24.7.10

MAIS UMA REVOLUÇÃO EM MARCHA

Esta é a história de uma Revolução que está em curso por quase todo o mundo industrializado, confirmando que na vida tudo é mutável e que os humanos têm de acompanhar as mudanças se não quiserem ficar perdidos e esquecidos lá atrás, uns a perecer na solidão e no abandono, outros iludidos a rezar a Nada e à sua corte de abençoados, santificados e inventados que não fazem milagres nem podem evitar o progresso dos países e a evolução da Humanidade para outros patamares da Vida.

Carlos Lacerda escreveu este texto e nós não resistimos a publicá-lo nesta página da “Lusitânia Perdida”, considerando a sua utilidade para uma reflexão oportuna:



Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou.


As pessoas andam um bocado distraídas. Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução. Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado. Falo mesmo da Revolução a sério e em curso que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução.


Há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses e que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 20anos.

Tal como ocorreu noutros períodos da História recente. No status político-industrial saído da Europa da pós-guerra. Nas alterações induzidas pelo Vietname e Woodstock em Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 1973.


Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas.


Façamos um rápido balanço da mudança e do que está a acontecer a estes “10 Factores”:

1 -A Crise Financeira Mundial: desde há tempos que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se “bancarrota”) e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - FED, BCE, Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: “emprestado virtualmente à taxa zero”) montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história.


2 -A Crise do Petróleo: Desde há tempos que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu a uma subida no preço dos bilhetes. É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que. por exemplo, toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses. Acabarão as viagens de avião baratas e as férias massivas«.

3 -A Contracção da Mobilidade: fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4 -A Imigração: a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes!


5 -A Destruição da Classe Média: quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal) está de facto a “varrer” o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6 -A Europa Morreu: embora ainda estejam a projectar o cerimonial do enterro, todos os euro-políticos perceberam que a Europa, moribunda, já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num “caldo” de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns. Já nenhum cidadão europeu acredita na Europa, nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro. O “Requiem” pela Europa já se deu na Irlanda.


7 -A China ao assalto: contou-me um profissional do sector que a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque todos os estaleiros navais do mundo têm toda a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios pela China. O gigante asiático vai agora atacar o coração da Indústria europeia e americana. Foram apresentados no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos. Estes carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia, estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças.


8 –A Crise Social: As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar. As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos.


9 -O Ressurgir da Rússia:
para os menos atentos, a Rússia está a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante. Voltou a encontrar o seu orgulho e tem uma liderança. Em 5 anos ultrapassará a Alemanha.


10 -A Revolução Tecnológica: nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nanotecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos.


Eis, pois, a Revolução!


Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de “vezes” e no fim têm um sinal de “igual”. Mas o resultado é ainda desconhecido e… imprevisível.


Mas uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 15 anos.


Contrariamente a um comentador que muito estimo pelo seu brilho e inteligência (Carlos Magno, programa “Contraditório” da Antena -1, (13 de Junho) eu não acho que o Mundo está “a entrar num crespúsculo” (sic). Espera-nos o Novo, como em todas as Revoluções.”

Um conselho final: é importante estar dentro do Novo. Da Revolução. Ir em frente. Sem medo. Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor, excepto para os que ficam parados no mesmo sítio a comentar que “antigamente vivíamos e agora não sabemos se amanhã estamos vivos”.

Texto de Carlos Lacerda compilado e introduzido por Marques Pereira.

Foto: A.N.I.

Webmaster: Paula Medeiros.



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