15.2.09

ANFITRITE E OUTRA, MULHERES DESILUDIDAS COM A RELIGIÃO


A opinião dos outros deve-nos interessar sempre, pois é a ouvir, a ler e a discutir que nos vamos esclarecendo ou melhorando a nossa própria visão e pensamento sobre os assuntos em que flutuam as pessoas de todo o mundo.

No blogue “Murcon” do conhecido médico-psiquiatra e sexólogo português Prof. Dr. Machado Vaz, nortenho do Porto (cidade na foz do internacional rio Douro, onde na margem esquerda existiu a aldeia de Portucale que deu o nome de Portugal), deparei com esta opinião assinada por uma leitora que usou o”nickname” Anfitrite, que na mitologia grega é filha da ninfa Dóris casada com Nereu que teve 50 filhas, entre elas a deusa Tétis. É irmã de Aquiles, o jovem, intrépido e belo herói que tinha no seu corpo um único ponto vulnerável, o calcanhar, que chegou à actual Medicina como o “Tendão de Aquiles” causador de tendinites e outros traumas dolorosos motivados por excesso de esforço sobre os pés. Casou com Posídon (para os Romanos foi Neptuno), deus-supremo do Mar, que também foi marido de Nereidas, Náiades e muitas ninfas e heroínas, sendo por inerência conjugal rainha e deusa de todos os mares
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Anfitrite escreveu, começando por se questionar:

Porque raio não me foi dado o dom da Fé? Será porque não acredito em milagres?Sou agnóstica porque não acredito que haja alguém que tenha todo o conhecimento para fazer certas afirmações.

Posso afirmar que sou ateia e custa-me a acreditar como é que pessoas minimamente inteligentes podem acreditar que haja um Deus que venha punir ou agraciar os maus ou os bons. Como se distiguem eles? Os conceitos vão sempre variando ao longo dos tempos.

Apenas há dois mil anos, já a Humanidade era velha, apareceu alguém (Jesus de Nazaré) com boas intenções como tantos outros e houve um grupinho que se apoderou das suas ideias religiosas para explorar o filão religioso em que se transformaram. Não para ajudar o próximo, porque os que o fazem não precisam que lhes indiquem o caminho.
Daí em diante, em nome Dele, tanto mal tem sido feito ao Homem. E, entretanto, outros vão-se enchendo e vivendo à sua custa.

Mas como acontece que às vezes a dor é tamanha, as pessoas tem de se agarrar a qualquer coisa. Eu agarro-me às árvores do meu jardim e aos meus mortos, apesar de enquanto vivos, alguns me tenham feito sofrer.

A maioria dos vivos só pensa neles.

Será que alguém, no seu perfeito juízo, acredita que o Cardeal-patriarca de Lisboa, José Apolinário, esteja preocupado com as mulheres portuguesas que desejem casar com muçulmanos? Então porque não se preocupa com as mulheres que estão a ser espezinhadas pelos portugueses? E em menor escala com os homens árabes maltratados e vitimados por uma qualquer odalisca ocidental?

Quem se lembra dos direitos que apenas há pouco mais de trinta anos eram negados às mulheres portuguesas, dos que lhe eram mitigados e dos que, ainda hoje, lhe são vetados por uma maioria e religiosidades dominantes? Enquadremos as coisas nos contextos históricos e nos continentes próprios e não façamos afirmações balofas.Aconselho vivamente um livro a quem ainda não o leu, se o conseguirem encontrar. Não é ficção é pura realidade. Já tem uns anitos. Hoje já não causa tanto impacto por causa da Internet. Tem o título "Assim Seja, Ela”, de Benoîte Grould. Em Portugal foi publicado pela Livraria Bertrand. Na edição original, francesa, chama-se "Ainsi Soit-Elle" e foi publicado, em 1975 pelas "Editions Grasset & Fasquelle".

Quanto às histórias das criancinhas, ainda há poucos anos não lhes ligavam muito.Os chineses tinham muitos filhos porque precisavam de muito de apanhadores de estrume para fertilizar os arrozais. Outros porque precisavam de mão-de-obra intensiva. Aqui lembro também o livro do grande médico, sociólogo, professor e político Josué de Castro, "Geopolítica da Fome". Acrescento também a "Geografia da Fome". Em Àfrica, hoje, ainda há locais onde os homens só fazem filhos para os vender e viver desse rendimentos. Não fazem mais nada.

