10.12.11

Vou só ali ao Brasil matar alguém e volto já…

O título e o texto deste comentário são de João Miguel Tavares, no jornal diário nacional “Correio da Manhã”.

O título é apelativo ao interesse dos leitores e o texto revela o que está a acontecer sobre este crime cometido nos arredores de Rio de Janeiro por um amigo pessoal e partidário do Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva.


Deixem-me cá ver se eu percebo. Todos os juristas escutados a propósito do caso Duarte Lima afirmaram que mesmo que o ex-deputado venha a ser condenado à revelia pelo assassinato de Rosalina Ribeiro dificilmente será extraditado para o Brasil, porque não se extraditam cidadãos nacionais e dificilmente será preso em Portugal devido a falhas de legislação na transmissão de sentenças entre os dois países.



Seguindo este extraordinário raciocínio, se o caro Leitor estiver indisposto com alguém, tiver um vizinho irritante ou se a sua esposa deixar demasiadas vezes queimar o arroz ao jantar, tem agora uma forma simples de solucionar o seu problema. Basta-lhe comprar duas viagens para o Brasil, afogar o motivo de incómodo numa cachoeira ou baleá-lo à beira da estrada e raspar-se de lá o quanto antes.

Nem sequer precisa de se dar ao trabalho de cometer o crime perfeito: apenas assegurar que foge a tempo para Portugal.

A partir daí, tem de ter cuidado nas visitas a Badajoz (Espanha, junto à fronteira alentejana de Caia/Elvas), por causa da Interpol, mas pode gozar um justo repouso aqui piolheira de Portugal.

Seja Duarte Lima culpado ou não, qualquer pessoa que tenha acompanhado a investigação sabe que o caso fede e não é pouco. As provas são fortíssimas, as contradições assustadoras e é óbvio que Duarte Lima tem de responder à Justiça.

Mas, no entanto, acontece esta coisa espantosa: a única entidade que parece minimamente empenhada em deslindar o alegado assassinato de uma cidadã portuguesa por um cidadão português é a polícia brasileira. Portugal, esse, limita-se ao seu papel de “offshore” da Justiça.

Quem tem dinheiro consegue sempre escapar à Justiça!”

Há uns anos, em Portugal, o Padre Frederico, homossexual, matou o seu jovem namorado e fugiu para o Rio de Janeiro, também nada lhe acontecendo. Não restam dúvidas que Portugal e o Brasil “são irmãos do mesmo sangue”…

Intróito e fecho deste comentário: Marques Pereira.

Fotos: ANI.

Webmaster: Paula Medeiros.

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