Nem a presença de espiritos superiores, nem a presença do Mestre, Jesus Cristo.
Vou normalmente ao "passe" ao fim da cerimónia e, honestamente nada sinto.
Mas continuarei a frequentar aquele local por várias razões. Minha esposa crê no Espiritismo e eu respeito a sua crença. Sim é uma espécie de analfabetismo mas que eu respeito.Muitos amigos meus frequuentam esse local e eu gosto deles. Esse local não me faz mal nenhum. Apesar de tudo prefiro as explicações Espiritas do que as da Igreja Católica. Apesar de tanto as de uma como as de outra serem muito ingénuas, muito "irracionais", a Espirita é mais "palpável". Pelo menos não se adoram imagens naquele local nem nunca me vieram, de cestinha na mão, a meio da celebração, pedir dinheiro. Nem aquele local ustenta a riquesa faustosa das Igrejas católicas.
E, porque quero aprender mais sobre o Espiritismo vou continuar a frequentar aquele local com toda a atenção e respeito.
Portanto meu caro Eduardo Guimarães, agradeço as suas palavras, mas como Historiador, Mestre em História Medieval e do Renascimento penso ser muito feio escrever sobre coisas que se não conhece. Nunca me atreveria a fazê-lo.
Ora se escrevi sobre Allan Kardec é porque li já algumas coisas sobre ele e sobre a época em que viveu.
Os meus agradecimentos pelas suas palavras.
Aceite um abraço do
João Lagarto de Brito

Anónimo disse...

Caro Amigo Guimarães
Esquesi de lhe dizer que o mundo dos políticos, dos religiosos e dos empresários, de hoje, anda aflito.
Dizem que o mundo está a modificar rapidamente. POIS ESTÁ.
A "ordem" que contruiram para si, de gentes submissas às suas ordens, capitalistas, sociais e religiosas, estão em mudança rápida. Os Povos vão aprendendo, vão lendo. Estão a habituar-se a pensar, a raciocionar, a questionar a velha "ordem" imposta por déspotas. O mundo dos jovens já não é o nosso enquanto jovens, sem cultura, sem pensamento próprio. Os jovens de hoje, nem todos infelizmente, é outro. Querem saber tudo ao pormenor. Questionam o "normalmente" e definitivamente aceite até hoje. São arreligiosos, querem provas efectivas das teorias e estórias que lhes contam. E estão vendo que cada vez mais lhes estão a prometer por um lado e tirar-lhes por outro. Até parece que o MUNDO é só dessa gente. Eles apoderaram-se do mundo como coisa só sua. Mas não é e há-de deixar de ser coutada sua, deles é claro.
Este choque civilizacional ainda agora está a começar. Não adiantará que lhes queiram tapar o sol com uma peneira. É demasiado tarde, mas ainda cedo demais, para que as coisas se não alterem definitivamente.
O que lhes parece certo, aos que têm consciência, é que o globo está doente. Doente pelo aquecimento provocado pelo excesso de mau trato a que meia dúzia submete o planeta. Milhões passam fome e sede para que meia duzia continue a submeter o planeta a uma exploração sem lei nem regra.
E Deus nada faz. Mas a natureza, essa sim a nossa mãe, vai fazendo, Vucões, tsunamis, ciclones, tufões, arrasam tudo aquilo a que o Homem, esse verme, acha indestrutível.
Um dia qualquer, o paraíso do Dubai, aquelas ilhas paradisíacas, feitas à custa da miséria alheia, desaparecerão. Vão ser escombros.
O Titanic era inafundável e na primeira viagem a mãe natureza arrastou-o para o fundo do oceano. Pontes consideradas indestrutíveis não resistiram a mais de 15 segundos de má disposição da Terra.
Temo a mãe natureza e respeito-a. O resto são contos belos de fadas sem força capaz de resistirem a 15 segundos de perguntas bem feitas.
Tenha uma Boa Páscoa.
E obrigado por ter a coragem de ler o que escrevo.
João Lagarto de Brito