Agora falando de árabes e judeus é mesmo verdade que o lóbi mais poderoso nos EU é o dos judeus. Eles controlam o negócio das armas, do petróleo, dos diamantes, dos funerais, para não falar na prostituição, porque essa está em todo o lado. Eles influenciam qualquer decisão nos órgãos dos USA. O lóbi dos árabes limita-se a meia dúzia de indivíduos, que exploram as riquezas que têm e vivem a esbanjar escandalosamente dinheiro, coleccionando carros, jóias, etc., e deixando o seu povo na miséria e na opressão.

Obama afirmou que não saberia o que faria se um foguete lhe entrasse pela casa e lhe matasse as filhas. Que fará ele agora que viu imagens de aviões lançarem bombas sobre escolas lotadas de crianças?

Se os palestinianos lançam foguetes de casas particulares é porque não tem mais espaço. Já não há Palestina; existem uns retalhos de terra minada e nada mais. Alguém pensa que alguns dos extremistas dos colonos israelitas irão abandonar a Cisjordânia? Onde chegam tomam conta de tudo. Como os colonos da Austrália, como os da América profunda, como os da África do Sul, etc.
Ainda voltando às seitas e religiões -e para que pensem bem nisso-, digo-lhes que eu fui vítima, aqui há uns anitos, de assédio religioso pela minha directora de serviços, que pertence a uma seita japonesa que se chama MahiKari e que ninguém imagina do que se trata. É muito pior do que aquilo que diz a Wikipédia!

Falando ainda na crise de missões para o sacerdócio, não se esqueçam que antes quem ía para padre, regra geral, eram os filhos das famílias pobres do interior que eram mandados para os Seminários, porque assim sempre tinham a hipótese de estudar e arranjar alguma equivalência nos estudos. O grande escritor Vergílio Ferreira foi um deles. Não tinha vocação e teve coragem de quebrar as amarras.

Desculpem o “esbanjamento”; hesitei muito, mas este “murcon” do Professor deu origem a comentários fabulosos. Continua a ser necessário agitar a malta e não na modorrice dos pés aquecidos pelos cães. Os cães são para andar cá fora a correr e a brincar com eles…”.

A Outra é uma mãe que viu a filha ser atingida pela variante humana da “Doença das Vacas Loucas”( Doença de Creutzfeldt-Jakob), por ter comido carne bovina contaminada. Andou a pedir ao Deus inventado, ao Deus morto (Jesus de Nazaré) e a diversos santos que foram gente bondosa e a outros que foram inventados, mas nenhuma destas divindades e santidades lhe salvou a filha, de 14 anos, de morrer na sua cama. Ela afirmou, também como mais uma pessoa desiludida com a Religião:

"Não acredito mais em Deus, em santos, em nada da religião! Não atenderam aos meus apelos de vida para a minha filha. Rezei. Andei de joelhos. Desloquei-me a santuários e templos católicos e cristãos. Ofereci velas. Todavia, todos me ignoraram e ficaram nos seus altares e no Céu indiferentes à minha grande dor e aos fartos mananciais de lágrimas de mãe”.

Esta mãe esqueceu-se de que o que os médicos, os medicamentos, as terapias e o próprio corpo não curam, ninguém, nem Deus, tem capacidade para curar e salvar alguém da morte…

(O facto de reproduzir opiniões de outras pessoas não quer dizer que as faça minhas, nem que as adopte. As opiniões alheias têm o interesse que lhes dermos e podem servir para as confrontarmos com as nossas e outras que já ouvimos e lemos. Mas, como se lê, estas opiniões de duas mulheres nasceram de realidades vividas e actuais, as tais que fazem a experiência e constituem a “biblioteca da vida” e do conhecimento que os idosos vão acumulando e transmitindo nas suas histórias).

Texto: Marques Pereira, Anfitrite e Outra
Foto: A.N.I.
Webmaster: Paula Medeiros



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