18.10.08

Vinho do Nordeste Brasileiro


Para todos que acompanham o nosso Blog, principalmente em Portugal, é digno de registro o aumento do consumo de vinhos no nordeste brasileiro. O outrora sempre seco sertão nordestino , graças a irrigação do São Francisco consegue mover negócios que hoje ultrapassam os milhões de reais . Claro que ainda é muito pouco, pois 90% do que é produzido no Brasil ainda esta no estado do Rio Grande do Sul, mas com o incremento dos 10% extras e oriundos do nordeste é de deixar boquiaberto qualquer historiador recente.

Toda a produção nordestina se concentra na região entre a Bahia e Pernambuco. O Oasis do “velho Chico”, criou um aglomerado de vinhedos que inclusive já muda alguns hábitos, dentre eles beber o vinho
.
Como se sabe nunca foi forte esta tradição no Brasil, onde a bebida nacional é a cerveja, e o consumo per capita quase nunca conseguia atingir 3 garrafas ano. Situação bem diferente de nossos visinhos Chile e Argentina, que chegam a consumir quase 30 litros por ano.

Essa onda nordestina segue os exemplos de outros países com climas similares como a África do sul, Austrália etc. De olho neste mercado emergente, foi que a vinícola portuguesa Dão Sul resolveu investir 4 milhões de dólares em maquinário ultra-moderno para utilizar em seus 5 mil acres de propriedades compradas em 2005.

Segundo os especialistas, além da irrigação o diferencial são às 12 horas de sol o ano inteiro, o que proporciona 5 safras de uvas para um período de 2 anos.

Os meus tempos de Europa me proporcionaram, aprender muita coisa com meus amigos de Portugal, o que foi transformando e tornando o meu paladar cada vez mais exigente. Assim jamais ousaria querer comparar alguma coisa com o que temos disponível na Europa, mas a pequena mudança dos hábitos aqui já proporciona em tempos de crise se comprar um tinto do São Francisco de boa qualidade.. E isto além de salutar demonstra também que é possível quando organizados mudar-se os costumes.

Outro aspecto também importante é que as camadas mais humildes em geral por desconhecimento e por falta de produtos de qualidade no Brasil , sempre relacionavam a bebida a dores de cabeça e muita ressaca. Lembro-me que quando criança, os adultos só compravam na Semana Santa e era comum , levar junto comprimidos de analgésicos.
E isto já mudou.. Já se incorpora a idéia dos benefícios a saúde proporcionada por esta bebida, e já há reservas de qualidade.

Para os que gostam de detalhes técnicos, as parreiras do São Francisco são irrigadas pelo sistema de gotejamento com a água do rio de mesmo nome. São plantadas as variedades Shiraz e Cabernet Sauvignion, que na verdade são as mais indicadas para o clima tropical seco.

Assim de momento só me resta convencer e tirar o Marques Pereira de seu aconchego em Portugal e vir provar aqui mais esta faceta do nordeste brasileiro.

Texto: Paulo Medeiros
Foto: Vinícola Miolo do Vale do São Francisco
Webmaster: Paula Medeiros


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