8.11.08

IRMÃ DULCE – O ANJO BOM DA BAHÍA



Toda a gente é naturalmente religiosa, mas uns são mais isso do que outros. Ser religioso pressupõe, em princípio, ser uma pessoa que se submete a uma religião, doutrina, deus, santo, fé, levar uma vida de amor, bondade, caridade, serviço ao próximo e possuir uma moral elevada, actualizada e não parada no tempo

A maioria dos religiosos é passiva; limita-se a rezar para si diante de imagens de barro e papel que possui em casa ou procura nas igrejas e santuários. Estes religiosos, mesmo os que dão uma moeda de vez em quando a um pedinte, não cumprem a lei fundamental cristã do serviço de Amor ao próximo.

Muitos militam pela sua instituição religiosa ou religião, têm muita conversa de bla-blá, lengalengas e imaginação, mas também eles e elas não cumprem o dever de amor e solidariedade com o próximo que sofre. São os “religiosos da treta” e da ilusão religiosa organizada. E nada mais são no conteúdo religioso e nos actos pessoais.

Outros dizem-se “pessoa de fé” porque vão à missa, rezam, trazem um símbolo religioso ao peito, frequentam grupos excursionistas que andam pelos santuários e locais sagrados deste mundo, adoram um santo de barro ou têm fé numa coisa, como, por exemplo, o corredor brasileiro Filipe Massa de automobilismo F1, da Ferrari, que adora religiosamente umas cuecas já velhas que veste nas corridas em que entra.

Poucos são os que se dedicam à prática do Bem e fazem serviço voluntário, sentimental e religioso de Amor ao próximo.

A brasileira Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, nascida em 1914 e falecida a 13 de Março de 1992 em Salvador da Baía, levou a sua pura e autêntica religiosidade cristã-católica ao ponto de se tornar na caridosa freira missionária Irmã Dulce, uma santa mulher que dedicou toda a sua vida aos pobres, mendigos e outros necessitados da terra onde nasceu.

Santas e santos são isto, pessoas de Bem e do Deus autêntico, não os bonecos e bonecas de papel e cerâmica inventados e “santificados” a que o povinho e os clérigos ávidos de apresentar serviço imaginaram e passaram a adorar como “santos”, como antes de Jesus e Maomé faziam os Pagãos romanos e gregos até à chegada dos cristãos israelitas a Roma.

Entre o povo baiano a Maria Rita Pontes ficou conhecida por “Bom Anjo da Bahía”, tendo realizado e deixado uma vasta obra assistencial aos pobres, doentes, abandonados e infelizes da sociedade e da vida.

O Papa João Paulo II e a Irmã Teresa de Calcutá visitaram-na no Brasil para ver o Hospital de Santo António, o Centro Educacional Santo António que ministra cursos profissionalizantes a jovens da rua, e o Círculo Operário da Bahía que é uma escola de ofícios, espaço de cultura e recreação humana do povo humilde.

Como é destes religiosos e pessoas santas que eu gosto e admiro, que dedicam toda a sua vida à caridade, escrevi este comentário. Os missionários e as missionárias, os que realizam a missão de Amor ao próximo na Terra onde ninguém vai, são os que autenticamente praticam a Religião. Os outros deviam confessar aos deuses respectivos ter vergonha de si próprios por dizerem “Sou uma pessoa de Fé”, “Sou cristão”, “Sou católica”, “Sou religioso/religiosa praticante”, que são isto e aquilo no vasto leque de opções que há na Religião.


Texto: MARQUES PEREIRA
Fotos: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros

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