21.5.11

CRISE EM PORTUGAL





Muitos leitores brasileiros do nosso blog, há algum tempo me perguntam por que ainda não falei da crise de Portugal. Muitos dos colegas explicaram que como a noticia toma conta dos noticiários de comunicação, já aguardavam explicar o assunto. Fiquei até meio lisonjeado, pois nas suas expectativas esses nossos leitores confiam quando principalmente o assunto é Portugal.



Evidentemente por não ser nenhum especialista em economia, tive de unir a opinião de especialistas brasileiros e juntar aos meus conhecimentos próprios da grande nação portuguesa.


Inicialmente, saibam que o que houve em Portugal não foi algo como um estouro de uma hora para outra. Foi um definhamento gradual de competitividade onde começaram demais a aumentar os salários na tentativa de aproximar-se dos ricos do norte, e uma grande reduzida nas tarifas de exportação para Europa e Ásia. Ou seja, mais uma herança ruim para quem acha que entrar na comunidade européia foi uma ato fácil.



Teve de gastar demais na melhoria da sua infra estrutura, principalmente no setor de transportes, e ai vai mais uma adequação as “normas européias”. Assim muito mais gastos em projetos cada vez mais caros. Resultado, em tudo que se gasta mais do que se arrecada entra em colapso. Isto vinha ocorrendo desde a entrada do Euro como moeda nacional, mas sempre os governantes a enfrentar uma divida extremamente difícil de administrar, que é o déficit publico.


O governo do contestado Jose Sócrates, ainda tentou um grande pacote para conter gastos, com cortes de salários, pensões etc. Alem de mais um aumento de transportes públicos e de impostos. Ai a oposição achou as medidas drásticas demais e derrubou o parlamento. E Sócrates renunciou ficando até as eleições de 5 de junho.


Bem, assim o que estava já ruim ficou pior, pois a confiança diminuiu ainda mais.


De uma maneira geral estes acontecimentos em qualquer outra região do mundo já seria suficiente para o país decretar moratória, e sabem por que esta possibilidade não acontece em Portugal, devido as “normas européias’. O país terá de obter um empréstimo junto ao banco europeu e o FMI, e de certeza terá um custo social enorme, pois haverá cortes, cortes e mais cortes e aumento de impostos . Ou seja as perspectivas não são as melhores, e tudo isto leva a uma profunda reflexão.



A reflexão é: Será que pertencer a zona do euro vale a pena. Lembro-me exatamente do dia da entrada do euro . Naquela época estava em Castelo Branco (Beira), e ao ir tomar meu costumeiro cafezinho que custava 150 escudos no dia anterior passou imediatamente a um Euro. Ai eu pensei, já vi este filme antes, numa alusão aos problemas enfrentados no Brasil.



Aqui, parece que a lição nos trouxe um aprendizado para enfrentar outras crises, e sinceramente desejo que tudo isto passe logo. Em curto prazo vejo o retorno de muitos brasileiros que vivem em Portugal e em sua maioria em sub-empregos. Não há mais necessidade de nossos patrícios estarem nesta condição quando em seu país já lhe permite condições de sobrevivência. Em terras lusitanas ficarão apenas aqueles que realmente foram bem sucedidos e que gostam da terra e o país ficará livre de inúmeros aventureiros que se aproveitaram das fronteiras abertas de Portugal.


Esta não é uma visão pessimista da crise , apenas tento ser imparcial deste lado do atlântico.




Texto:Paulo Medeiros


Foto:ANI


Webmaster:Paula Medeiros




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